
Muito se fala sobre máquinas inteligentes, mas pouco se fala sobre o que torna um humano verdadeiramente inovador
A palavra inovação tem sido repetida com tanta frequência que, muitas vezes, perde seu real sentido. Para alguns, inovar é lançar um aplicativo novo. Para outros, é usar inteligência artificial no dia a dia. Mas será que inovação é só isso? Será que estamos enxergando o cenário completo ou apenas nos distraindo com as ferramentas mais chamativas?
No meio dessa corrida tecnológica que vai desde o ChatGPT até robôs que automatizam operações complexas há uma pergunta que ainda resiste no silêncio: onde entra o humano nessa equação?
A armadilha da inovação sem propósito
Nos últimos meses, participei de eventos, workshops e imersões por todo o Brasil e em todos eles, notei um padrão: muitas empresas querem “ser inovadoras”, mas ainda têm medo de mudar. É como se desejassem os frutos da inovação, mas não estivessem dispostas a podar as árvores velhas.
Mais do que uma palavra da moda, inovação é atitude. É cultura. É transformação real, e não apenas estética. Não basta ter IA nos processos se as decisões continuam sendo tomadas com base no medo, na hierarquia e no controle absoluto. A inovação sem propósito é só uma performance vazia e cada vez mais os consumidores e colaboradores percebem isso.
A inteligência artificial chegou. E agora?
Hoje, temos ferramentas capazes de escrever textos, gerar imagens, organizar planilhas, criar automações, simular vozes e tomar decisões com base em grandes volumes de dados. A inteligência artificial está acessível como nunca.
Mas o diferencial, agora, não está mais em ter tecnologia. Está em saber como aplicá-la com inteligência humana. Está em combinar a potência das máquinas com a sensibilidade de quem entende de gente, de contexto e de propósito.
Se antes a inovação era restrita a laboratórios, hoje ela está nas mãos de qualquer empreendedor, gestor ou profissional curioso. O desafio mudou: não é mais sobre acesso, é sobre direção. E essa direção é, inevitavelmente, uma escolha humana.
Liderar na nova era é mais sobre escuta do que sobre comando
Líderes inovadores não são os que gritam mais alto ou tomam decisões sozinhos. São os que escutam o que ninguém está dizendo. São os que identificam talentos, criam espaço para ideias emergirem e fomentam uma cultura onde o erro é visto como parte do caminho — e não como um motivo para punição.
Empresas que querem inovar de verdade precisam desenvolver líderes preparados para lidar com a ambiguidade, a colaboração entre gerações e a diversidade de perspectivas. Não dá mais para liderar com base em fórmulas prontas. A nova liderança é adaptável, empática e estratégica.
A chave da inovação: mentalidade
Durante as imersões que realizo com líderes, uma das primeiras provocações que trago é: qual mentalidade está guiando as suas decisões hoje?
Sem uma mentalidade de crescimento, nenhuma metodologia funciona. Você pode ter os melhores frameworks, as ferramentas mais modernas e a consultoria mais cara do mundo. Mas se as pessoas continuarem presas ao “sempre foi assim”, nenhuma transformação se sustenta.
Inovar começa na mente. Começa ao questionar o óbvio. Começa ao trocar o “não vai dar certo” pelo “e se a gente tentasse diferente?”. E esse movimento é profundamente humano.
A inovação mais potente é a que transforma pessoas
Nos meus anos de atuação com inovação em empresas, startups e instituições públicas, uma coisa ficou muito clara: os projetos mais impactantes não são os que geram apenas lucro, mas os que geram transformação de mentalidade.
Quando um colaborador percebe que tem autonomia para propor uma ideia, quando um gestor entende que pode aprender com alguém mais jovem, quando um empreendedor vê que pode usar IA para escalar seu negócio e ainda ter tempo para a família é aí que a inovação cumpre seu papel.
A tecnologia é um meio. O fim sempre será a transformação da vida das pessoas.
O Paraná como palco da inovação humana
Aqui no nosso estado, temos visto movimentos incríveis surgirem. De startups com soluções sustentáveis em pequenas cidades, até grandes grupos empresariais revendo suas formas de trabalhar. É como se o Paraná estivesse, aos poucos, se tornando um dos polos mais vivos da inovação nacional não só pela tecnologia, mas pela coragem de inovar com gente.
É nesse cenário que eventos, programas e iniciativas voltadas para líderes e empreendedores têm ganhado força. Porque, no fim das contas, a inovação que realmente transforma é aquela que começa com uma boa pergunta: quem eu posso ser de melhor nesta nova era digital?
O que eu deixo hoje é não tenha medo de inovar. Mas também não inove por inércia.
Inove com clareza. Inove com propósito. Inove com gente. Porque, enquanto as máquinas aprendem a fazer o que a gente fazia, o nosso papel será cada vez mais aprender a fazer o que elas nunca conseguirão: imaginar, conectar, sentir, liderar.
Essa é a nova era. E ela precisa da sua humanidade para funcionar.
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