A ciência tem reforçado um alerta importante: em meio à crise climática, o metano é uma ameaça ainda mais urgente que o dióxido de carbono — e sua redução pode gerar impacto mais imediato no combate ao aquecimento global.
Segundo o Global Methane Budget, o metano responde por cerca de 30% dos gases de efeito estufa na atmosfera, contribuindo com aproximadamente 0,5°C no aumento da temperatura média do planeta.
O acúmulo de metano é 82 vezes mais potente que o de carbono, mas o gás permanece pouco tempo na atmosfera — cerca de nove anos. Isso significa que uma ação rápida pode trazer resultados climáticos significativos em curto prazo.
Dois terços das emissões de metano vêm de atividades humanas, como agropecuária, extração de petróleo e gás, e má gestão de resíduos. A origem, portanto, é conhecida.
Com o diagnóstico em mãos, falta aplicar o melhor tratamento. Ambientalistas e especialistas do clima defendem que o tema seja prioridade na COP30, que acontece em Belém no final deste ano.
Novo normal
Ondas de calor causaram cerca de 10 mil mortes na Inglaterra nos últimos quatro anos, segundo o governo britânico. E o clima extremo veio para ficar. Relatório do Met Office — serviço meteorológico do Reino Unido — afirma que temperaturas escaldantes, como as atuais, são o “novo normal”. Além de estações mais quentes, os britânicos devem conviver com secas, inundações e tempestades mais frequentes.
Licença para poluir
A Comissão Europeia propôs o uso de créditos de carbono internacionais como mecanismo para alcançar a meta de reduzir em 90% as emissões de carbono até 2040. O bloco pretende atingir a neutralidade até 2050. A proposta, que altera a Lei do Clima da União Europeia, gerou polêmica. Críticos alertam que a medida pode virar uma “licença para poluir”, especialmente entre países ricos. Já os defensores argumentam que a Europa ajudará a preservar o meio ambiente em escala global.
Sem taxonomia
O Reino Unido desistiu de criar sua própria Taxonomia Verde — instrumento que define quais atividades econômicas são ambientalmente sustentáveis. A decisão frustra a ambição de liderar as finanças verdes. O plano era estabelecer critérios claros para investimentos alinhados a metas climáticas e combater o greenwashing. A medida ocorre em um momento em que a União Europeia e outros países também reavaliam suas regulamentações. Autoridades britânicas prometem apresentar, até o fim do ano, uma nova legislação ESG, com rigor e integridade.
Taxa verde havaiana
A partir de 1º de janeiro de 2026, turistas que se hospedarem em hotéis ou locações de curto prazo no Havaí pagarão um adicional de 0,75% sobre o imposto de acomodações transitórias. A receita será usada para financiar ações de mitigação e adaptação climática. Passageiros de cruzeiros também serão taxados. Com cerca de 10 milhões de visitantes por ano, o Havaí se torna o primeiro estado dos EUA a adotar a medida. Em comparação, o Brasil recebeu 6,7 milhões de turistas em 2024.
Mais araucárias
Um total de 262 hectares foi restaurado em Santa Catarina por meio do projeto Mais Florestas com Araucárias, da Fundação Certi, em parceria com Udesc, UFSC, IFSC e com financiamento do BNDES. Regiões da serra catarinense e do meio-oeste receberam 40 mil mudas de araucária e outras espécies nativas, como goiabeira-serrana, imbuia e erva-mate. A iniciativa envolve 100 pequenos agricultores e promove a agroeconomia. A segunda etapa já começou e prevê a recuperação de mais 300 hectares com apoio do Ibama.
Mini data center
Pesquisadores da Universidade de Tartu, na Estônia, encontraram uma nova utilidade para celulares antigos. Por apenas 8 euros, quatro aparelhos inservíveis foram transformados em um pequeno data center. Os testes demonstraram que o protótipo consegue processar e armazenar dados com precisão. “Sustentabilidade não é apenas preservar o futuro — trata-se de reimaginar o presente, onde os dispositivos de ontem se tornam as oportunidades de amanhã”, disse o professor Ulrich Norbisrath, da equipe de pesquisa. O mundo produz 1,2 bilhão de smartphones por ano.
Moto proibida
A partir de julho de 2026, motocicletas e ciclomotores movidos a combustíveis fósseis estarão proibidos de circular no centro de Hanói, no Vietnã, e nas ruas do anel viário que o contornam. A medida é para melhorar a qualidade do ar em uma das capitais mais poluídas do mundo. Hanói tem quase sete milhões de motocicletas e pouco mais de um milhão de carros.
Futuro da combustão (I)
A Lamborghini apresentou um motor V8 biturbo de 4 litros flex, preparado para funcionar com gasolina e com e-fuel — combustível sintético. A marca promete manter o desempenho dos superesportivos com qualquer das opções. A gasolina sintética pode ser a salvação dos motores a combustão, já que a União Europeia proibirá veículos movidos a derivados de petróleo a partir de 2035. A legislação, no entanto, abre espaço para propulsores de alta potência movidos a soluções limpas.
Futuro da combustão (II)
A brecha legal é resultado da pressão de montadoras de luxo. Ferrari, Bugatti, Bentley, Porsche e Lamborghini apostam nos combustíveis sintéticos para manter vivos os roncos de seus motores. A Porsche, por exemplo, é sócia de uma refinaria no Chile que produz gasolina sintética a partir de água e dióxido de carbono, com energia renovável. Há outras plantas no mundo produzindo e-fuels, mas em escala ainda limitada – e o custo do litro pode chegar a 56 euros. Mas quem compra um dos modelos das marcas citadas se preocupa com o dinheiro deixado no posto?
Foto: Anne Nygård/Unsplash
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