DESTAQUE DA REDAÇÃO
Pular para o conteúdo


SILVIO LOHMANN CABECA hojesc

Nos EUA, conta do clima vai para a indústria do petróleo

petroleo[1]

Dez estados americanos estão considerando criar projetos de lei que instituem superfundos climáticos, a exemplo do que já fizeram os governos de Nova York e Vermont. A ideia nada mais é do que responsabilizar financeiramente a cadeia de combustíveis fósseis pelos impactos do aquecimento global e cobrar uma indenização pelos prejuízos aos cofres públicos causados pelas mudanças climáticas.

Na relação estão Califórnia, Maine, Oregon, Maryland, Rhode Island, Tennessee, Virgínia, Havaí, Nova Jersey e Connecticut. Na outra ponta, 24 estados administrados pelo Partido Republicano questionam as iniciativas e já processam Nova York e Vermont. A Casa Branca também está na briga, com ações preventivas para barrar as leis estaduais. O argumento é de que Washington é quem determina a política energética nacional e que iniciativas estaduais enfraquecem a segurança nacional e podem aumentar os custos para os consumidores americanos.

Nos últimos tempos, pelo menos nove estados liderados por democratas — e dezenas de cidades, incluindo São Francisco, Nova York, Baltimore, Honolulu e a ilha havaiana de Maui — já processaram empresas de combustíveis fósseis por questões climáticas. Para os governos dessas localidades, as empresas de petróleo, carvão e gás devem contribuir com os gastos para adaptação às mudanças climáticas e pelos danos causados por eventos extremos.

Disputa americana (I)

A disputa entre democratas e republicanos teve um outro capítulo no início de maio, quando 17 estados governados por políticos de oposição a Donald Trump entraram com uma ação em um tribunal federal de Boston, pedindo a revisão da decisão do presidente americano de pausar indefinidamente todas as aprovações federais de projetos eólicos. O argumento do processo é de que a medida ameaça paralisar uma indústria crescente e necessária como fonte de energia limpa.

Disputa americana (II)

Um dos projetos interrompidos pela decisão de Trump é o Empire Wind, que estava sendo construído pela norueguesa Equinor na costa de Nova York. O parque eólico offshore terá capacidade de geração de 2,1 gigawatts (GW) de energia e poderá abastecer 500 mil residências. Até março, o empreendimento já havia consumido US$ 2,5 bilhões — e 60% do valor foi captado no mercado financeiro.

Ciência climática (I)

Até 1º de junho, interessados de todo o mundo podem contribuir com a revisão do Padrão Corporativo Net-Zero. Trata-se de uma iniciativa da organização internacional Science Based Targets Initiative (SBTi), que visa fornecer orientação e estabelecer critérios comuns, baseados na ciência climática, para que qualquer tipo de empresa possa definir metas de redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE) e ter seu processo reconhecido. Atualmente, 10 mil corporações estão associadas ao projeto da SBTi, que conta com o apoio da Organização das Nações Unidas (ONU).

Ciência climática (II)

A SBTi estabeleceu regras rígidas para reconhecer metas de redução de emissões. Agora, uma das alterações do novo padrão proposto é a introdução de requisitos diferentes para empresas distintas, respeitando o tamanho e a localização geográfica. As companhias de maior porte, instaladas em países de alta renda, serão classificadas na Categoria A — o que significa atender a todos os critérios previstos. Empresas menores, de regiões de baixa renda, ficam na Categoria B, e a adoção de algumas normas pode ser opcional.

Ambiente europeu

Apertada pela pressão de grandes corporações, a Comissão Europeia propôs afrouxar as regras de relatórios de sustentabilidade de empresas do bloco. De acordo com a Reuters, diversas companhias alegam que perderam capacidade de competir globalmente com as regulamentações rígidas da política ambiental da Europa. Do outro lado, ativistas ambientais apelam para que tudo fique como está. No meio disso, 31 juristas emitiram uma carta alertando as autoridades de que as mudanças nas normas podem expor as empresas europeias a ações judiciais relacionadas às mudanças climáticas.

Clima africano

O continente africano não fugiu à regra do mundo. De acordo com o relatório Estado do Clima na África 2024, da Organização Meteorológica Mundial (OMM), a região também vem experimentando aumento da temperatura — e, no ano passado, a média foi de 0,86°C acima da série histórica. O Norte registrou níveis mais altos, de 1,28°C acima da média. O ano foi marcado por chuvas intensas em vários países e secas severas em outros, com impacto direto sobre a agricultura e a segurança alimentar. Houve registro de dois ciclones, e quase toda a costa foi afetada por ondas de calor que variaram entre fortes e extremas. De acordo com estudos da OMM, a Europa é o continente que mais aquece no mundo.

H2v Paraná

A proposta de criação de um Centro de Referência e Pesquisa em Hidrogênio Renovável no Paraná, idealizada pelo professor Helton Alves (UFPR), foi abraçada pela Assembleia Legislativa. O objetivo é avançar em pesquisas aplicadas, desenvolver tecnologia e atrair investimentos. Para isso, é necessário integrar polos de ciência e tecnologia do Estado. Considerado o combustível do futuro, o H2v é limpo e de baixa emissão de carbono, com uso potencial na geração de energia e na produção de combustíveis e fertilizantes. O Paraná já conta com uma política pioneira sobre o tema, sancionada em 2023.

(Foto: Chris Chow/Unsplash)

Leia outras outras colunas do Silvio Lohmann aqui