A transformação do mercado residencial de alto padrão é uma realidade cada vez mais visível — e irreversível. Projetos que antes se apoiavam apenas em atributos como localização, metragem e estética agora precisam incorporar conceitos como conforto, desempenho, sustentabilidade e bem-estar. E poucos lugares refletem tão claramente essa mudança quanto Balneário Camboriú (SC) e sua região, onde um novo ciclo de desenvolvimento urbano está elevando o padrão técnico e conceitual da construção civil.
Esse foi o pano de fundo da edição do Fórum Real Estate, realizada no dia 21 de maio, na Via Artística Casa na Praia, em Balneário Camboriú. Promovido pelo business club WTC e pela consultoria de engenharia e eficiência Petinelli (com o evento reuniu dezenas de executivos, incorporadores, engenheiros e arquitetos para discutir os caminhos que estão moldando o futuro do mercado imobiliário.
No centro do debate estiveram dois protagonistas dessa transformação: Thomas Fischer, Diretor de Operações do Grupo Fischer, de Balneário Camboriú e Fernando Corrêa, Diretor Comercial da ZAH Empreendimentos. Ambos têm ajudado a reposicionar o mercado local e são exemplos de como a incorporação de alto padrão está assumindo um novo compromisso com a qualidade real — aquela que se mede, se entrega e se percebe no dia a dia.
“O litoral catarinense se consolida como um dos endereços imobiliários mais importantes do Brasil. Para o WTC, é sempre uma honra poder reunir o Fórum de Real Estate na região de Balneário e Itajaí, para ouvir cases de inovação e sucesso e fomentar o networking entre os players deste mercado”, afirma Daniella Abreu, presidente do WTC.
Litoral Norte de SC: o laboratório de inovação do mercado residencial de luxo
Guido Petinelli, CEO da Petinelli, posicionou o litoral norte de Santa Catarina como, “o lugar para inovar na construção civil brasileira hoje, um verdadeiro laboratório”. Enquanto setores como indústria, hospitais e data centers perseguem eficiência por uma lógica direta de operação, no mercado residencial o desempenho não é, ainda, um fator que o cliente perceba de forma imediata.
“É difícil vender eficiência quando o cliente compra planta, fachada e localização. Quantos fazem test-drive de apartamento? Quantos moram hoje em prédios com renovação de ar, conforto acústico, térmico e geração própria de energia? E quanto vale isso?”, provocou Guido. Essa transformação, segundo ele, não tem nada de marketing — é uma mudança estrutural, baseada em engenharia, dados e desempenho real. “O que une esses projetos não é discurso, é a decisão de fazer algo melhor, mais bem pensado, mais bem executado.”
O portfólio residencial da Petinelli no país reflete esse movimento: ao todo, a empresa atuou na consultoria de projetos de engenharia que englobam eficiência, conforto e sustentabilidade em uma área total de 1,1 milhão de metros quadrados, com 26 certificações LEED, 24 WELL e 19 GBC Condomínio, somando um VGV de R$ 17 bilhões. Boa parte desse volume está associada a projetos no litoral e a parcerias com diversas empresas que também fazem parte dessa nova visão. “Quando o conforto sobe, a gente se acostuma. Estamos alinhando qualidade com entrega de valor. E isso muda o mercado.”, opina Guido Petinelli.
Arquitetura que gera valor e bem-estar
Thomas Fischer, que morou na Europa e nos Estados Unidos antes de voltar a Balneário Camboriú para empreender, apresentou sua visão sobre o papel da incorporação no século 21. “Nossa decisão é clara: só vamos nos envolver em projetos que sejam realmente diferentes, inovadores. O mercado já não comporta mais do mesmo.”
O principal exemplo dessa filosofia é o Auris, projeto disruptivo assinado pelo arquiteto italiano Marco Cassamonti (Archia Associati) e que ficou conhecido como o “edifício-árvore” — uma alusão à sua estrutura aparente, que se integra à fachada de forma orgânica e estética. “Balneário estava preparada para receber projetos com design de vanguarda. E fomos além: desde o início trouxemos a Petinelli para desenvolver um projeto que nascesse alinhado com as certificações LEED e WELL, priorizando não apenas quem mora, mas quem trabalha, quem circula, quem vive o edifício.”
Entre as decisões que moldaram o projeto, destaca-se a escolha de eliminar a cobertura duplex tradicional, substituindo-a por áreas comuns e de lazer nos dois últimos pavimentos, abertas e cheias de luz natural, combinando eficiência energética, bem-estar e democratização das vistas. “Certificação não é objetivo. Ela é consequência das escolhas certas no projeto”, resumiu Thomas.
Construir para a cidade (e não só para o mercado)
Fernando Corrêa, diretor da ZAH Empreendimentos, trouxe uma provocação complementar: “Nosso propósito é gerar impacto. Não só para quem mora, mas para quem vive na cidade.” Ele detalhou o processo de desenvolvimento do Tenet, um empreendimento em Itapema (SC) que inclui um parque linear aberto ao público, instalações artísticas, boulevard gastronômico e mais de 12 mil m² de áreas verdes.
O projeto dos edifícios tem a assinatura de Greg Bousquet, do escritório Architects Office (SP) e o paisagismo é de Alex Hanazaki. “Temos uma área de 35 mil m2 e poderíamos ter colocado aqui mais de 2 mil unidades. Mas optamos por fazer apenas 850, com mais espaço, mais qualidade, mais verde e mais bem-estar”.
Outro exemplo é o Residencial Amazônia, em Perequê (Porto Belo/SC), desenvolvido em parceria com o escritório de arquitetura Troost+Pessoa e que terá apenas 8 unidades. O projeto nasce com a ambição de ser o primeiro residencial no mundo certificado simultaneamente LEED, WELL e LEED Zero.
O desenvolvimento dos projetos não segue uma linha tradicional: a ZAH aposta no storytelling como metodologia de criação, levando a equipe a viagens técnicas para inspiração em locais como Inhotim (maior galeria de arte a céu aberto do mundo, em Minas Gerais), Londres e região amazônica: “isso muda completamente a visão. Para criar diferente, é preciso viver diferente.”
Foto: Divulgação
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