Centrão desembarca do Governo Lula e pensa em como ganhar com o futuro; esquerda deve navegar em navio único para enfrentar esquadra da direita no ano que vem
Homens ao mar! Ao que tudo indica, a bandeja de frutos do mar entre Congresso Nacional e o governo Lula azedou de vez e a batalha naval pela cadeira presidencial em 2026 iniciou oficialmente na última quarta-feira (25).
E nesse sentido, o mar não está pra peixe. A aprovação do aumento do número de deputados federais de 513 para 531, pelo Senado Federal, e a derrubada do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), pela Câmara dos Deputados, no mesmo dia, sinalizam que o motim do Centrão – esse grande tubarão faminto por emendas – desembarcou do navio petista. Algo que estava se desenhando com a impopularidade crescente do “almirante” Lula nos últimos meses e detectada pelos institutos de pesquisa de todo o País.
Os presidentes das duas casas, Alcolumbre (Senado) e Motta (Câmara), mostraram que são velhos lobos do mar e não marujos de proa – atitudes que fariam Capitão Gancho (lendário antagonista de Peter Pan) desconfiar de ambos.
Novos almirantes, capitães e marinheiros
A direita se aglutina para encampar um ou mais nomes nesta nova fragata. Ratinho Júnior (PSD), Ronaldo Caiado (União), Romeu Zema (Novo), Eduardo Leite (PSD) e Tarcísio de Freitas (Republicanos) devem enfrentar o líder petista, que deve ser candidato através de uma possível Federação entre PT, PV, PSB, PSol-Rede, PDT, PCdoB e parte do MDB.
E o capitão Bolsonaro?
O líder do PL sabe como funciona o confronto do jogo político e não é marinheiro de primeira viagem. Deve trocar a sua anistia pelo apoio e nada mais. Continua sendo um cabo eleitoral forte, mas sem chance jurídica alguma de concorrer em 2026.
Dessa forma, o adversário de Lula deve ser um dos governadores citados, com mais chances para Tarcísio e Ratinho Junior.
Tormenta à vista
Por outro lado, o momento não é bom para o Partido dos Trabalhadores, que pode ver o barco afundar. PDT e PSB ainda podem velejar sozinhos e formar uma nova Federação com a possibilidade de Ciro Gomes sair novamente como candidato a presidente. A necessidade de corte de gastos e a conjuntura econômica mundial podem enfraquecer Lula e fazer ele chegar sem fôlego, cansado de tanto remar, e ver a disputa morrer na praia no ano que vem.
Mar calmo nunca fez bom marinheiro
É bom sempre lembrar que Lula já enfrentou tempestades em alto mar, sabe como reverter situações adversas e venceu três eleições presidenciais. Sempre guiados pelos faróis marítimos do momento, os petistas entendem o mecanismo macro de uma eleição presidencial, ainda têm militância e organização para uma disputa acirrada.
Piratas, tesouros e sereia
Sabendo disso, o Centrão já não esconde, mesmo sem admitir, a intenção de apoiar um candidato de direita. Obviamente, os cálculos são realizados para uma possível precificação de apoio futuro – quem quer que seja o novo presidente deverá ceder aos encantos da sereia.
Brasília sempre pensa na perspectiva de balcão de negócios, não se engane. Tudo passa pelo pragmatismo da máxima “o que eu vou ganhar com isso?”. É a lógica do pirata de olho no tesouro, mesmo que essa caravela chamada Brasil naufrague.
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