Em meio às dunas áridas do Deserto do Atacama, no Chile, a campanha Atacama Fashion Week chama atenção para um problema ambiental global: o excesso de descarte de roupas, especialmente na América Latina. A iniciativa utiliza o deserto como uma passarela simbólica para denunciar uma prática comum de países europeus e dos Estados Unidos, que enviam toneladas de roupas usadas ou rejeitadas para nações em desenvolvimento.
Além do deserto chileno — que anualmente recebe cerca de 59 mil toneladas de produtos têxteis via porto de Iquique —, Peru e Quênia também figuram entre os destinos do lixo têxtil oriundo do chamado “primeiro mundo”. Parte desse material, principalmente roupas de fast fashion, é revendida em mercados informais. Contudo, a maior parcela é simplesmente abandonada, formando uma montanha visível até do espaço.
O Atacama, conhecido como um dos lugares mais secos do planeta, tornou-se símbolo da crise provocada pela indústria da fast fashion — modelo de consumo que estimula a compra e o descarte rápidos. A campanha busca conscientizar consumidores e pressionar a indústria por práticas mais sustentáveis.
O Atacama Fashion Week é organizado pela ONG Desierto Vestido, com apoio da Fashion Revolution e do Instituto Febre. A concepção criativa do projeto é da agência brasileira Artplan, com produção visual da Sugarcane Filmes e do fotógrafo Maurício Nahas.
Brasil reconhecido (I)
O filme “Ainda Estou Aqui!” abriu a série de reconhecimentos internacionais a trabalhos brasileiros em 2025. Após ser premiado em Hollywood, foi a vez da ciência ganhar destaque. A bióloga Yara Barros, que lidera um projeto de proteção a onças no Parque Nacional do Iguaçu, recebeu o Oscar Verde, concedido pela Fundação Whitley. Já o antropólogo e professor Eduardo Brondízio, titular de Antropologia Ambiental na Universidade de Indiana (EUA), conquistou o Prêmio Tyler, conhecido como o “Nobel do Meio Ambiente”, pelo trabalho em defesa das comunidades ribeirinhas e dos povos tradicionais na conservação ambiental e no desenvolvimento de políticas de sustentabilidade.
Brasil reconhecido (II)
Por fim, a engenheira agrônoma e pesquisadora brasileira Mariangela Hungria foi laureada com o Prêmio Mundial da Alimentação (World Food Prize), considerado o “Nobel da Agricultura”. Pesquisadora da Embrapa Soja, em Londrina, Mariangela há quatro décadas estuda soluções biológicas para substituir fertilizantes químicos nas lavouras de soja, milho, feijão e trigo. Segundo a Embrapa, as tecnologias desenvolvidas por Mariangela geram ao Brasil uma economia de até US$ 25 bilhões anuais na compra de insumos químicos e evitam a emissão de 230 milhões de toneladas de CO₂.
Eletricidade brasileira (I)
Desde 21 de maio, o Brasil conta com um novo marco regulatório para o setor elétrico. Por meio da Medida Provisória 1.300/25, o governo federal alterou regras do mercado. A primeira mudança amplia o acesso à gratuidade na conta de luz: agora, famílias com consumo mensal de até 80 kWh inscritas no CadÚnico terão direito ao benefício — antes, o limite era de 50 kWh. A estimativa é de que 16 milhões de brasileiros sejam beneficiados, entre eles pessoas com deficiência, idosos, indígenas e quilombolas. O custo está estimado em R$ 3,6 bilhões.
Eletricidade brasileira (II)
A MP também prevê a liberdade de escolha para o consumidor, inclusive residencial, quanto à origem da energia consumida. A medida permite que residências e pequenos comércios escolham seu fornecedor, prerrogativa hoje exclusiva de grandes consumidores. A abertura do mercado será gradual, respeitando os contratos vigentes e o tempo necessário para a adaptação do setor. Indústrias e comércios poderão solicitar a migração de empresa a partir de agosto de 2026, enquanto consumidores residenciais deverão aguardar até dezembro de 2027. A MP precisa ser votada em até 120 dias pelo Congresso Nacional. Caso contrário, perderá a validade.
Vendas elétricas
As vendas globais de carros elétricos devem ultrapassar 20 milhões de unidades em 2025, o que significa que um em cada quatro veículos comercializados no mundo não utilizará combustíveis fósseis. A projeção é da Agência Internacional de Energia (AIE), que divulgou a nova edição do relatório anual Global EV Outlook. Segundo a publicação, no primeiro trimestre deste ano, as vendas de elétricos cresceram 35% em relação ao mesmo período de 2024, “apesar dos recentes ventos contrários que pressionaram o setor automotivo”.
Custo x benefício (I)
A AIE informa que o preço médio de um carro elétrico caiu em 2024, impulsionado pela concorrência e pela redução nos custos das baterias. Na China, dois terços de todos os carros elétricos vendidos no ano passado tiveram preços inferiores aos de veículos convencionais equivalentes. Na Europa e nos Estados Unidos, os preços seguem mais elevados, mas há compensações. A agência calcula que, mesmo com o petróleo a US$ 40 por barril, um consumidor europeu gastará, na operação de um carro elétrico, a metade do que gastaria com um veículo a combustão.
Custo x benefício (II)
O relatório dedica um capítulo especial aos caminhões elétricos e seus custos. A conclusão é que as vendas desse segmento cresceram cerca de 80% no ano passado no mundo, representando 2% da frota comercializada. A China também lidera neste campo, dobrando o volume de caminhões elétricos lançados no mercado. Apesar do preço de aquisição ainda mais elevado, os custos operacionais significativamente mais baixos explicam esse avanço.
Mundo quente
Abril de 2025 foi o segundo mês de abril mais quente da história, com temperatura média global de 14,96°C — 1,60°C acima da média histórica para o mês entre 1991 e 2020. A informação é do Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus. Em comparação com a era pré-industrial, o aumento foi de 1,51°C. O monitoramento revela que este foi o 21º aumento de temperatura global nos últimos 22 meses, e o nono consecutivo a ultrapassar o limite de aquecimento estabelecido pelo Acordo de Paris.
(Foto: Maurício Nahas)
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