Representantes de 184 países participam, nos próximos 10 dias, de uma nova tentativa de aprovar um tratado internacional juridicamente vinculante para enfrentar a poluição plástica, inclusive nos oceanos. As negociações ocorrem em Genebra e são lideradas pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e pelo Comitê Intergovernamental de Negociação (INC).
A proposta de um acordo global vem sendo discutida desde 2022. Esta é a quinta sessão sobre o tema e reúne mais de 3.700 participantes. Eles têm a missão de fechar um texto que trate de todo o ciclo de vida do plástico e abra caminho para soluções efetivas. No encontro anterior, em dezembro de 2024, o ponto principal foi a redução da produção de plásticos — especialmente descartáveis — e o incentivo a materiais mais sustentáveis.
Também entrou na pauta a regulamentação de produtos com químicos perigosos, estímulo ao design inteligente para reaproveitamento de matéria-prima, gestão de resíduos (da reciclagem eficiente ao tratamento adequado) e o enfrentamento da poluição já existente. O pacote incluiu mecanismos de financiamento para apoiar países em desenvolvimento e estratégias para transformar o acordo em ações concretas.
Tratado do plástico
Estima-se que mais de 450 milhões de toneladas de plásticos sejam produzidas anualmente no mundo, mas apenas de 9% a 10% são recicladas. Até 23 milhões de toneladas acabam em rios, lagos e oceanos todos os anos. “Se seguirmos nesse caminho, o mundo vai se afogar em plástico”, alertou a diretora do PNUMA, Inger Andersen, na abertura da conferência de Genebra.
Itália multa a Shein
A Autoridade Italiana de Concorrência (AGCM) aplicou uma multa de € 1 milhão à operadora do site da varejista global de moda Shein por greenwashing – ou marketing ambiental maquiado. A investigação concluiu que a empresa usou mensagens ambientais vagas, genéricas ou enganosas para promover peças como “sustentáveis” ou “totalmente recicláveis”, sem comprovar o impacto ao longo de todo o ciclo de vida do produto. Também foi verificado que as linhas “verdes” representavam apenas uma pequena parte do catálogo, levando consumidores a acreditar em benefícios ambientais inexistentes ou exagerados.
França multa a Shein
Em julho, a Shein foi multada em € 40 milhões na França, após investigação da Direção-Geral da Concorrência, do Consumo e da Repressão da Fraude (DGCCRF). A autoridade concluiu que a varejista praticou “comércio enganoso” ao induzir consumidores a erro sobre descontos e compromissos ambientais. Foram identificados casos em que 57% dos produtos anunciados como promocionais não tinham desconto, 19% tinham redução mínima e 11% chegaram a ter aumento de preço. O caso reforça o cerco regulatório europeu contra publicidade desleal e greenwashing na moda.
Santa energia
O Vaticano fechou acordo com o governo da Itália para transformar um campo de 430 hectares, ao norte de Roma, em uma fazenda solar. O investimento de € 100 milhões deve gerar energia suficiente para abastecer toda a Cidade do Vaticano, com excedente destinado à comunidade local. Pelo acordo, a Santa Sé não pagará impostos para importar painéis, e o governo italiano poderá incluir o potencial de geração nas metas de energia limpa da União Europeia. O projeto ainda precisa do aval do Parlamento italiano.
Sustentabilidade e PMEs (I)
A Comissão Europeia lançou uma norma voluntária para ajudar micro, pequenas e médias empresas a comunicar dados de sustentabilidade de forma simples, clara e coerente em relatórios de gestão. O objetivo é facilitar o atendimento a exigências de bancos e grandes empresas, cada vez mais interessadas em informações sobre impactos ambientais, sociais e de governança (ESG) na cadeia de valor.
Sustentabilidade e PMEs (II)
O novo padrão traz dois módulos: o Básico, com 11 itens — de emissões de gases de efeito estufa (GEE) a ações anticorrupção — e o Abrangente, com mais 9 tópicos, incluindo metas de redução de emissões e planos de transição. Assim, cada empresa pode escolher o nível de detalhamento conforme as demandas de parceiros e investidores, sem complicar sua rotina administrativa.
Sustentabilidade e PMEs (III)
O lançamento acompanha a tendência da Comissão Europeia de flexibilizar relatórios de sustentabilidade para todos os tipos de empresas. A medida integra o pacote Omnibus, que busca simplificar padrões técnicos da agenda ESG. O Parlamento Europeu defende reduzir ao máximo os critérios da Diretiva de Relatórios de Sustentabilidade Corporativa, enquanto o Conselho Europeu prefere uma posição intermediária. A decisão deve sair em outubro, após a fase de “trílogos” — negociações entre Parlamento, Comissão e Conselho para chegar a um texto comum. A adoção pode ocorrer em 2026, apesar da resistência de ambientalistas, especialistas do clima e até de bancos.
Foto: Erik Mclean/Unsplash
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