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SILVIO LOHMANN CABECA hojesc

Negócios climáticos: preservar ou adaptar?

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Prosperidade, paz e bem-estar seriam os ganhos para a humanidade e a economia caso o capital natural do mundo fosse preservado ou regenerado. Esta é uma das ponderações de artigo assinado pelo indiano Swapan Mehra e pelo africano Akim Daouda para o portal do Fórum Econômico Mundial (WEF). Os autores, que atuam na mobilização de recursos para investimentos em ativos verdes, citam que 85% das empresas listadas no S&P Global 1200 – índice que reúne as maiores companhias do mundo – “têm uma dependência significativa da natureza em suas operações diretas”.

“Os investimentos na natureza geram benefícios compostos para empresas e sociedades”, diz o texto publicado pelo WEF. “Devemos, portanto, parar de tratar a natureza como um desafio ‘suave’ ou de longo prazo. O capital natural é infraestrutura – infraestrutura crítica, subvalorizada e em deterioração. O fracasso passado em reconhecer seu valor total resultou em uma vasta má alocação de capital: trilhões continuam a fluir para infraestrutura que esgota a natureza, enquanto modelos de negócios regenerativos permanecem sem financiamento.”

Outra abordagem sobre investimento climático está em artigo de Oliver Yorke, consultor dinamarquês de negócios e meio ambiente. Ele considera haver grandes oportunidades em torno da adaptação às mudanças climáticas e afirma que o capital privado – principalmente – precisa olhar para soluções como regeneração, reindustrialização e resiliência. “A adaptação é a próxima fronteira do investimento, não apenas para a sobrevivência, mas para prosperar em um mundo em rápida transformação.”

Oportunidade econômica
Segundo Oliver Yorke, a adaptação às mudanças climáticas também recebe menos financiamento do que o necessário, inclusive por parte dos governos. Por outro lado, há US$ 210 trilhões aplicados em ativos no mundo, e os investidores poderiam usar parte desses recursos para financiar, por exemplo, infraestrutura resiliente, segurança hídrica, agricultura inteligente, inovações em saúde e sistemas avançados de alerta. “Tradicionalmente vista como obrigação moral, a adaptação deve ser reposicionada como oportunidade econômica”, escreve o autor.

COP30 já começou
Chefe da ONU para questões do clima, Simon Stiell afirmou que, sem o multilateralismo climático promovido pelas Nações Unidas, o mundo já estaria a caminho de um aquecimento de até 5°C. Em reunião com cinco mil participantes em Bonn, na Alemanha, ele reforçou que limitar o aquecimento a 1,5°C ainda é possível e essencial. O encontro discute decisões que devem ser tomadas na COP30, em novembro, no Brasil. Entre as prioridades estão a adaptação climática e um plano para ampliar o financiamento climático para US$ 1,3 trilhão por ano.

Tratado oceânico
Finalizada nesta semana, a Conferência da ONU sobre os Oceanos, realizada em Nice, resultou em um tratado que reforça a proteção das águas internacionais. Contudo, apenas 50 países assinaram o acordo que, para entrar em vigor em janeiro de 2026, precisa de 60 signatários. A declaração final firmou compromissos conjuntos contra o aumento da poluição marinha e reforçou a necessidade de adaptação e mitigação dos efeitos da mudança climática. A área de oceanos protegida subiu de 8,4% para 11%, ainda longe da meta de 30% até 2030.

Alternativa ao aço
Mais forte que o aço e mais leve que o ferro. Não se trata de fios de teia de aranha, mas de varetas de polímero reforçado com fibra de vidro, ou GFRP. A alternativa torna projetos de construção mais sustentáveis, econômicos e duradouros. O produto tem alta resistência à tração – o dobro do aço –, é até quatro vezes mais leve que o ferro e imune à corrosão. Apenas 130 quilos da fibra substituem uma tonelada de metal, com custo 30% menor do que vergalhões usados em estruturas. Sua aplicação vai de telhados e lajes até portos, indústrias automotiva e aeroespacial. A consultoria TechNavio estima um crescimento de US$ 5,8 bilhões para o mercado de GFRP até 2028.

Bioderivados da palha
Pesquisadores da Unicamp e da UTFPR desenvolveram um método sustentável para extrair bioderivados da palha de milho usando apenas água em alta temperatura e pressão. A técnica recupera açúcares, ácidos orgânicos e compostos antioxidantes com até seis vezes mais eficiência que métodos tradicionais. Os produtos podem ser utilizados nas indústrias alimentícia, farmacêutica e de biocombustíveis.

Dinheiro amazônico
O Fundo Amazônia teve o melhor desempenho semestral de sua história em 2025, com R$ 1,189 bilhão aprovado para projetos de preservação ambiental e combate ao desmatamento. Do total, R$ 825 milhões foram destinados ao Ibama para ampliar a fiscalização. Outros R$ 360 milhões vão para ações em saúde indígena, alimentação escolar, acesso à água e inclusão produtiva de comunidades tradicionais.

Deslocamento humano
O número de pessoas deslocadas à força no mundo chegou a 122,1 milhões no fim de abril de 2025, segundo relatório do ACNUR – Agência da ONU para Refugiados –, marcando o décimo ano seguido de alta. São 73,5 milhões de deslocados internos e 42,7 milhões de refugiados. O Sudão lidera com 14,3 milhões de pessoas forçadas a deixar suas casas, superando a Síria (13,5 milhões). Afeganistão (10,3 milhões) e Ucrânia (8,8 milhões) também estão entre os países mais afetados. Conflitos armados seguem como principal causa dos deslocamentos.

Foto: Guillaume de Germain/Unsplash

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