O nosso bom e velho futebol é, realmente, um produto que merece todo o “encanto” que possui e transmite. Ele contraria a lógica, às vezes.
Não houve situação em que não atrelamos dinheiro aos bons resultados, às boas campanhas e aos bons elencos. E não estávamos nunca errados. A mola propulsora desse nosso amado esporte foi, é, e será sempre a relação entre o investimento e o retorno financeiro.
Como podemos então falar do sucesso, em 2025, do Mirassol?
Debutante na série A, com orçamento enxutíssimo quando comparado aos gigantes. Hoje na frente de potências como Bahia (grupo Citi), Botafogo e Fluminense (que rechearam os bolsos em competições internacionais há pouco tempo), São Paulo e Corinthians (colossos do futebol brasileiro), Inter e Grêmio (com os maiores orçamentos do sul do país).
Simples resposta. Competência, aliada à ausência de política e politicagem.
Conheço o presidente do clube, o Juninho. Pessoa dura para se negociar e que tem os propósitos e objetivos bem definidos. Já está no comando há mais de década, sem ter que ser submetido aos revezes e às arapucas que o processo político de um clube de futebol possui. Não tem (ao menos até então) gente querendo minar o processo, desfazer a imagem do gestor para tomar o poder. Ele está lá para gerir e mostra que está desempenhando bem a tarefa. Se o “bichinho do ego e da vaidade” não o morder, tende a manter o Mirassol nesse processo de crescimento sustentável que estamos vendo.
Podemos fazer fácil analogia com o nosso Brasil, quando falamos do desempenho do Mirassol em comparação aos outros que citamos acima. De nada adianta, apenas e tão somente, ter-se um faturamento expressivo se os investimentos são mal feitos, mal projetados, mal estruturados e suscetíveis à corrupção. Algumas das grandes equipes brasileiras são reflexo das mazelas maiores que estão incrustradas no DNA brasileiro. Disputa por poder, dinheiro gasto erradamente, corrupção, “jeitinho brasileiro”, fazem parte da “receita de bolo” para que o país, os negócios e mesmo clubes de futebol não deem certo.
Temos dezenas de casos pelo mundo de países menores, que tem “faturamentos” muito menores e que proporcionam resultados expressivos para todos os seus habitantes. Curiosamente, boa parte desses países não cultuam o futebol como o brasileiro cultua. Parece que o futebol é mais adorado justamente onde as suas mazelas ornem com as mazelas do ecossistema em que ele habita.
Mas, voltando ao tema. Parabéns ao Mirassol. Parabéns ao Juninho. Que consigam continuar nessa curva ascendente, não deixando que fatores que não deveriam fazer parte do jogo entrem em campo.
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