O líder conservador Friedrich Merz se tornou chanceler da Alemanha nesta terça-feira, 6, após obter os votos necessários durante a segunda votação parlamentar. Na primeira tentativa, Merz fracassou ao conseguir 310 votos, 6 a menos que o necessário, e viveu um vexame histórico ao se tornar o primeiro candidato a chanceler alemão pós-2.ª Guerra a não se eleger de imediato.
O conservador assume o cargo no momento em que os laços da Europa com os Estados Unidos estão desgastados pelo governo de Donald Trump e o bloco tenta se reorganizar. Berlim é vista pelos aliados como um ponto vital para a estratégia de segurança europeia sem os EUA.
A nomeação põe fim a seis meses de impasse político na Alemanha, mas a derrota inicial lança dúvidas sobre a estabilidade da coalizão que formou seu governo.
O resultado do segundo turno da votação na câmara baixa do Parlamento alemão, o Bundestag, foi de 325 votos de 630 possíveis.
Para governar a Alemanha, o conservador formou uma coalizão entre o seu partido, o União Democrata Cristã (CDU), e o Partido Social-Democrata (SPD), do ex-chanceler Olaf Scholz. Como a votação desta terça foi secreta, não se sabe se quem retirou o apoio a Merz no 1.º turno eram dissidentes de seu próprio partido ou do SPD.
Após a derrota inédita, imagens de TV mostraram Merz saindo do plenário com uma expressão impassível. O ex-chanceler Olaf Scholz também foi visto na saída do plenário, fazendo gestos negativos com a cabeça.
O revés evidenciou a precariedade da coalizão alemã, que vai governar com uma maioria mínima, e a fragmentação política do Parlamento da Alemanha. O segundo maior partido do Bundestag é a Alternativa para a Alemanha (AfD), de extrema direita.
Os principais partidos do país se recusam a cooperar com a AfD, como parte de um consenso na Alemanha após a 2.ª Guerra para impedir a extrema direita de participar de qualquer governo.
A líder da AfD, Alice Weidel, declarou que a derrota inicial de Merz foi um “bom dia para a Alemanha” e pediu novas eleições federais. “Merz deve renunciar imediatamente e abrir caminho para novas eleições”, afirmou.
Foto: Reprodução vídeo X [@_FriedrichMerz]