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SILVIO LOHMANN CABECA hojesc

O que ainda resta inteiro no Meio Ambiente?

meio ambiente ESG

Este 6 de junho marca mais um Dia Mundial do Meio Ambiente. Instituída para lembrar a urgência dos cuidados com o planeta, a data, mais do que nunca, soa como um alarme. A expressão “meio” ambiente nunca foi tão literal: conservou-se metade — talvez nem isso — do que havia na Terra, e a perda de biodiversidade segue em ritmo alarmante. Desde 1970, segundo o WWF, as populações de vertebrados selvagens diminuíram, em média, 69%. Partes importantes de florestas, corais, rios e espécies inteiras desaparecem dia a dia.

O cenário se agrava com o aquecimento global, alimentado por emissões de gases de efeito estufa que, mesmo com algum esforço, não cessam no volume esperado. O nível de CO₂ na atmosfera alcançou níveis jamais vistos. A marca simbólica de evitar o aumento de 1,5 ºC na temperatura já ficou para trás. Em 2024, houve recorde de calor — ultrapassando um limite que a ciência considera crítico. As consequências: calor extremo, secas, enchentes, derretimento de geleiras, insegurança alimentar e ondas migratórias. A crise climática é uma realidade que atinge milhões de pessoas.

O modelo dominante de desenvolvimento — e muita gente, de forma individualista — ainda trata a natureza como um armazém inesgotável, como se não houvesse amanhã. É sabido que, para preservar o “meio” que resta, são necessárias novas atitudes. A pauta que precisa ser acelerada é conhecida: restaurar ecossistemas, reduzir emissões, repensar o consumo e produzir de forma regenerativa. Acima de tudo, o momento exige consciência, vontade política e mobilização da sociedade.

Brasil circular (I)
Está em vigor, desde o início de maio, o Plano Nacional de Economia Circular. A proposta enumera 18 objetivos e mais de 70 ações e servirá de base para a implantação de políticas de circularidade nos próximos dez anos (2025-2034). O documento foi consolidado a partir da avaliação de 1.627 sugestões recolhidas em consulta pública. A aprovação coube ao Fórum Nacional de Economia Circular, ligado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).

Brasil circular (II)
O plano abrange os seguintes eixos: ambiente normativo, para impulsionar mercados de produtos reutilizados e recondicionados; inovação e educação, para fomentar pesquisa, formação e disseminação de conhecimento; redução de resíduos, com foco na eliminação de lixões e promoção de políticas de logística reversa; instrumentos financeiros, voltados à criação de incentivos tributários e fundos específicos para fomentar a circularidade; e articulação interfederativa, pensada para fortalecer a coleta seletiva e as cooperativas de reciclagem de forma colaborativa.

Pepsi atrasa planos (I)
A PepsiCo adiou em dez anos o prazo para atingir emissões líquidas zero de gases de efeito estufa (GEE) em toda a sua cadeia de valor. A ideia era alcançar o objetivo em 2040, mas a data agora é 2050. Segundo a multinacional, a revisão das metas climáticas — que incluía a redução do uso de plásticos no processamento de embalagens — foi necessária em razão de “realidades externas”. Em contrapartida, o conglomerado promete soluções ambiciosas para estimular práticas agrícolas sustentáveis e regenerativas, e manteve a meta de se tornar “água positiva” até 2030.

Pepsi atrasa planos (II)
A mudança de planos, aponta a PepsiCo, deve-se a fatores que estão fora do controle da companhia. Entre os problemas citados estão: a falta de infraestrutura adequada de reciclagem e reutilização; a necessidade de modernização e acesso a fontes de energia renovável; a baixa disponibilidade de pontos de carregamento de veículos elétricos; o custo de veículos eletrificados para compor a frota; e as constantes variações e incertezas das políticas governamentais em relação à mudança climática.

Energia para IA (I)
O American Bureau of Shipping (ABS) e a Herbert Engineering Corporation divulgaram uma proposta para utilizar instalações flutuantes para abrigar data centers de inteligência artificial (IA). A estrutura seria movida por pequenos reatores nucleares, reduzindo a pressão dos grandes centros de processamento sobre outras fontes de energia. As barcaças poderiam ficar estacionadas nas costas marítimas ou em estuários fluviais, utilizando a água ao redor para resfriar tanto os reatores quanto os servidores.

Energia para IA (II)
A busca por soluções energéticas para suportar o crescimento da inteligência artificial é tão urgente que big techs como OpenAI, Nvidia, Oracle, Cisco e SoftBank prometem investir US$ 500 bilhões nos Estados Unidos para criar infraestrutura adequada para atender à demanda. Antes disso, essas empresas vão construir o Stargate — como foi batizado o projeto do conglomerado — nos Emirados Árabes Unidos, em parceria com a G42, startup de IA sediada no Oriente Médio e apoiada pela Microsoft.

Energia para IA (III)
O data center terá capacidade de geração de um gigawatt, sendo que 200 megawatts devem estar disponíveis já em 2026. O projeto faz parte de um amplo acordo entre o governo americano e os Emirados para expandir centros de inteligência artificial. Em solo árabe, deve ser erguido um cluster de até cinco gigawatts. Para cada dólar investido lá, outro será aportado nos EUA. O investimento inicial no Oriente Médio será de US$ 20 bilhões. Detalhe: toda a população dos Emirados receberá uma assinatura do ChatGPT Plus.

Foto: Louis Maniquet / Unsplash

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