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ANA CLAUDIA WIECHETECK CABECA hojesc

Intuição ou estratégia?

Você que é empresária, certamente já se viu presa na dúvida entre “eu sinto que vai dar certo” e “preciso buscar informações sobre este mercado”. Ter esta dúvida é mais comum do que se imagina, especialmente para quem começou a empreender de forma intuitiva, movida por um talento ou por uma paixão, que é a realidade de muitas empresárias.

Mas não existe o certo ou errado entre intuição e estratégia. Como tudo na vida, existe o equilíbrio. Quando estes dois aspectos caminham juntos, eles potencializam resultados, geram clareza enquanto trazem segurança e sustentam o crescimento do negócio.

Quando uma mulher empreende, ela carrega consigo muito mais do que conhecimento técnico e de gestão. Ela carrega sua história, suas vivências, seus aprendizados e suas percepções. E é exatamente daí que nasce a intuição: aquela voz interna tão forte nas mulheres que eventualmente aponta caminhos que fazem todo sentido quando racionalmente ainda não temos todas as respostas.

É bem comum sentirmos um certo preconceito com a palavra intuição. Como se fosse algo descolado da realidade ou pouco confiável. Mas a intuição nada mais é do que um processamento das experiências que você já viveu. Ela se forma a partir de tudo que você viu, ouviu, viveu, acertou, errou, observou e sentiu até aqui. Por isso dar ouvidos à sua intuição faz todo sentido. E ela tem um papel muito importante na sua tomada de decisões. Ignorar a sua intuição é menosprezar toda a valiosa experiência de vida que você teve até aqui.

Sabe aquele momento em que uma idéia parece não fazer sentido, mesmo que no papel esteja tudo perfeito? Ou aquela sensação de que determinada escolha vai funcionar, mesmo que você ainda não consiga explicar exatamente como? Estes sentimentos são toda a sua experiência, mostrando de forma muito rápida, o que com mais tempo e análise provavelmente você também descobriria. E no final das contas, chamamos de intuição.

Existe uma característica muito presente e marcante na mulher empresária que por muito tempo foi visto como fragilidade, mas que na verdade é uma grande fortaleza: somos razão e somos emoção. E isso não nos enfraquece. Nos torna líderes mais completas, empresárias mais preparadas e donas de negócios mais humanas e focadas. A nossa capacidade de perceber além dos números, de entender pessoas, de sentir o que muitas vezes não está dito, faz parte da nossa essência. E não deve ser anulada em nome de uma gestão mais racional.

Essa sensibilidade, quando aliada à estratégia, se transforma em um diferencial competitivo muito poderoso. É ela que nos permite liderar com mais conexão e atender com mais cuidado todos os envolvidos nas nossas atividades, desde fornecedores, funcionários e clientes.

Por outro lado, a estratégia entra como estrutura, direcionamento e segurança. Como já dissemos outras vezes, a estratégia é o mapa que ajuda a transformar aquela percepção intuitiva em ação concreta, planejada e sustentável. Se a intuição dá um alerta, a estratégia ajuda a entender como transformar esse sinal em resultado. Se a intuição aponta uma oportunidade, a estratégia mostra como aproveitar essa oportunidade de forma inteligente, organizada e alinhada com os seus objetivos.

Viver só da intuição pode ser arriscado. Assim como viver só da estratégia, ignorando sua percepção, pode desconectar do que faz sentido fazendo você trabalhar sem a paixão que pode trazer resultados imensuráveis. O equilíbrio mora exatamente no encontro desses dois mundos.

A intuição fornece agilidade e a estratégia fornece a clareza. A intuição conecta a sua percepção sobre pessoas, sobre situações e sobre movimentos do mercado. Ela ajuda a ler nas entrelinhas, a perceber o que não está explícito, a tomar decisões rápidas quando não há tempo para análises longas. A estratégia permite organizar essas percepções. Ela traduz o subjetivo em planejamento, metas, processos e ações práticas. É ela que ajuda a sair do improviso, a escalar seu negócio, a crescer de forma estruturada. Quando esses dois elementos caminham juntos, sua empresa cresce com mais segurança, mais consistência e mais alinhamento com quem você é e com o que você quer construir.

Empreender tem a ver com estudo, análise, estratégia, números e planejamento. Mas também com sensibilidade, percepção e conexão com aquilo que faz sentido para você. Você não precisa escolher um ou outro. Precisa aprender a usar os dois de forma que eles se complementem. O que leva uma empresa a crescer de forma sustentável e gerar resultados consistentes é exatamente a capacidade da empresária de alinhar esses dois pilares: usar o que sente e o que sabe. Usar o que percebe e o que planeja.

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