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Santa Catarina

ELIZABETH TITTON CABECA hojesc

Aqui, na minha coluna “Arte Importa?” para o jornal HojePR, agora também, no HojeSC, gostaria de falar sobre quanta riqueza e arte de Santa Catarina trouxe para as nossas vidas.

A começar pelo nome que assino em minhas obras e que veio pelo meu casamento com o Dr. João Alceu Titton, clínico geral e reumatologista, o “Dr.House” do Hospital de Clínicas em Curitiba, excelente professor, com seus diagnósticos corretos e precisos. Pai dos meus três filhos, nasceu, fruto do casamento entre David Titton e Maria Rosália Leoni Titton, em Videira a terra da uva. Lá, aprendemos a conhecer a arte de fazer vinhos, na cantina do tio Carlos Leoni, os vinhos Tupy, e a amar os doces caseiros produzidos com carinho pela saudosa “nona” Dona Maria Rosália. Os frutos, recolhidos do quintal, eram transformados no inesquecível doce de figo, que ficava cristalizado por cima e era guardado em caixas de madeira. Arte e conhecimento que acredito não mais serem mais possíveis encontrar. Naquela casa, cujo chão de tábuas brilhava, sob os cuidados da Tia Ilda que, ao chegar do colégio (onde era professora querida), tratava de manter tudo impecável. As crianças brincavam, enquanto aguardavam a hora de ir ao parreiral da tia Rosa colher e saborear as várias espécies de uvas sob a sombra das videiras, que, às vezes, se ouvia dizer, havia sido derrubado pelo mau tempo.

Painel “Operários e Ciclistas de Joinville”, Juarez Machado, 1965 – acervo Simões de Assis Galeria – imagem do catálogo da mostra 2014- Coluna Reinaldo Bessa. Curitiba-PR

Em nossa casa, aqui em Curitiba, as portas de entrada trazem a lembrança do padrinho do João Alceu, Altair Balvedi e seus irmãos: João Olize, Wilson, Terezinha, Carlos, Carmem, Regina (os que me lembro), guerreiros da cidade de Caçador que, com muito trabalho e a perseverança característicos da herança italiana dos Possamai, construíram a grande SINCOL (1943), beneficiando madeira e construindo casas. Hoje, são fabricantes e exportadores de portas de madeira de lei, produzidas a partir do olhar visionário de quem ousou se preocupar com as árvores e sua natureza, criando um reflorestamento de imbuia. As várias gerações perseveram nessa arte – portas, produzidas com qualidade e beleza, que abrem muitas casas de famílias no Brasil e no exterior.

Artista Heliana Grudzien e sua obra na mostra “Viajantes”, em exibição no Instituto Internacional Juarez Machado até novembro próximo. Joinville-SC.

Ainda falando da família, meu filho, João Eduardo Titton, após seu mestrado em violino na Universidade de Cincinnati (CCM – College and Conservatory of Music), EUA, prestou concurso para professor de violino na UDESC – Universidade do Estado de Santa Catarina, em Florianópolis. Aprovado, lá se foi viver na linda terra de seus antepassados. Amante do mar e da música, João encontrou em Manoela de Borba Titton, catarinense de Blumenau, mulher inteligente, profissional competente, mestre em jornalismo, psicanalista e mãe amorosa, a sua parceira. Juntos, trouxeram para enriquecer a família e o mundo, o “manezinho da Ilha”, meu netinho Pedro. Este, amante da beleza, dos livros, da música e dos esportes radicais (possíveis para os seus 5 anos), tem se dedicado também à arte da cozinha na produção criativa de bolos e biscoitos “inventados”. João, com seu violino, se apresenta nos palcos e festivais de Santa Catarina e pelo mundo afora, com grupos de câmara ou como solista, mas sobretudo espalha conhecimento e amor pela música de qualidade em suas aulas, projetos e na coordenação da orquestra da UDESC. Hoje é doutorando na UNICAMP.

O artista Edson Machado, gestor do Instituto Internacional Juarez Machado – lançando seu livro ”Quem tem medo da Cultura” 2024. Joinville-SC

Ainda pelas mãos da família, agora de meu pai, Mario Dias, chegaram à nossa casa, os lindos desenhos do catarinense, mundialmente conhecido, Juarez Machado, que na época (anos 60) era um jovem estudante de arte da Escola de Música e Belas Artes do Paraná. No esfumado marrom sobre as folhas de papel, pairavam as mulheres, traçadas com incrível leveza, sobre círculos sobrepostos, que imagino eu, seriam uma referência às bicicletas de Joinville, sua cidade natal, onde, hoje, pode-se visitar o importante e dinâmico espaço o cultural – Instituto Internacional Juarez Machado – gerido com amor e muita eficiência por Edson Machado, ele mesmo artista e homem da cultura, que, aliás, acaba de lançar seu livro “Quem tem medo da cultura”. O Instituto, além de divulgar as obras dos irmãos, dá oportunidade a outros bons artistas de mostrar suas obras, ou curadorias, para o público da cidade e visitantes interessados. Sábado passado, 24 de agosto, foi inaugurada a mostra “Viajantes” da fantástica artista e ilustradora Heliana Grudzien, sob a curadoria do também artista plástico, Marcos Bento.

Vou encerrando aqui esse primeiro pequeno passeio pelas ricas e belas terras catarinenses, produtoras de gente tenaz, artistas, amantes da beleza do estado, com sua encantadora natureza, e muita arte. De minha parte só tenho a agradecer tudo o que a terra de Santa Catarina tem me oferecido.

(Ilustração de abertura: Bodas de Ouro de Joana e César Leoni (e família) – Videira, SC)