Depois de duas semanas ausente, volto a escrever sobre o nosso velho e bom futebol. Ausência justificada. Viagem em comemoração aos 30 anos de casamento com a mulher que é a sustentação do meu lar. Hoje em dia, não é nada comum termos casais comemorando datas como esta. O mundo mudou!
Mas voltemos ao nosso assunto de debate semanal. O maior produto de entretenimento do planeta terra. O esporte bretão. O futebol.
Ouço, por vezes, essa expressão que hoje dá título à nossa coluna: “nunca será só futebol”!
A mídia e a sociedade agregam toda e qualquer ação que tenha caráter de caridade, de compaixão, de amor, de respeito, de lutas sociais e de classe ao esporte. Tratam o produto como um veículo que pode agregar boas situações aos problemas e aos desafios cotidianos.
Não há como negar que “energias boas” advindas do universo futebolístico, podem amenizar o sofrimento, mitigar conflitos, diminuir dissabores. Isso é fato.
Mas a idade nos traz uma análise mais cética a respeito. Se analisarmos todas as ações que orbitam pelo ecossistema do futebol, todas elas são efêmeras, pouco profundas, até midiáticas. Trazem pessoas, problemas, conflitos para o lado do esporte dizendo que o futebol também é um “remédio” que ajuda nas resoluções, que ampara, que protege. Mas, até prova em contrário, essas ações aparecem na mídia, são feitas pelos clubes pois há uma “exigência” da sociedade e desaparecem até mais rapidamente do que foram implantadas. Elas não se perpetuam, não tem constância, não tem consistência.
O povo brasileiro tem perfil muito emotivo. Emociona-se facilmente com ações e/ou atitudes dos jogadores, clubes, federações, etc. Mas, o mesmo povo brasileiro, tem memória curtíssima. Esquece amanhã de tudo aquilo que foi feito ontem.
O que eu quero dizer com todo esse enredo? No fundo o futebol é só futebol mesmo! Ele é feito para atender interesses comerciais e financeiros. É feito para dar resultado. É feito para monetizar. É um produto e nada mais. Produto complexo, cheio de nuances, cheio de interesses, mas um produto!
Todas as outras situações que são colocadas nessa temática do “nunca será só futebol” são agregadas, em sua absoluta maioria, apenas para preencher programação de imprensa, para atender aos “mandamentos” da sociedade.
Se o dirigente tiver que optar por qualquer ação com caráter de caridade e humanitária ou uma ação que traga retorno financeiro, sempre escolherá o segundo caminho. O caminho que pagará as contas no final do mês. Ninguém deixará de ser mais ou menos Flamenguista, Corinthiano, Gremista, Cruzeirense, Coxa-Branca por conta de seu time ter aderido à essa ou àquela campanha de caridade, ter atendido pessoas carentes, ter se posicionado para lado A ou B. No final o que sempre vai contar é o resultado no campo. O futebol pelo próprio futebol.
Até penso diferente. Numa visão bem utópica, gostaria que pudéssemos fazer do futebol um instrumento de ajuda, de amparo. Mas o mundo não é assim. Se as coisas não estiverem correndo bem para o atleta, clube ou entidade, esses estarão longe das atividades do terceiro setor. Não darão a mínima bola para tudo isso. O futebol olhará para seu próprio umbigo apenas!
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