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GLENN STENGER CABECA hojesc

Chutar cachorro morto é fácil!

Dias atrás falei aqui sobre a impossibilidade de nossa seleção não ir à Copa do Mundo. Mesmo com todos os desmandos, com a falta de competência e profissionalismo que envolvem a CBF.

Exercício de “futurologia”? Não! Constatação pura!

O sistema todo (movido com muito dinheiro) colocou à frente da entidade uma figura sem representatividade. O presidente atual não entende o processo e suas preocupações são periféricas. Mas ele tem o principal adjetivo que o sistema precisa. Não atrapalha! Não atrapalhando, o sistema continua agindo como quer.

E qual o motivo de se ter à frente do processo alguém que não incomode? Simples. A seleção sempre será um mar de dinheiro e participará de todas as competições.

Por sua própria competência ou por ação direta da confederação que a representa? Não! Pelos motivos mais lógicos e claros. As eliminatórias são fraquíssimas e não há nenhum outro ser humano no mundo que reúna todas as condições necessárias para se jogar futebol como o brasileiro possui. A disputa é desigual.

Farei algumas comparações. Temos em nosso país, no basquete, abundância de jogadores com 2 metros ou mais, fortes e com agilidade? Temos abundância de tenistas com capacidade de treinar 8 horas diárias, 6 dias na semana, sem perder o foco e a disciplina? Temos abundância de atletas que praticam as mais variadas modalidades de corrida por serem esguios e possuírem musculatura apropriada para bom desempenho? A resposta é: não! Temos alguns “exemplares” que se destacam. Mas não temos material humano que proporcione constantes posições de destaque nessas modalidades.

Já no futebol é diferente. Temos a predisposição física que o esporte precisa. Temos a capacidade de treinar apenas o quanto o esporte exige (que é bem menor que muitos outros). Temos o nível mental necessário (que também é bem menor que a exigência em outras modalidades). Temos a dita “malandragem” que o futebol pede. E tudo isso em abundância. Muito material para ser trabalhado por todo o País.

Poucas (arrisco dizer que quase nenhuma) nações do globo tenham no seu DNA todas as características necessárias para produzir atletas de futebol, em quantidade, como temos no Brasil. E isso torna a competição desigual. Seria como nós brasileiros competirmos no basquete com os americanos, no tênis com os europeus e nas corridas com quenianos ou jamaicanos.

Voltando ao mote principal. O sistema sabe disso. Sabe que nunca ficaremos fora de nada pois o processo anda por si só. Por mais que a “cartolagem” atrapalhe, no final a seleção sempre estará ponteando os rankings, estará à frente nas competições.

As seleções que hoje estão disputando eliminatórias não tem (na impactante maioria) representatividade, dinheiro, cultura, condições de treinamento e, sobretudo, material humano, que propicie disputar vaga com nosso selecionado de igual para igual.

A expressão do título é pesada. Obviamente que as seleções sul-americanas não são “cachorros mortos”. Mas creio que ficou claro para todos que a disputa é desigual. E que os “donos da bola” sabem disso. E que também não pretendem fazer muito para que o processo todo mude!

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