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GLENN STENGER CABECA hojesc

O papel dos “influencers” no mundo do futebol

Preciso iniciar dizendo: sou um defensor irrestrito da liberdade de expressão. Como diria o pensador francês Voltaire: “posso não concordar com o que está dizendo, mas defenderei até a morte o seu direito de dizer”.

Fato é que os nossos tempos nos colocam imersos no universo das redes sociais. Gostemos delas ou não, elas estão aí. De fácil utilização, rápidas, disseminadoras, inclusivas. Podem trazer conteúdos de grande profundidade científica ou rasos (que são, infelizmente, a absurda maioria). Podem ter temas sendo discutidos por profissionais muito preparados ou por meros curiosos. Podem ter assuntos sendo tratados sem nenhum interesse ou com viés totalmente interesseiro, buscando apenas “views” e “likes” para aumentar a dita “monetização” do assunto ou do autor.

E aí temos o problema. Aí é que se tem perigo.

Futebol e dinheiro se confundem. Futebol não é ciência exata onde dois mais dois sempre será quatro. Futebol não é gerido apenas por profissionais que detêm conhecimento técnico. Esse esporte gera e gira mais dinheiro do que qualquer outro produto de entretenimento. E dinheiro, nós sabemos, é a força motriz de todos os processos.

Como há a facilidade de se opinar a respeito, de se criar um canal, de se criar um “blog”, muitos o fazem. Sequer é requerido que os escribas ou apresentadores tenham as qualificações técnicas necessárias (como ser jornalista, por exemplo). Basta que seja torcedor do time A ou B, e que tenha boa didática (midiática, diria eu), para que seu veículo tenha boa aceitação e comece a formar opinião junto ao público que simpatiza com a mesma equipe que o mentor.

Vários e vários deles possuem bom propósito. São veículos que ali estão para fazer o papel necessário de análise de erros e acertos. São metódicos, assertivos e úteis.

Mas as facilidades das redes sociais, aliadas às monetizações possíveis, às incursões políticas junto aos clubes, aos privilégios que o futebol pode trazer e até ao poder manipulador de apoio (ou não) à alguma negociação do clube, distorcem o propósito por inteiro. Quando há interesses diversos, dissonantes ao propósito, a coisa fica “torta”.

Quase na totalidade das vezes quem fica refém dessas situações é o próprio clube. Se vê acuado por opiniões, atos, situações que foram geradas por interesses terceiros. Perde-se tempo, dificultam-se negociações e, fundamentalmente, perde-se DINHEIRO.

Não se deve, de modo algum, se buscar restringir qualquer opinião ou informação que seja levada as redes por qualquer veículo ou por qualquer “influencer”. Mas deve-se sim buscar responsabilizar a todos que publicam mentiras, fatos tendenciosos, “fake news” que venham a trazer prejuízo ao ecossistema do futebol.

Façamos nós aqui um exame rápido de tudo que lemos, vimos e ouvimos e que não era verdade ou não se concretizou nos últimos tempos, nos noticiários de nossos times do coração. Tenho absoluta certeza que todos nós, que amamos o esporte bretão, fomos envolvidos nessas “notícias” ou “opiniões” e caímos como patinhos, manipulados por gente que tem objetivos que não colidem com os objetivos de nossos clubes. Vendem imagem de guardiões do clube, quando na verdade estão trabalhando apenas em seu próprio propósito.

Façamos sempre, também, uma análise dos comentaristas, “influencers” e veículos que estão trabalhando de maneira correta. Opinando, mostrando e instruindo o caminho correto para os torcedores e para os clubes. Neles coloquemos muito mais “wiews” e “likes”. Não por eles estarem precisando. Mas pelo fato de preservarem o conceito de integridade moral que devemos apoiar e por estarem, estes sim, auxiliando os clubes para que fiquem melhores, mais sólidos e mais capazes.

As redes sociais não desaparecerão. O número de veículos e “influencers” só aumentará. Cabe a cada um de nós a decisão de ser alimentado por informações que contenham verdade. Fujamos dos midiáticos que querem trazer para si apenas os holofotes e deles se beneficiarem.