Pular para o conteúdo
SILVIO LOHMANN CABECA hojesc

Sustentabilidade é parte do negócio, diz pesquisa

Uma pesquisa patrocinada pela organização climática inglesa E3G mostra que os líderes empresariais da Europa estão mais comprometidos com a sustentabilidade do que muitos legisladores do bloco imaginam. O levantamento, realizado em agosto de 2025 com 2.500 executivos de Alemanha, França, Itália, Espanha e Polônia, indica amplo apoio a regras rígidas de sustentabilidade corporativa e à devida diligência ambiental (Due Diligence). O resultado é contrário a várias propostas em negociação no pacote Omnibus, da União Europeia, que busca simplificar as normas de finanças verdes.

O estudo aponta que negócios sustentáveis podem ser competitivos. Segundo os dados, 63% dos entrevistados consideram justo exigir que grandes empresas adotem planos de transição para a economia verde, enquanto apenas 11% discordam. Para 55%, a sustentabilidade é essencial para a competitividade, e metade afirma que relatar dados ambientais regularmente ajuda a atrair investimentos. Outro dado marcante: 68% dos líderes defendem que a União Europeia deve ser referência global em padrões de sustentabilidade, consolidando o bloco como protagonista da transição climática.

A maioria também apoia a manutenção de limites mais rigorosos para relatórios obrigatórios, como o corte mínimo de 250 funcionários previsto na Diretiva de Relatórios de Sustentabilidade Corporativa (CSRD) da UE. Para a E3G, a mensagem do setor privado europeu é claro: simplificar demais as regras pode ser um retrocesso, e a sustentabilidade – e a agenda ESG – já é parte do próprio negócio.

Brasil no Oscar ambiental (I)
O Earthshot Prize 2025, prêmio criado pelo príncipe William para celebrar soluções ambientais inovadoras, anunciou seus 15 finalistas, e o Brasil aparece em dose dupla na lista. Uma das iniciativas selecionadas é da startup re.green, especializada em reflorestamento tecnológico. A empresa utiliza drones e inteligência artificial para restaurar florestas tropicais em larga escala. Presente em várias regiões do país, a iniciativa ganha agora uma vitrine global para sua plataforma de regeneração ambiental.

Brasil no Oscar ambiental (II)
O outro finalista brasileiro do Earthshot Prize é o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês). A proposta, elaborada pelo governo federal, pretende transformar a conservação ambiental em investimento. O objetivo é criar um mecanismo de financiamento climático de US$ 125 bilhões para recompensar países que mantêm suas florestas em pé, garantindo renda permanente e valorizando a natureza como ativo econômico. A iniciativa será lançada oficialmente na COP30, em Belém. O Brasil deve aportar US$ 1 bilhão para a formação do fundo.

Armazenamento de energia (I)
O Chile está bem à frente do Brasil na adoção de sistemas de armazenamento de energia por baterias (BESS). Os chilenos aproveitaram a queda de custos — impulsionada por avanços tecnológicos e novas formas de montagem — combinada a uma agenda regulatória que destravou bilhões de dólares em investimentos privados. O país entende que o armazenamento se tornou infraestrutura estratégica para segurança elétrica, competitividade e descarbonização. Com isso, deve atingir 2 GW de capacidade operacional até janeiro de 2026 e 8,6 GW instalados até 2027.

Armazenamento de energia (II)
Diferentemente do Chile, o Brasil ainda discute uma regulamentação para o sistema BESS. O tema foi debatido recentemente pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), mas não houve consenso na diretoria para definir um marco regulatório. O Ministério de Minas e Energia solicitou mais tempo para construir uma proposta. Uma nova consulta pública deve ser aberta para reunir contribuições que atendam às normas do setor elétrico, aos direitos dos consumidores e às demandas das empresas. A estimativa é de que o mercado de armazenamento possa movimentar até US$ 40 bilhões no país até 2030.

Revolução meteorológica
O Brasil está dando um salto tecnológico na previsão do tempo. Um novo supercomputador, adquirido em 2024 por R$ 200 milhões, entrou em fase de testes no Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (Cptec), em Cachoeira Paulista (SP). A promessa é elevar a precisão dos alertas meteorológicos a um nível inédito, segundo notícia exclusiva do portal G1. O equipamento é capaz de realizar trilhões de cálculos por segundo, utilizando dados de satélites, aviões, navios, balões e estações de monitoramento espalhadas pelo planeta. Ele substitui uma plataforma de 2010, aumentando em seis vezes a velocidade de processamento. Previsões que antes levavam até três horas agora serão geradas em poucos minutos.

Descarbonização concreta
A Global Cement and Concrete Association (GCCA) lançou a iniciativa Net Zero Value Chain Partners (NZVCP), que busca integrar fornecedores de equipamentos, empresas de aditivos, desenvolvedores de soluções de captura e armazenamento de carbono e outros atores estratégicos na transição verde do setor. A proposta visa descarbonizar o cimento e o concreto — o segundo material mais utilizado do planeta, depois da água — por meio de esforço coletivo. As empresas parceiras trabalharão lado a lado com os 50 principais produtores globais de cimento e concreto. Entre as primeiras integrantes do NZVCP estão CDE, KHD, Master Builders Solutions, Saint-Gobain, Schneider Electric e Sinoma International.

Foto: Towfiqu Barbhuiya/Unsplash

Leia outras outras colunas do Silvio Lohmann aqui