Formada na França, em 2001, a banda Gojira é um marco para o heavy metal europeu. Seu sexto álbum, Magma, lançado em 17 de junho de 2006, marcou uma virada na estrutura musical da banda, sem deixar o peso de lado. Formada pelos irmãos Joe Duplantier (vocais, guitarra e produção do álbum) e Mario Duplantier (bateria) e completada por Christian Andreu (guitarra) e Jean-Michel Labadie (baixo), a banda mostra ao mundo peso, melodia, musicalidade e letras muito bem elaboradas.
The Shooting Star é a abertura hipnótica com um riff pesado. A canção estabelece o tom do álbum, misturando melancolia e força. A letra “Shooting star, bright in the night, I disappear” sugere um adeus, possivelmente ligado à perda que inspirou o álbum. O solo dissonante no final reforça a atmosfera sombria.
Silvera é um dos singles mais pesados do álbum, com um riff devastador e vocais agressivos. Fala sobre transformação e resistência. “When you change yourself, you change the world”. A bateria de Mario Duplantier é implacável, e o breakdown final é um dos momentos mais brutais do álbum.
The Cell tem ritmo tribal, groove pesado e um refrão quase hipnótico. A letra “Locked in a cell, I found myself” pode ser interpretada como uma metáfora para o isolamento no luto. A mudança de dinâmica entre versos calmos e explosões de raiva é magistral.
Stranded é o single mais acessível do álbum, com um riff sensacional e refrão memorável. Aborda solidão e desespero. “I’m stranded on my own, No one is left to hear me scream”. A produção polida e a estrutura simples a tornam uma das faixas mais comerciais da banda.
Yellow Stone é uma faixa instrumental. É um interlúdio atmosférico com guitarras ambientais. Cria uma pausa meditativa antes da próxima explosão.
Magma, a faixa-título, é uma jornada progressiva, com vocais suaves e crescente intenso. Uma das canções mais emocionais do álbum, com letras sobre aceitação. “You’re facing the wall, Your back to the world”. O clima é sombrio, quase espiritual, e o final instrumental é arrepiante.
Pray tem ritmo lento e vocais quase sussurrados no início, evoluindo para uma explosão catártica. A letra: “I won’t bring no material, In the after life”, reflete sobre morte e transcendência. A bateria minimalista no início contrasta com a distorção pesada no clímax.
Only Pain é energia crua, com um riff acelerado e vocais agressivos. Uma das faixas mais diretas do álbum, falando sobre resistência. O solo curto e afiado é um dos destaques.
Low Lands é épica, com uma construção lenta e um dos melhores solos da banda. Começa calma, quase funerária, e culmina em um clímax emocionante. A letra sugere uma jornada em direção à paz.
Liberation, outra instrumental é o encerramento acústico, com guitarras limpas e percussão tribal. Funciona como um epílogo tranquilo, simbolizando talvez a libertação após o luto.
Magma marca uma virada significativa na carreira do Gojira. Após a morte da mãe dos irmãos Duplantier, o álbum reflete dor, luto e busca por significado, resultando em um trabalho mais introspectivo e melódico, sem abandonar completamente a agressividade característica da banda. Embora menos técnico e brutal que trabalhos anteriores, compensa com uma carga emocional poderosa e uma produção impecável. Um verdadeiro álbum de rock’n’roll. Do bom e velho rock’n’roll.
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