No último dia 14, a diretoria do Fórum Nacional da Academias Estaduais de Letras tomou posse na sede da Academia Brasileira de Letras, no Rio de Janeiro. Foi uma solenidade singela, com 50 pessoas prestigiando a solenidade no salão nobre da Casa de Machado de Assis.
A diretoria do Fórum é composta pelo presidente da ABL, Merval Pereira, como presidente de honra; Henrique de Medeiros, da Academia Sul-matogrossense de Letras como presidente; Antonio Penteado Mendonça, da Academia Paulista de Letras como vice-presidente; Airton Ortiz, da Academia Rio-grandense de Letras na tesouraria; e este que vos digita como primeiro-secretário.
Alguns membros da ABL prestigiaram a sessão, como Arno Wheling, Renato Cavaliere e Carlos Nejar – que aos 86 anos ainda tem fôlego para representar a Academia de Letras do Espírito Santo, de que faz parte (além de compor também os quadros da Academia do Rio Grande do Sul, onde nasceu).
Também estiveram presentes acadêmicos de diversas academias estaduais de letras, suplentes da diretoria e componentes do Conselho Fiscal do Fórum. Tudo de acordo com o protocolo, à exceção de um pequeno engano.
A bem da verdade, nem tão pequeno assim. Junto aos três acadêmicos da ABL, lado a lado na primeira fila, sentou-se um homem de traços indígenas. De pronto o presidente Henrique de Medeiros, me cutucou:
– Ailton Krenak.
Eu, às voltas com o computador redigindo a ata, levantei os olhos, conferi e, embora tenha achado aquele Krenak bem diferente do Krenak das fotografias, sussurrei ao presidente da Academia Carioca de Letras, Sérgio Fonta, que na tribuna ao meu lado fazia a função de mestre da cerimônia. Ele anunciou:
– Também saudamos a presença do acadêmico Ailton Krenak.
Ao fim da cerimônia, com a plateia convocada para assinar a lista de presenças, vi o tal Krenak aproximar-se da mesa e fiquei de esguelha. Ele assinou e descobrimos o erro. Tratava-se do poeta Salgado Maranhão, representante da Academia Maranhense de Letras.
Por sorte o evento não era o da posse do verdadeiro Ailton Krenak na ABL. Já pensaram se tivesse ocorrido um erro de pessoa, com Salgado Maranhão no papel de dublê? Machado de Assis saltaria do túmulo, trazendo Bentinho aos berros:
– Também fui enganado, sou corno!
Pelo menos, o grande mistério da literatura brasileira estaria resolvido. Capitu e Escobar, com suas sem-vergonhices, poderiam deixar de se esconder. Viveriam à luz do sol com sua prole, felizes para sempre.
The End.