DESTAQUE DA REDAÇÃO
Pular para o conteúdo


LIVRO-SE ANDERSON DE SOUZA CABECA 1

Louvores, fala feminina e o ninho

louvores cynthia becker patua

Os louvores de Cynthia Becker

A curitibana Cynthia Becker (foto abaixo) lança neste mês o seu primeiro livro “Louvores” (Patuá, R$ 60). A publicação chega como uma espécie de reação, um enfrentamento e uma escrita com a cabeça na dramaturgia. A seguir, a Livro-se conversou com a mãe, professora de francês e, agora, escritora.

louvores cynthia becker patua 1

Como surgiu a ideia de “Louvores”?

Cynthia Becker – “Louvores” é uma espécie de reação. De tudo isso que a gente é feito. Nós somos construídos com todos esses mitos, arquétipos, mas não deixo isso explícito nos textos. É o que eu tento pelo menos. É como se fosse uma acusação: “Olha só o que as escrituras sagradas fizeram com a gente”. Por isso que eu prefiro dizer que antes de uma resposta, a obra é uma reação. Um ato a tudo isso que a gente é condicionado, da nossa origem.

Por que foi colocado esse jeito? Por que temos que carregar essa culpa do pecado? Da mulher que tem essa submissão com o homem? Enfim, agora estamos tentando, acho que agora está ocorrendo mais movimentos como resposta e eu nem digo que é feminista. Não me considero uma super feminista.

Mas é uma maneira de reivindicar esse lugar, o nosso lugar.

Então você colocou tudo isso nesses poemas?

Cynthia – Eu escrevo sempre pensando muito na dramaturgia. Quando pegamos um texto de teatro tradicional, esperamos personagens com identidades. Tem a trama, os conflitos, uma narrativa mais ou menos linear, mas essa dramaturgia está sendo bastante discutida. No Brasil talvez nem tanto, mas é o que vem depois do drama – o pós-dramático. Muita gente acha que isso é pós-moderno, mas são coisas diferentes. A teoria do pós-dramático surgiu nos anos 2000, praticamente.

Na sinopse da Patuá, eles afirmam que “‘imagem e semelhança são as vozes de ‘Louvores’”. Você pode explicar um pouco sobre isso?

Cynthia – Sim, é uma imagem e uma semelhança. Eu tento trabalhar muito mais no campo da alteridade do que da identidade. Quando pensamos em personagem, a gente pensa numa identidade com seus traços definidos. É uma personalidade com alguma previsibilidade de comportamento. A alteridade vai num caminho mais da negação da identidade. É esse fluxo que a gente acaba sendo. Então a imagem e a semelhança é um pouco isso. Pensando em pessoa e não em personalidade, mas que tem todo esse fluxo de vozes. Somos mais o outro que uma única coisa.

Disponível em pré-venda pelo link: [https://www.editorapatua.com.br/louvores-poemas-de-cynthia-becker/p].

Só bato em cachorro grande, do meu tamanho ou maior

Só bato em cachorro grande do meu tamanho ou maior

A escritora mineira Cidinha da Silva lança “Só bato em cachorro grande, do meu tamanho ou maior – 81 lições do método Sueli Carneiro” (Rosa dos Tempos, 208 págs., R$ 59,90). O livro faz parte das comemorações dos 75 anos de nascimento de Sueli, considerada a maior pensadora negra brasileira viva.

A fala feminina

a fala feminina

“A fala feminina: silenciamentos e resistências” (Jandaíra, 416 págs., R$ 90), de autoria de Amanda Braga, professora do Departamento de Língua Portuguesa e Linguística da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), e Carlos Piovezani, professor do Departamento de Letras (DL) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), acaba de ser lançada.

Segundo os autores, a obra “retraça a história desse longo silenciamento da fala das mulheres, mas também a de sua obstinada resistência a esse ancestral e ainda atual ‘Cala a boca!’. Do mundo antigo ao Brasil contemporâneo, a fala feminina foi e ainda é concebida como sedução dos homens e perdição da humanidade”. Disponível no site da editora: [https://www.editorajandaira.com.br/humanidades/a-fala-feminina-silenciamentos-e-resistencias].

O ninho

o ninho

Vencedor do Prêmio Sesc de Literatura 2023 na categoria Conto, “O ninho” (Ed. Record, 192 págs., R$ 69,90), é a estreia de Bethânia Pires Amaro. Formada por quinze contos, a compilação acompanha personagens femininas que habitam e produzem lares repletos de complexidade. Com orelha assinada por Sérgio Rodrigues, esse volume também ganhou os prêmios Jabuti e APCA na categoria Contos em 2024. Disponível pelo link: [https://www.amazon.com.br/ninho-Bethania-Pires-Amaro/dp/6555877901].

Esta leitura é gratuita

Esta leitura é gratuita patua

O poeta, psicólogo e advogado Guilherme de Queiroz estreia na literatura com “Esta leitura é gratuita” (Editora Patuá, 96 págs., R$ 50). A obra reúne textos escritos ao longo de mais de dez anos, organizados como um mapa afetivo reflexivo do autor. Disponível pelo link: [https://www.editorapatua.com.br/esta-leitura-e-gratuita-poemas-de-guilherme-de-queiroz-c-da-rocha/p]

Confira o poema “Pessoas deixam”, de Guilherme de Queiroz:

vão nas nossas vidas
vão, sim, vêm e vão
mas o vácuo ressoa
quietas e monótonas
tardes de broa
coam e ecoam
cafés e vozes
Fé e voz
Foz

Na livraria com Orwell

na livraria com george orwell lote 42

“Na livraria com Orwell: ensaios sobre livros, literatura e escrita” (Lote 42, 128 págs., R$ 40), reunião de análises e reflexões escritas por George Orwell entre 1936 e 1946, acaba de ser disponibilizada.

A coletânea reúne oito textos que revelam a visão de mundo do escritor inglês, autor de clássicos como “1984” e “A revolução dos bichos” (traduzido também como “A Fazenda dos Animais”).

A tradução, organização e posfácio do livro são de Gisele Eberspächer, doutoranda em estudos literários pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Ela fala sobre esse trabalho no vídeo abaixo:

Imagens: Divulgação

Leia outras colunas Livro-se aqui
Siga o colunista no Instagram: @anndersou