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SILVIO LOHMANN CABECA hojesc

Agropecuária brasileira de baixo carbono estará na COP30

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A COP30, que será realizada em Belém, a partir da segunda semana de novembro, vai abrigar a AgriZone, um espaço dedicado à inovação sustentável no campo, com destaque para as tecnologias da Embrapa e de empresas parceiras. Serão 400 atividades técnicas, com a apresentação de 45 cultivares e 30 sistemas agropecuários sustentáveis.

Reconhecida mundialmente, a Embrapa mostrará uma vitrine viva de sistemas produtivos sustentáveis para carne, soja, leite, milho, sorgo e trigo. Os visitantes poderão conhecer técnicas que reduzem as emissões de gases de efeito estufa, aumentam o sequestro de carbono no solo e aplicam protocolos de certificação de baixo carbono.

Entre as inovações, destaque para um milho transgênico que reduz o uso de inseticidas químicos e para o sorgo BRS 3002, híbrido de alta produtividade e resistência a doenças, com potencial de colheita superior a seis toneladas por hectare.

A AgriZone também exibirá as leguminosas Mandarim e Guatã, utilizadas na recuperação de pastagens degradadas e na redução das emissões de metano por bovinos — estudos apontam até 70% de redução de gases por quilo de ganho de peso animal. Outro destaque será a Prova de Emissão de Gases (PEG), que demonstra avanços genéticos na seleção de bovinos mais eficientes e menos emissores.

Exemplo de circularidade (I)
O Brasil reciclou 97,3% das latas de alumínio para bebidas em 2024 — o equivalente a 33,9 bilhões de unidades ou 417,7 mil toneladas. O índice não é novidade. Há 16 anos o Brasil mantém uma taxa de reciclagem de latinhas acima de 96%, que está entre as maiores do mundo. O sucesso vem de uma cadeia estruturada de coleta e valorização do material, que envolve catadores, cooperativas e grandes operadores.

Exemplo de circularidade (II)
O reuso do alumínio também impressiona: 57% do metal produzido no Brasil é reaproveitado, o dobro da média global (28%). Isso representa 1 milhão de toneladas de produtos feitos com alumínio reciclado.
Os dados são da Associação Brasileira do Alumínio (ABAL) e da Associação Brasileira da Lata de Alumínio (Abralatas), compilados pela Recicla Latas. O modelo brasileiro atrai investidores internacionais interessados em cadeias sustentáveis e matéria-prima mais acessível.

Soluções em hidrogênio
O Laboratório de Hidrogênio (LabH2), recém-inaugurado pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) de São Paulo, será um centro de pesquisa, certificação e formação de especialistas em energia limpa. O espaço vai desenvolver soluções para produção, armazenamento e uso seguro do hidrogênio, com foco em setores intensivos em energia, como transporte, siderurgia, cimento, vidro e aviação. O objetivo é acelerar a transição para uma economia de baixo carbono, substituindo combustíveis fósseis e reduzindo as emissões globais de gases de efeito estufa.

Mina menos fóssil (I)
A transição energética avança no coração da Amazônia. Em Paragominas (PA), a Norsk Hydro, gigante global do alumínio, está eletrificando a frota de caminhões da mina de bauxita. Até 2026, 20% dos veículos serão elétricos ou híbridos, o que representa 239 mil toneladas de CO2 evitadas por ano. A energia virá de um parque eólico próprio de 456 MW, unindo descarbonização e economia: cada caminhão elétrico tem custo de recarga equivalente a apenas um quinto do gasto com diesel. Os veículos transportam até 70 toneladas por viagem, mostrando a viabilidade industrial dessa nova etapa.

Mina menos fóssil (II)
Os caminhões usados pela Norsk Hydro foram fabricados pela Sany, uma das maiores produtoras mundiais de máquinas pesadas, que vem ampliando sua linha de equipamentos elétricos. O grupo também atua em energia renovável, com a Sany Renewable Energy, que expande operações no Brasil — país que será o hub latino-americano da companhia. Entre os destaques tecnológicos estão turbinas eólicas de 195 metros de altura e capacidade de até 8 MW por unidade.

Hidrogênio de guerra
Mesmo com o ceticismo de parte das autoridades americanas sobre energia limpa, a Unidade de Inovação de Defesa dos EUA investe em hidrogênio para uso militar. O projeto EHOSS (Expeditionary Hydrogen On Ship & Shore) desenvolve um gerador modular em contêiner, capaz de produzir, armazenar e distribuir hidrogênio a bordo de navios ou em bases terrestres. O sistema deve gerar mais de 20 quilos diários de hidrogênio puro, criando uma microcadeia autossustentável de abastecimento para balões e drones de vigilância. O combustível garante mais autonomia, menor ruído e menos dependência de combustíveis fósseis, reduzindo riscos logísticos em operações remotas.

(Foto: Coralie Meurice/Unsplash)

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