O perito Eduardo Tagliaferro, ex-assessor de Alexandre de Moraes no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), rompeu com o magistrado, foi indiciado por vazar mensagens que revelaram o uso do TSE para munir inquéritos do Supremo Tribunal Federal (STF) e passou a se alinhar a bolsonaristas.
Entre aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Tagliaferro tornou-se um exemplo das arbitrariedades praticadas por Moraes.
O ex-assessor de Moraes é alvo de uma ordem de bloqueio de contas bancárias e ameaçou ir aos Estados Unidos para pressionar autoridades do país por mais sanções contra o ministro do Supremo.
“Um Eduardo incomoda muita gente, dois Eduardos incomodam muito mais”, publicou o perito, referindo-se à ação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por sanções ao Brasil e à autoridades brasileiras.
Em agosto de 2024, o jornal Folha de S. Paulo divulgou diálogos entre servidores da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação (AEED), órgão do TSE subordinado à presidência da Corte Eleitoral. Durante as eleições de 2022, o posto foi ocupado por Moraes.
As mensagens relevaram que a assessoria, então chefiada por Tagliaferro, foi acionada para munir inquéritos de Moraes no STF. Em nota, o gabinete de Moraes afirmou que, no curso dos inquéritos, fez solicitações a inúmeros órgãos, incluindo o TSE. Segundo o magistrado, todas as ações foram feitas seguindo os termos regimentais.
No mesmo mês da divulgação das mensagens, a Polícia Federal iniciou um inquérito para apurar o responsável pelo vazamento dos diálogos. Tagliaferro teve seu celular apreendido em agosto de 2024 e foi indiciado em abril de 2025.
O perito computacional passou a prestar serviços ao Poder Judiciário em 2017. Ele trabalhou nas áreas de tecnologia do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3) e das Cortes de Justiça dos Estados de Goiás, Santa Catarina, Minas Gerais, Paraná e São Paulo. O perito chegou ao TSE por indicação de Moraes em 2022.
O assessor foi exonerado da Corte Eleitoral em maio de 2023, após ser preso em flagrante em Caieiras, na Grande São Paulo, por violência doméstica.
A mulher do perito contou à polícia que Tagliaferro chegou em casa “alterado” e a ameaçou. Teve início uma discussão, em meio a qual o perito foi até seu quarto, pegou uma arma de fogo e disparou uma vez. Após o tiro, a mulher correu até a garagem com as filhas. O caso foi registrado como violência doméstica, disparo de arma de fogo e ameaça.
Como mostrou o Estadão, Eduardo Tagliaferro tem se aproximado do bolsonarismo. Até maio deste ano, as publicações no perfil do perito restringiam-se à sua vida profissional. A partir de então, o ex-assessor de Moraes passou a abordar temas como “perseguição política”, “censura” e “desequilíbrio dos Poderes”.
Além disso, Tagliaferro tem dado entrevistas para canais alinhados ao ex-presidente e reaproveitado os “cortes” para alimentar os seus perfis nas redes sociais. O perito ameaça expor novas conversas sobre supostos atos ilícitos e arbitrários de Moraes na presidência do TSE.
Foto: @edutagliaferro via Instagram
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