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MARCUS VIDAL CABECA hojesc

Ozzy Osbourne é imortal

Morreu a lenda. O eterno. O pai do heavy metal. Ozzy Osbourne. Essa é uma singela homenagem a ele. Depois de idas e vindas, desavenças e desentendimentos, Ozzy Osbourne deixou o Black Sabbath no final dos anos 1970. Em 12 de setembro de 1980, seu primeiro álbum solo, Blizzard Of Ozz foi lançado. A mistura do peso do Sabbath com novas composições, definiu o heavy metal dali em diante. Contando com o espetacular guitarrista Randy Rhoads, parceiro nas composições, Bob Daisley no baixo, Lee Kerslake na bateria e Don Airey nos teclados, iniciou uma sólida e influente carreira-solo. Produzido pelo próprio Ozzy e seus músicos, vendeu mais de 6 milhões de cópias.

 

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Na abertura poderosa com I Don’t Know, Ozzy começa questionando o sentido da vida, refletindo incertezas e confusões existenciais, embaladas por uma introdução de guitarra afiada de Randy Rhoads. A faixa já demonstra o novo estilo: mais veloz, limpo e técnico que o Sabbath, com solos cheios de harmônicos e feeling. É um manifesto: Ozzy está de volta e mais afiado do que nunca.

 

 

Crazy Train é um dos maiores clássicos do heavy metal. O riff de abertura tornou-se icônico. A letra critica a irracionalidade da guerra e o clima paranoico da Guerra Fria, enquanto Ozzy conclama a humanidade a buscar a sanidade. Rhoads entrega solos melódicos e complexos com naturalidade. Comercialmente acessível e artisticamente respeitável.

 

 

Balada melancólica e emocional, Goodbye To Romance é marcada por uma atmosfera suave e arranjos quase pop. Ozzy canta sobre renovação e despedida do passado. Pode ser interpretada como uma carta de adeus ao Black Sabbath. Rhoads usa arpejos limpos e solos sentimentais, mostrando sua versatilidade. É uma pausa emocional no álbum.

Dee é uma faixa instrumental curto e tocante, uma homenagem de Rhoads à sua mãe, Delores. A peça para violão clássico destaca sua formação erudita e sensibilidade. Serve como interlúdio e como prova de que havia um músico fora do comum ao lado de Ozzy.

Suicide Solution é polêmica e intensa. A canção fala sobre o abuso do álcool e suas consequências destrutivas. Frequentemente mal interpretada como uma apologia ao suicídio, é na verdade uma advertência. Dizem que foi inspirada na morte de Bon Scott (AC/DC). A performance vocal de Ozzy é crua e angustiada, enquanto a guitarra de Rhoads assume um papel quase dissonante, com solos caóticos e cheios de efeitos.

 

 

Mr. Crowley é um épico sombrio e teatral, inspirado em Aleister Crowley, ocultista britânico. A introdução de Airey, com teclado sintetizado, cria um clima gótico, logo seguido por um riff imponente. A letra combina crítica, fascínio e mistério. O solo de Rhoads aqui é frequentemente listado entre os melhores da história do metal.

 

 

No Bone Movies é a faixa mais fraca do álbum para muitos. Com uma levada mais descontraída e uma pegada quase hard rock dos anos 1970, a letra fala com certo humor (e muito mau gosto) sobre vício em pornografia. Rhoads continua bem, mas a música destoa um pouco do restante do disco, tanto no clima quanto na profundidade lírica.

Revelation (Mother Earth) é uma das canções mais ambiciosas do álbum. Começa com um piano e guitarra limpos e melódicos, evocando o prog rock, e evolui para um crescendo dramático com mudanças de andamento. A letra fala sobre destruição ecológica e apocalipse, um tema profético e atual. Rhoads brilha com arranjos complexos e um solo cheio de emoção. É uma obra-prima esquecida por muitos.

Steal Away (The Night) é pura energia para encerrar o álbum. Uma faixa mais direta, com uma pegada rock ‘n’ roll acelerada e riff contagiante. A letra trata de fuga e liberdade, fechando o álbum com entusiasmo e vitalidade. É um lembrete de que, além das camadas sombrias, Ozzy também sabe se divertir com o caos.

 

 

Blizzard Of Ozz é um divisor de águas no heavy metal. Marca não só a reinvenção de Ozzy, mas também o surgimento de Randy Rhoads como um dos grandes guitarristas da história do rock. O disco alterna temas existenciais, espirituais, obscuros e emocionais, com instrumentais inovadores e produção limpa. É um clássico absoluto e essencial do heavy metal. Do rock’n’roll. Do bom e velho rock’n’roll.

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