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FERNANDA GHIGNONE CABECA HOJESC

O perigo invisível do plástico no dia a dia

CAFE

No ritmo acelerado da vida moderna, detalhes simples passam despercebidos, como o recipiente em que tomamos nosso café diário. No entanto, quando esse café é servido em copos plásticos, o que parece apenas um hábito corriqueiro pode, na verdade, trazer riscos invisíveis para a saúde. Isso porque os copos plásticos, quando entram em contato com líquidos quentes, podem liberar substâncias como o bisfenol A (BPA) e os ftalatos, compostos químicos usados na fabricação do plástico.

O problema é que esses compostos não são inofensivos. O BPA, por exemplo, é classificado como um disruptor endócrino, ou seja, uma substância capaz de interferir no equilíbrio hormonal do corpo. Ele pode alterar a forma como os hormônios se ligam a seus receptores e circular pelos tecidos de maneira inadequada, podendo causar alterações na tireoide, irregularidades menstruais, dificuldades de fertilidade, maior risco de câncer hormonodependente, distúrbios cognitivos e até problemas metabólicos, como obesidade e resistência à insulina.

E o risco não está apenas no copo descartável do café. O contato constante com o plástico na rotina é muito maior do que imaginamos: guardar comida quente em recipientes plásticos, usar potes plásticos no micro-ondas, congelar sopas e caldos em embalagens de plástico comuns ou até beber água de garrafas que ficam expostas ao sol no carro. Todas essas situações favorecem a migração de partículas tóxicas para os alimentos e bebidas. Aos poucos, sem perceber, vamos acumulando pequenas doses de substâncias nocivas no organismo.

Esse acúmulo é silencioso, e os efeitos não aparecem de um dia para o outro, mas se manifestam ao longo dos anos, muitas vezes associados a sintomas inespecíficos como cansaço, dificuldade de concentração, alterações de humor e problemas de fertilidade. Pesquisas científicas já confirmam que a exposição crônica a esses compostos está ligada ao aumento de doenças hormonais e metabólicas. E, como se não bastasse, estudos recentes encontraram microplásticos circulando no sangue humano, o que reforça a importância de repensar hábitos simples do dia a dia.

A boa notícia é que pequenas mudanças já reduzem bastante a exposição. Sempre que possível prefira tomar café e chás em xícaras de porcelana ou vidro. No trabalho, leve sua própria caneca, pois além de mais saudável, é uma atitude sustentável. Para armazenar alimentos quentes, utilize potes de vidro ou cerâmica, e se precisar congelar, espere a comida esfriar antes de colocar no recipiente e escolha embalagens próprias para essa finalidade, livres de BPA. Evite também aquecer plásticos no micro-ondas, mesmo aqueles que parecem resistentes.

Outro ponto importante é a escolha das garrafas de água. Prefira sempre garrafas de vidro, aço inoxidável ou cobre. Esta última opção é ótima para o armazenamento de água, pois o cobre tem ação antimicrobiana e pode deixá-la mais pura. No entanto, não deve ser usada para sucos, chás ou bebidas ácidas, já que o metal reage e pode liberar excesso de cobre. E se for beber em garrafa descartável, nunca a deixe exposta ao sol ou dentro do carro em dias quentes, já que a combinação de calor e radiação acelera a liberação de toxinas.

Repensar esses detalhes não significa viver com medo ou exagero, mas sim desenvolver uma consciência sobre os impactos invisíveis daquilo que parece inofensivo. Cuidar das escolhas do dia a dia é uma forma de proteger a saúde e quando se trata de prevenção, cada gesto conta e pode fazer uma grande diferença no futuro.

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