Para uma banda, lançar seu segundo álbum, após o primeiro ser sensacional, é uma tarefa difícil. Muito difícil. Porém o Audioslave conseguiu. Ao lançar Out of Exile, seu segundo álbum, em maio de 2005, portanto completando 25 anos, a banda se afirmou no cenário mundial como um supergrupo. Chris Cornell (Soundgarden, Temple of the Dog) nos vocais, e os instrumentistas do Rage Against The Machine, Tom Morello nas guitarras, Tim Commerford no baixo e Brad Wilk na bateria, mostraram ao mundo como se faz música nos anos 2000, década com pouca criatividade no rock. A produção ficou com o mago Rick Rubin. Vendeu mais de 2 milhões de cópias.
A abertura do álbum, Your Time Has Come, já impõe energia, com um riff cortante de Tom Morello e uma levada contundente. Cornell canta com autoridade, e a letra parece falar sobre mudança e redenção. O solo de Morello é característico, cheio de efeitos criativos. Um ótimo começo.
Out Of Exile, a faixa-título, tem um clima mais soturno, com um groove pesado e vocais melódicos. A letra sugere um renascimento, uma fuga de um estado opressivo. “I only leave you now to find my way”. O refrão é espetacular, e o trabalho de baixo de Tim Commerford se destaca.
Um dos maiores hits da banda, Be Yourself, tem uma mensagem direta sobre autenticidade. A levada é mais contida, quase uma balada de rock, mas com peso emocional. Cornell entrega uma performance vocal arrebatadora, e o solo de Morello é inesquecível. “Yeah, And to be yourself is all that you can do, Hey, To be yourself is all that you can do.”
Doesn’t Remind Me é uma das faixas mais experimentais do álbum, com uma batida quase folk-rock e letras que falam sobre buscar beleza nas pequenas coisas. O riff é simples, mas viciante, e a produção permite que a voz de Cornell brilhe.
Drown Me Slowly retoma o peso com um riff sujo e uma atmosfera densa. A letra é introspectiva, com Cornell cantando sobre desespero e redenção. O ritmo é arrastado, propositalmente, criando uma sensação de afogamento, como sugere o título.
Heaven’s Dead é uma das faixas mais subestimadas do álbum. Começa com um arranjo melódico e vai se tornando cada vez mais intensa. A letra é sombria: “Heaven’s dead, and now the sky is falling” e o instrumental é impecável, com Brad Wilk ditando um ritmo implacável na bateria.
The Worm é um blues-rock pesado, com um riff sujo e vocais rasgados. A letra é enigmática, mas a energia é inegável. Morello solta alguns dos seus efeitos mais criativos aqui, e o baixo de Commerford é essencial para o groove.
Man Or Animal é uma das faixas mais brutas do álbum, com um riff inigualável. A letra questiona a natureza humana: “Are you man or animal?”, e Cornell grita com fúria controlada.
Yesterday To Tomorrow é uma balada poderosa, com uma construção emocional crescente. A letra fala sobre superação, e o refrão é um dos mais memoráveis do álbum. O solo de Morello é cheio de alma.
Dandelion é mais suave, quase acústica, com uma letra poética e melancólica. Mostra a versatilidade da banda, equilibrando delicadeza e peso.
#1 Zero é outro destaque do álbum, com um riff marcante e uma levada pulsante. A letra é abstrata, mas a energia é avassaladora. O final instrumental é explosivo.
The Curse encerra o álbum. Tem um clima épico, com vocais dramáticos e uma construção lenta até um clímax poderoso. Uma ótima conclusão para um álbum repleto de altos e baixos emocionais.
Out of Exile é um álbum mais maduro e coeso que o de estreia, mostrando o Audioslave em plena forma. Embora não tenha o impacto revolucionário do primeiro disco, ele compensa com maior profundidade emocional e variedade sonora. As letras de Cornell são introspectivas, os riffs de Morello continuam únicos, e a seção rítmica é impecável. Um álbum excelente de rock’n’roll. Do bom e velho rock’n’roll.
Leia outras colunas do Marcus Vidal aqui.