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GLENN STENGER CABECA hojesc

Como conviver com as “bets”?

Nosso país possui algumas situações que são difíceis de se entender. No Brasil não se pode instalar cassino. O jogo de azar não é permitido. Apostas presenciais não podem acontecer.

Já as apostas virtuais, administradas por empresas que, na maioria das vezes, são constituídas por sócios “obscuros”, de nacionalidades “não habituais”, são permitidas. As casas de “bet” foram regulamentadas. Muito pelo fato de começarem a pagar impostos. Impostos esses que inflam o cofre de um governo federal populista e que precisa gerar receita para cobrir seus excessos.

Numa nação culturalmente evoluída essa fórmula já traz prejuízos aos cidadãos. O jogo inebria, vicia, corrompe. Imaginemos então na nossa frágil nação, com sua população predominantemente ignorante. A catástrofe é potencializada.

Já não são poucos os registros de desespero de quem muito perdeu com esse tipo de aposta e não possui horizonte algum de recuperação. Em muito pouco tempo o estrago já se avoluma.

Aí você liga a televisão e vê os principais narradores de futebol fazendo propaganda de casas de bet; abre a internet e vê todos os chamados influenciadores (detesto esse nome dado pois quem se deixa influenciar é muito pouco inteligente) chamando as pessoas para apostar; os campeonatos tem os nomes dessas casas de aposta; os clubes ostentam o nome delas em seus uniformes. Um verdadeiro bombardeio midiático para fazer o dinheiro sair do seu bolso e ir para o bolso deles.

Piorando ainda esse assunto, sabemos que regras rígidas de moral e bons costumes não são necessariamente as mais usadas pelo nosso povo. Sempre que se vê uma oportunidade de se ganhar um dinheirinho extra, sem muito esforço, usando o chamado “jeitinho”, o brasileiro se atira de cabeça. Não por menos, alguns jogadores de futebol foram pegos e tiveram suas carreiras prejudicadas por venderem alguma ação já pré-determinada e que daria lucro a alguém que apostasse nessa ação.

O “pântano” é tão grande que o camisa 10 de nosso selecionado está sendo investigado. Curiosamente, as maiores apostas em ação que ele praticou em um jogo, saíram da ilha em que ele nasceu e que tem vários amigos e ligações. Mas aí deve ser apenas um delírio, uma coincidência gigante (contém ironia…).

Voltando ao tema. Ganham muito dinheiro com as chamadas bets: as casas de aposta, os influenciadores, os narradores, a mídia, alguns clubes, as federações e confederações.

Quem perde nesse processo é o “produto futebol”. Perde porque o investimento não é nele mesmo. Perde devido à falta de credibilidade que cada vez estará mais latente; toda polêmica suscitará suspeita. Perde porque futebol é produto de entretenimento e não produto de indústria de jogo de azar.

O melhor modo de se conviver com elas é retirando por completo as mesmas de nosso esporte!

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