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SILVIO LOHMANN CABECA hojesc

Crise climática: o custo da indiferença

ESG destruicao meio ambiente

Um estudo da Queen Mary University, de Londres, revelou que as emissões resultantes dos bombardeios em Gaza – somadas aos impactos da limpeza e reconstrução – superam as emissões de gases de efeito estufa (GEE) de 100 países. Metade das nações do globo. Guerras são, portanto, uma ameaça para além da frente de batalha, se observadas sob o prisma climático.

É evidente que o maior custo de qualquer guerra – ou de desastres naturais – são as vidas perdidas pela indiferença, pela perda de humanidade e de compaixão. Mesmo sob a ótica limitada que considera apenas os aspectos ambientais, é preciso comparar os gastos armamentistas com o valor empregado na urgente missão de regenerar o planeta e aliviar o peso de quem mais sofre com a crise climática.

Em 2024, o mundo movimentou US$ 2,5 trilhões apenas em armamentos — sem contar os incentivos ao uso de combustíveis fósseis. Ao mesmo tempo, foi firmado um acordo para disponibilizar US$ 300 bilhões em apoio a planos de adaptação, mitigação e compensações por perdas e danos. O mínimo necessário, no entanto, foi estimado em US$ 1,3 trilhão.

“Dizem que não há dinheiro. Mas há trilhões sendo gastos em tudo que está agravando esta crise”, resume Tasneem Essop, diretora executiva da Climate Action Network (CAN), uma coalizão global com mais de 1.900 organizações da sociedade civil – entre elas, WWF e Greenpeace.

Durante encontro realizado em Bonn (Alemanha), como preparativo para a COP30, ela fez um alerta duro: sem um novo posicionamento sobre o uso de recursos financeiros, os debates climáticos correm o risco de se tornarem irrelevantes. “E quem pagará a conta não serão os líderes ou as elites – serão os mais pobres.”

Combustível nacional
A Agência Nacional do Petróleo (ANP) divulgou os dados consolidados do setor de petróleo, gás natural e biocombustíveis em 2024. As reservas provadas de petróleo cresceram 6%, somando 16,8 bilhões de barris. A produção caiu 1%, com 3,4 milhões de barris/dia. No caso do gás natural, as reservas provadas subiram 5,6% e a produção cresceu 2,5%, alcançando 153,2 milhões de m³/dia. A produção de biocombustíveis também registrou alta: o biodiesel cresceu 20,4% e o etanol bateu recorde, com 37 bilhões de litros. As vendas de etanol hidratado aumentaram 33,9%, impulsionadas pelos preços mais competitivos em relação à gasolina.

Clima brasileiro
O governo federal instituiu, por decreto, o Comitê Informação e Clima Brasil. O objetivo é tentar qualificar o debate climático com base em dados técnicos confiáveis, e evitar a perda de confiança pública sobre o tema. Às vésperas da Conferência do Clima da ONU (COP30), em Belém, a proposta busca conter a desinformação e fortalecer uma comunicação baseada em ciência. A coordenação ficará a cargo da Secretaria de Comunicação da Presidência, com apoio dos ministérios do Meio Ambiente e das Relações Exteriores, além de outros 12 órgãos considerados estratégicos.

Vale pioneira (I)
A Vale é a primeira empresa brasileira a adotar as normas IFRS S1 e S2, do International Sustainability Standards Board (ISSB), em seu relatório de sustentabilidade. O documento foi publicado com dois anos de antecedência em relação ao prazo estabelecido pela Resolução 193/23 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A diretriz exige, a partir de 2027, a divulgação de riscos e oportunidades relacionados a questões ambientais, sociais e de governança (ESG). A Vale reportou riscos como a precificação do carbono, a transição para energia 100% renovável até 2030 e os custos de frete. Também destacou oportunidades ligadas à transição energética e à crescente demanda por metais como níquel e cobre.

Força-tarefa
As normas IFRS S1 e S2 já são adotadas em 36 jurisdições (países ou estados) no mundo. O ISSB é um braço da Fundação IFRS, referência global em padrões contábeis. Em junho, a entidade lançou nova orientação para ajudar empresas a definir quais informações são realmente relevantes em seus relatórios. A iniciativa integra uma força-tarefa que reúne diversas instituições e tem como meta harmonizar e tornar mais práticos os requisitos globais de divulgação sobre sustentabilidade.

Diretrizes de sustentabilidade
Outra entidade que anunciou atualizações em seus conceitos de sustentabilidade foi a Global Reporting Initiative (GRI), com o lançamento dos novos Padrões de Mudança Climática e Energia. Bastante reconhecida pelas empresas, a GRI passou atuar de forma alinhada à IFRS. As organizações reconheceram a equivalência nas regras de divulgação de emissões de GEE (escopos 1, 2 e 3) e também têm trabalhado juntas em temas como transição justa e planos de adaptação climática.

Economia circular digital
O mercado global da economia circular digital deve movimentar US$ 8,6 bilhões até 2029 – quase o triplo dos US$ 2,9 bilhões registrados em 2024. A projeção é de crescimento anual médio de 24,2%, com expectativa de atingir US$ 25 bilhões em 2034. A economia circular digital integra práticas sustentáveis com tecnologias como inteligência artificial (IA), internet das coisas (IoT), blockchain e computação em nuvem. Essas ferramentas ajudam a otimizar recursos, promover a reutilização de produtos, melhorar o rastreamento de materiais e a gestão de resíduos nas cadeias produtivas. As informações são do relatório “Oportunidades e Estratégias de Mercado da Economia Circular Digital para 2034”, publicado na plataforma ResearchAndMarkets.com.

Insano e destrutivo
“Totalmente insano e destrutivo. Vai destruir milhões de empregos.” Foi assim que Elon Musk classificou o projeto de lei em discussão no Congresso dos Estados Unidos que prevê a revogação de diversos incentivos criados pelo governo Joe Biden para fomentar uma economia mais verde, com aumento da geração de energia limpa e do consumo de produtos sustentáveis.

É verão na Europa
O início da primavera virou verão intenso na Europa, com ondas de calor que ultrapassam os 40°C. Nesta semana, a Itália restringiu o trabalho ao ar livre, a França fechou escolas, e a Turquia retirou 50 mil pessoas devido a incêndios florestais. Espanha, Inglaterra, Alemanha e Bélgica também enfrentaram dias sufocantes. A Europa é hoje o continente que mais aquece no planeta, segundo o Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus, da União Europeia.

Foto: Levi Meir Clancy/Unsplash

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