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Você sabe o quão pronta está a sua tecnologia? Descubra o que é TRL

Quando falamos em inovação, é comum focarmos na ideia genial, no pitch arrebatador ou na promessa de disrupção. Mas existe uma pergunta silenciosa que determina se essa inovação vai, de fato, sair do papel e ganhar mercado: essa tecnologia está pronta para o mundo real?

É aqui que entra o conceito de Nível de Prontidão Tecnológica, mais conhecido pela sigla TRL (Technology Readiness Level). Essa métrica, desenvolvida originalmente pela NASA, é utilizada para avaliar o estágio de desenvolvimento de uma tecnologia desde a concepção inicial até a sua implementação comercial ou operacional.

O que é TRL, na prática?

O TRL funciona como uma régua com nove níveis, que ajudam a entender o quanto uma tecnologia está madura. Vai desde o nível 1 (ideia observada e relatada) até o nível 9 (tecnologia comprovada em ambiente real).

É como se fosse um checklist da jornada da inovação, que permite identificar os riscos técnicos ainda existentes, prever investimentos necessários e entender se o momento é de pesquisa, prototipagem, testes ou escala de mercado.

Por que isso importa?

Nos setores de alta tecnologia como aeroespacial, energia, saúde, defesa e mobilidade essa métrica é fundamental. Mas ela também é cada vez mais usada por investidores, aceleradoras, fundos de inovação e até políticas públicas que financiam P&D, como critério para apoiar (ou não) um projeto.

Saber o TRL de uma solução ajuda a tomar decisões mais assertivas, evitar desperdícios, alinhar expectativas e preparar melhor a entrada no mercado. E mais: permite que a comunicação entre equipes técnicas e gestores estratégicos seja mais fluida e objetiva.

E para startups e empresas brasileiras?

Para o ecossistema de inovação brasileiro, incorporar a lógica do TRL é um passo importante rumo à profissionalização dos processos de desenvolvimento tecnológico. Isso permite identificar com clareza onde a solução se encontra, quais os próximos marcos e quais recursos serão necessários para avançar.

Muitas startups apresentam soluções disruptivas, mas não conseguem atrair investimentos ou fechar parcerias porque não sabem comunicar em que estágio estão. Entender o TRL é entender a própria jornada da sua tecnologia.

Os TRLs são representados por números inteiros de 1 a 9, e cada nível reflete um estágio diferente no processo de desenvolvimento tecnológico. Aqui está uma breve descrição de cada nível:

1. TRL 1 – Conceito: A tecnologia ainda está em estágio conceitual e não há evidências de sua viabilidade.
2. TRL 2 – Pesquisa Inicial: Pesquisa inicial está sendo conduzida para avaliar a viabilidade da tecnologia.
3. TRL 3 – Prova de Conceito: A tecnologia passou por testes de conceito iniciais para demonstrar sua viabilidade em laboratório.
4. TRL 4 – Protótipo em Laboratório: Um protótipo funcional foi desenvolvido em ambiente de laboratório.
5. TRL 5 – Protótipo em Ambiente Simulado: O protótipo foi testado em um ambiente que simula condições operacionais reais.
6. TRL 6 – Protótipo em Ambiente Real: O protótipo foi testado em um ambiente real e pode demonstrar sua funcionalidade.
7. TRL 7 – Demonstração em Ambiente Operacional: A tecnologia foi demonstrada em um ambiente operacional relevante.
8. TRL 8 – Sistema Pronto para Uso: A tecnologia está completamente desenvolvida e pronta para uso em seu ambiente operacional.
9. TRL 9 – Tecnologia em Uso: A tecnologia está em uso comercial e foi comprovada em seu ambiente operacional

A avaliação do TRL é importante para determinar o nível de risco e incerteza associado a uma tecnologia ou projeto. À medida que uma tecnologia avança nos níveis de TRL, ela se torna mais madura e menos arriscada, tornando-se mais atraente para investidores e para a comercialização. A adoção do TRL ajuda a tomar decisões informadas sobre alocação de recursos e investimentos em P&D.

O Technology Readiness Level (TRL) tem um ciclo de vida de um projeto (de pesquisa, científico ou tecnológico) e está diretamente relacionado com o ciclo de vida de uma, pois o TRL pode ser usado para avaliar o estágio de desenvolvimento tecnológico de uma solução ou produto que uma startup está trabalhando, por exemplo. Essa avaliação é uma parte importante do ciclo de vida de uma startup, especialmente em empresas que se baseiam em tecnologia ou inovação.

Aqui está como o TRL se relaciona com o ciclo de vida de uma startup:

1. Estágio Inicial (Idea e Seed): No início da vida de uma startup, quando a ideia está sendo gerada e o financiamento inicial (seed funding) está sendo procurado, o TRL geralmente estará em um estágio baixo, como TRL 1 ou 2. Nesse estágio, a tecnologia ainda está em estágio conceitual ou na fase de pesquisa inicial.

2. Desenvolvimento (Early Stage): Conforme a startup avança para o desenvolvimento de produtos e serviços, o TRL aumenta. Os estágios iniciais do desenvolvimento tecnológico, como prototipagem em laboratório (TRL 3 e 4), podem ocorrer nesta fase. A startup está construindo a base tecnológica para sua solução.

3. Validação (Growth Stage): À medida que a startup cresce, busca validar sua tecnologia e produto em ambientes reais. Isso pode incluir testes em ambientes simulados (TRL 5) e, eventualmente, demonstrações em ambientes operacionais (TRL 6 e 7). O ciclo de vida da startup pode estar em fase de crescimento e expansão nesse ponto.

4. Comercialização (Expansion e Maturity): Quando a startup atinge os estágios de comercialização e maturidade, a tecnologia geralmente está em um nível de TRL mais alto (TRL 8 ou 9). A solução está pronta para uso comercial em grande escala, e a startup está focada em ganhar mercado e expandir seus negócios.

Portanto, o TRL serve como uma ferramenta de avaliação importante que ajuda as startups a entenderem o progresso de sua tecnologia ao longo do ciclo de vida e a tomarem decisões estratégicas relacionadas ao desenvolvimento, comercialização e investimento. O ciclo de vida de uma startup e o TRL estão intimamente relacionados, pois o avanço tecnológico é muitas vezes um fator crítico para o sucesso e o crescimento da empresa. À medida que a startup progride em seu ciclo de vida, a maturidade tecnológica, medida pelo TRL, deve acompanhar esse crescimento.

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