O Boletim de Qualidade do Ar e Clima da Organização Meteorológica Mundial (OMM), baseado em dados de 2024 e divulgado em setembro, alerta: mudanças climáticas e poluição do ar caminham juntas e precisam ser enfrentadas de forma integrada.
O relatório destaca que partículas finas (PM2.5), geradas pela queima de combustíveis fósseis, emissões da indústria e da agricultura, além de incêndios florestais, seguem sendo grande ameaça, não apenas por aquecer o planeta, mas também afetar diretamente a saúde. O ciclo atual causa mais de 4,5 milhões de mortes prematuras por ano em todo o mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Um dado otimista do estudo da OMM é que medidas de controle e mitigação reduziram os níveis de poluição no leste da China, uma das regiões mais poluídas do globo. Contudo, incêndios florestais, agravados por calor e seca, elevaram a poluição no Canadá, Sibéria, África Central e, de forma recorde, na Amazônia.
A OMM alerta que, com o aquecimento global, os episódios de fogo em florestas devem se intensificar, ampliando os riscos para ecossistemas, infraestrutura e populações. Para o vice-secretário-geral da OMM, Ko Barrett, “os impactos da poluição não respeitam fronteiras nacionais”. A solução, afirma ele, passa por ampliar o monitoramento e a cooperação internacional.
Água demais ou de menos
Em 2024, apenas um terço das bacias hidrográficas registrou condições dentro da normalidade, segundo outro relatório da OMM. O estudo mostra que o ciclo da água está cada vez mais instável no planeta, alternando entre secas severas e enchentes devastadoras. O derretimento acelerado de geleiras também causou perdas em todas as regiões glaciais do mundo, pelo terceiro ano consecutivo. A OMM reforça que, a cada ano, está mais difícil lidar com os impactos em cascata de “muita ou pouca água” nas economias e na vida das pessoas.
Adaptação e mitigação
Os governos do Brasil e do estado da Califórnia firmaram um memorando para ampliar a cooperação em áreas como mercado de carbono, transporte de baixa emissão, energia limpa, soluções baseadas na natureza, economia circular e qualidade do ar. O acordo também permitirá a troca de experiências sobre iniciativas para fortalecer estratégias de resiliência que protejam comunidades e o patrimônio cultural. A Califórnia executa um plano de ação bastante concreto de mitigação e adaptação aos efeitos das mudanças climáticas.
Mutirão Global: da ideia à prática
Uma plataforma digital, batizada pela organização brasileira da COP30 de Mutirão Global, pretende conectar iniciativas locais e internacionais de enfrentamento da crise climática, mostrando que soluções eficazes podem ser replicadas em rede. A ideia é organizar projetos em seis eixos da agenda climática, como energia limpa, cidades resilientes e segurança alimentar, dar visibilidade às mobilizações locais e conectá-las ao processo oficial da ONU, ampliando o alcance e a legitimidade das práticas.
Carga cheia em minutos? (I)
A disputa pelo mercado de baterias para carros elétricos não para de apresentar ideias para potencializar a segurança e a autonomia dos veículos. Uma delas é a promessa de uma carga completa em menos de dez minutos. Parece ficção científica, mas a empresa croata Rimac demonstrou um produto, no Salão de Munique, que pode virar realidade. A companhia apresentou uma bateria de estado sólido ultrarrápida, desenvolvida em parceria com a ProLogium e o Mitsubishi Chemical Group. Além da velocidade de recarga, o modelo promete mais autonomia, segurança, leveza e eficiência.
Carga cheia em minutos? (II)
A Rimac informou ao setor automotivo, ao lançar uma bateria de estado sólido que pesa 80 quilos a menos que os modelos atuais, que sua tecnologia pode ser carregada em até sete minutos. A novidade promete ainda manter a eficiência energética em 95%, mesmo em frio extremo, e reduzir o risco de incêndio. O segredo estaria em um cátodo de níquel, manganês e cobalto, aliado a um ânodo de silício. Se cumprir o que promete, a tecnologia pode ser um divisor de águas na transição para a mobilidade elétrica.
VW acelera
O Grupo Volkswagen, por sua vez, mostrou ao mundo um veículo impulsionado por uma bateria em estado sólido desenvolvida em conjunto com parceiros e subsidiárias. A montadora, contudo, não usou nenhum de seus modelos para instalar o propulsor, mas sim uma moto superesportiva Ducati. Na apresentação, a VW disse que ainda são necessários novos passos até a produção em série. Também em Munique, a montadora apresentou uma célula de bateria que vai equipar 80% dos seus carros elétricos. A plataforma padrão pode abrigar qualquer tipo de bateria e reduz custos na linha de produção.
Novidades chinesas
A China, que domina a produção global de baterias para EVs, também levou novidades para a feira automotiva da Alemanha. A CATL, maior fabricante de baterias do mundo, revelou duas versões baseadas na química de fosfato de ferro e lítio (LFP). Um modelo é de longa duração e, segundo a empresa, foi projetado para uma vida útil de até 12 anos ou 1 milhão de quilômetros, com autonomia acima de 750 quilômetros. A outra solução é para carregamento rápido, de apenas 10 minutos, que oferece autonomia de 478 quilômetros.
Foto: Niklas Liniger/Unsplash

