Peço licença para quem sempre acompanha esse nosso bate-papo semanal. Não vou falar de futebol. Falarei um pouquinho sobre tênis.
Pouco tempo atrás, quem gosta do esporte (como eu gosto demais) acostumou-se a acompanhar os jogos do chamado BIG3. Federer, Nadal e Djokovic. Certamente foi uma época áurea. Talvez os 3 maiores jogadores de todos os tempos jogando os mesmos torneios. Disputando ranking entre si. Hoje só Djoko continua na ativa, mas muito perto da hora de parar.
Sinner, Alcaraz, Sverev, Draper e alguns mais, disputam agora o reinado. A mídia já escolheu Alcaraz como o seu predileto.
Tênis não é igual ao futebol. Atrai muito menos gente no mundo todo. Tem um público muito mais seleto. Mas, proporcionalmente, dão aula no quesito “dinheiro” no nosso esporte bretão.
Como sabem que atingem o globo inteiro, as marcas, grifes, patrocinadores, apresentam suas imagens para o todos os continentes através do tênis. E aí nunca conseguiremos saber na exatidão quantos consumidores estarão sendo atingidos direta ou indiretamente.
As marcas de relógio nadam de braçada. Sempre aparecem nos braços de jogadores de ponta. Jogadores que ostentam joias com valores até absurdos para a realidade brasileira.
Mas as marcas esportivas são as que mais ganham. Disparadamente e sem teto de lucro. Raquetes, raqueteiras, toalhas, meias, tênis, bermudas e camisetas são consumidos aos milhões pelos fãs desse esporte.
E aí venho trazer um dado que pode ajudar a deixar mais claro o quanto se ganha com a projeção que esses atletas dão à marca. Alcaraz (o preferido da mídia e de boa parte dos fãs) veste-se com Nike.
Estamos agora no meio do Torneio de Roland Garros. Um dos 4 maiores torneios do mundo que são jogados ano após ano. E ele veste uma camiseta listrada na frente. Nem consigo definir de quais cores efetivamente ela é composta. Para o meu gosto pessoal ela é horrível, feia demais, não usaria de modo algum.
Mas, e daí para minha opinião? O que importa é que a Nike usa a imagem dele globalmente e vende essa camisa em todos os continentes. Países pobres, ricos e remediados. Essa camisa, que eu acho feia ao extremo, já vendeu (segundo informação de produção que obtive), cerca de 750 mil exemplares. Façamos uma conta inexata em que a Nike obtenha apenas míseros 10 dólares de lucro líquido por cada peça. Só com esse modelo ela terá obtido algo em torno de 7,5 milhões de dólares ou 42,7 milhões de reais em resultado líquido financeiro.
Isso que só estamos citando um item de um jogador apenas. Temos aí mais uma infinidade de itens e jogadores para também aumentarem os números da fabricante.
Isso é saber aproveitar a imagem, saber monetizar, saber aproveitar as oportunidades. Não é uma fatia pequena de consumidores sendo atingida. Temos 8 bilhões de pessoas no mundo. Se apenas 0,01% delas consumirem algo, esse algo terá quantidade gigantesca de vendas!
Parabéns a Nike e as demais fabricantes que sabem surfar nessa onda.
Será que algum dia o nosso futebol será tratado de forma minimamente parecida? Ou apenas vamos continuar vendo as vendas acontecerem dentro do nosso “cercadinho” e deixando que muito dinheiro vaze por entre os dedos??
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