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ALEXANDRE TEIXEIRA CABECA hojesc

Herdade do Peru

Na coluna passada eu escrevi sobre os vinhos branco e tinto Private Collection da Herdade do Peru, vinícola que fica na região do Azeitão, 30 minutos de carro ao sul de Lisboa, aos pés da Serra da Arrábida e bem próxima ao mar. Recebi algumas cobranças de alguns leitores, já que eram cinco os vinhos degustados e eu só escrevi sobre os dois primeiros, e os dois mais exclusivos que eles produzem por lá.

Hoje vou escrever sobre os 3 outros vinhos que eles produzem e fazer uma correção que a enóloga Marta Esteves me ligou pedindo para eu fazer. Primeiro vamos corrigir uma informação: as uvas que naquela safra não são utilizadas na produção dos Private Collection não são vendidas à outros produtores, mas sim destinadas à produção dos vinhos de entrada, que são estes ótimos vinhos que vou apresentar hoje. Feita a correção vamos para a degustação.

De uns tempos para cá se tornou mais comum no mercado os vinhos rosé. Um vinho que sofria um certo preconceito, um vinho considerado menor, nem era potente como um tinto e nem tão leve como um branco. Ficava ali num limpo geográfico. Mas isso mudou. Semanas atrás os produtores do Douro, liderados por Justina Teixeira, produtora da Quinta da Barca, realizaram uma prova de Rosés embarcados num belíssimo barco nas água calmas do Rio Douro. Demonstração de que eles estão de olho neste mercado Rosé.

O vinho rosé da Herdade do Peru é bastante diferenciado. Começa pelo rótulo e pelo nome Frederica, uma homenagem à uma das filhas dos proprietários e que fez o rótulo diferente dos demais, que reproduzem pinturas antigas existentes na Herdade. O Rosé Frederica tem como base a uva Syrah, passa 12 meses em barricas de carvalho e outros seis meses estagiando em garrafa antes de ser colocado no mercado. Na taça a sua cor é um rosa salmão bem suave, com aromas de pêssego e frutas vermelhas com um toque de madeira, na boca é complexo, denso, onde o pêssego misturado à doçura da baunilha da madeira se sobressaem.

 

Os dois vinhos de entrada de gama da Herdade do Peru são: Branco e Tinto e levam o nome da Herdade. Os rótulos são reproduções de quadros, o tinto tem uma gravura de mercadores em um barco, e o vinho branco reproduz uma gravura de uma caravela.

Herdade do Peru Branco é um blend de cinco castas: Arinto, Alvarinho, Antão Vaz, Sercial e Verdelho. A fermentação ocorre em cuba de inox por 20 dias, seguida de “bâttonage” durante 6 meses mais um estágio “sûr-lies” até engarrafamento. Bâttonage é um técnica em que você mexe o vinho muitas vezes para ele ganhar mais sabor e textura, e sûr-lies é uma técnica para o vinho ganhar complexidade já que ele fica em contato com as borras finas, assim como acontece com os espumantes. O resultado é um vinho que na taça tem uma cor palha brilhante, aromas florais e de frutas amarelas como o pêssego, e na boca um final longo e persistente.

 

Herdade do Peru tinto é um blend de Cabernet Sauvignon, Merlot e Syrah. A enóloga Marta Esteves me disse as safras mais novas já terão na sua composição as castas portuguesas como a tradicional Touriga Nacional. Este vinho passa impressionantes 16 meses de barricas de carvalho francês, na taça a sua cor é vermelha bastante intensa, como aromas florais e também de pinheiros (a propriedade tem uma produção grande de pinhão), e na boca os seus taninos são intensos, com destaque para as
frutas vermelhas e o pinho. Um excelente vinho.

Mas nem tudo é perfeito e os vinhos da Herdade do Peru não não vendidos no Brasil. O tinto e o branco custam em média 17 euros e o Rosé fica na casa dos 20 euros. Ou você vai até Portugal e compra, ou pede para alguém que está indo comprar para você, ou faz aquele sistema de “shipping” através da empresa Yon Wine que possui uma parceria com a Herdade do Peru. Bons vinhos para todos nós.

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