DESTAQUE DA REDAÇÃO
Pular para o conteúdo


MARCUS VIDAL CABECA hojesc

AC/DC mostra sua potência

Com certeza um dos álbuns mais viscerais do hard rock é Powerage, quinto álbum de estúdio, do AC/DC. Lançado em 28 abril de 1978 marcou com seu peso e ferocidade, que já era peculiar à banda. Contando com os irmãos Angus Young e Malcolm Young (guitarras), Bom Scott (vocais), Phil Rudd (bateria) e o com o novato Cliff Williams (baixo), a banda definiu o hard rock que viria a se consagrar nos anos 1980. A produção ficou com Harry Vanda e George Young, irmão mais velho de angus e Malcolm.

 

acdc powerage

 

A abertura do álbum, Rock ‘n’ Roll Damnation, já mostra a pegada da banda em alta voltagem. Com um riff espetacular e uma levada dançante, a canção fala sobre viver a vida sem se importar com as críticas. A inclusão de palmas e o uso de um violão acústico sutil no fundo dão um toque diferente ao som da banda. O solo de Angus é rápido e afiado, e a voz de Bon Scott é tão provocante quanto sempre.

 

 

Down Payment Blues é uma das canções mais pesadas e bluesy do álbum, com um riff lento e arrastado que lembra os velhos tempos do blues elétrico. Bon Scott canta sobre dificuldades financeiras: “I know I ain’t doin’ much, But doin’ nothing means a lot to me”, mostrando seu lado lírico mais sarcástico e desesperado. A jam no final, com Angus solando sobre a base sólida de Malcolm, Cliff e Phil, é hipnótica.

Gimme A Bullet é uma canção sobre um amor perdido, mas com a metáfora agressiva de uma bala como solução para a dor. O riff principal é simples, mas eficaz, e a bateria de Phil mantém a cadência perfeita. Bon canta com um misto de raiva e melancolia, e o solo de Angus é curto, porém impactante.

Riff Raff é um dos maiores clássicos da banda e uma das canções mais brutais do álbum. O riff de abertura é um dos mais pesados da banda, e a energia da música é incontrolável. Bon Scott grita como um louco, e a seção rítmica está no seu melhor. O solo de Angus é caótico e perfeito, refletindo o título da música, que significa “gente esquisita” ou “confusão”.

Sin City é outra faixa icônica do álbum, com um riff memorável e uma letra sobre os perigos e tentações de uma cidade corrupta: “You can check out any time you like, But you can never leave”, uma possível referência ao Hotel California do Eagles. A atmosfera é pesada e suja, combinando perfeitamente com o tema. O solo de Angus é cheio de feeling e destaca-se como um dos melhores do álbum.

 

 

What’s Next To The Moon é uma das canções mais diferentes da banda, com um riff de abertura quase folk-rock e uma letra inspirada em uma lenda de cowboy. Bon canta com uma entonação mais melódica, e a música tem uma estrutura menos convencional para a banda. Destaque para o solo bluesy de Angus.

Gone Shootin’ é lenta e grooveada, com um riff pesado e uma letra sobre uma mulher viciada em drogas: “She’s got her daddy’s shotgun…”. O clima é sujo e sensual, e a bateria de Phil é impecável. O solo de Angus é cheio de emoção, e a canção tem um dos melhores grooves do álbum.

Up To My Neck In You é outra com um riff poderoso e uma letra sobre estar completamente envolvido em um relacionamento (ou vício). A energia é alta, e o refrão é fácil de cantar junto. O solo de Angus é curto, mas eficiente.

Kicked In The Teeth, faixa de encerramento, é uma pancada direta, com um riff agressivo e uma letra sobre traição: “You been kicked in the teeth too many times!”. A bateria é destruidora e o solo de Angus é rápido e furioso. Um final perfeito para um álbum repleto de peso e potência.

 

 

Powerage é um álbum essencial para quem quer entender o AC/DC no seu estado mais puro. Não teve o mesmo sucesso comercial de Highway to Hell (1979) ou Back in Black (1980). É o preferido de músicos como Slash (Guns N’Roses), Keith Richards (The Rolling Stones) e Paul Stanley e Gene Simmons (Kiss). Sem grandes produções, apenas rock ‘n’ roll sujo, pesado e cheio de personalidade. O bom e velho rock’n’roll.

Leia outras colunas do Marcus Vidal aqui.