Vítor I: o papa que impôs a Páscoa ao domingo
Nascido na África do Norte, provavelmente na região da atual Tunísia, o Papa Vítor I assumiu o trono de Pedro por volta do ano 189 e permaneceu até 199. Foi o primeiro papa africano da história e também o primeiro a escrever em latim, sinalizando uma mudança importante na linguagem oficial da Igreja, que até então privilegiava o grego.
Um dos seus feitos mais notáveis foi a tentativa de unificar a celebração da Páscoa em toda a cristandade. Vítor insistiu que a data fosse celebrada sempre no domingo, o que gerou tensão com comunidades cristãs da Ásia Menor que seguiam o calendário judaico. Sua firmeza levou alguns bispos orientais a se afastarem da comunhão com Roma, embora mais tarde tenha havido reconciliação.
Curiosidade:
Vítor I é considerado um dos primeiros papas a adotar uma postura de autoridade doutrinária firme, estabelecendo o embrião do que viria a ser o primado papal.
Milcíades: o papa da liberdade religiosa
Milcíades, também conhecido como Melquíades, liderou a Igreja entre 311 e 314. Nascido na África, acredita-se que também tenha vindo da região da atual Tunísia. Ele se tornou papa num momento crucial: o fim das perseguições romanas aos cristãos.
Durante seu papado, ocorreu o Édito de Milão, proclamado em 313 pelo imperador Constantino, que concedeu liberdade de culto aos cristãos em todo o Império Romano. Embora não tenha sido autor do édito, Milcíades viveu e atuou diretamente em seus efeitos práticos.
Foi também sob sua liderança que o papa passou a residir no Palácio de Latrão, doado por Constantino — um marco na institucionalização da Igreja Católica em Roma.
Curiosidade:
Milcíades morreu em paz, o que era raro para os papas daquela época. Ele foi sepultado nas catacumbas de São Calisto, lugar reservado aos mártires, o que mostra o respeito que conquistou.
Gelásio I: o papa que enfrentou o imperador
Gelásio I foi papa entre 492 e 496, e também era africano, nascido provavelmente em território da atual Líbia. Teólogo refinado e escritor prolífico, é considerado um dos maiores defensores da autoridade papal frente ao poder temporal.
Seu maior legado foi a Carta ao imperador Anastácio I, em que estabeleceu com clareza a separação entre os poderes espiritual e temporal, defendendo que o papa tinha primazia sobre os imperadores em assuntos da fé. Essa visão influenciaria profundamente a Idade Média e o modelo de cristandade ocidental.
Gelásio também organizou a liturgia e é atribuído a ele o início da Lista do Cânon das Escrituras, separando os livros canônicos dos apócrifos.
Curiosidade:
É dele a famosa frase: “Há dois poderes principais que regem o mundo: o poder sagrado dos pontífices e o poder real dos reis”, que influenciou toda a teologia política medieval.
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