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luis mario luchetta coluna hojesc

Abstenção nas eleições preocupa e sinaliza desafios de engajamento e interesse para 2026

As eleições de 2024 ficaram marcadas, entre outros aspectos, por índices históricos de abstenção. Tendo passado o pleito, incluindo o segundo turno, fica a necessidade de reflexão sobre esse comportamento constatado este ano. É preciso observar esse cenário já de olho em 2026, ano de uma eleição estratégica, em que o baixo interesse de eleitores pode significar riscos ainda maiores.

No primeiro turno das eleições de 2024, mais de um quinto do eleitorado se absteve, englobando mais de 30 milhões de brasileiros aptos a votar, que decidiram faltar. Os números são tão expressivos que poderiam ter alterado o resultado das eleições em mais de 2,7 mil cidades. Ou seja, o resultado das urnas poderia ser outro, se a abstenção inexistisse ou fosse consideravelmente menor. No segundo turno, os índices também foram gritantes.

Em Curitiba, por exemplo, 432 mil eleitores não foram às urnas no segundo turno. A abstenção ultrapassou a votação de Cristina Graeml (PMB), que teve 390 mil votos, ficando em segundo lugar. No primeiro turno, o índice já havia sido alto, em Curitiba, com 394.912 eleitores se ausentando. Cenários similares foram registrados em outros lugares do País, demonstrando que não se tratou de realidades isoladas.

Olhando para este contexto, parece-nos uma soma de fatores, que passam pelo desinteresse cada vez maior pela política, o descrédito com o processo eleitoral e o sentimento de não representatividade pelos candidatos que se apresentam para o pleito. Esse distanciamento, essa dormência, porém, ao invés de um remédio, se torna um veneno. Afinal, esta expressiva parcela da população deixa para outros a decisão e aumenta as chances de equívocos ou desconexão entre o efetivo desejo da maioria e o resultado das urnas.

Em 2026, iremos escolher o presidente da república, governadores, senadores, deputados federais e estaduais. Todos nós, cidadãos interessados em um Brasil melhor, precisamos desde já nos dedicarmos em encontrar meios de engajar ao máximo a população, mostrando que a política é o caminho real e efetivo para a transformação social que todos almejamos, mesmo que por caminhos ideológicos diferentes.

É fundamental, acreditamos, um envolvimento das entidades que podem (e devem) motivar e inspirar uma participação política ampla e consciente. Entendemos que, assim como é relevante o interesse e a participação da população, é fundamental que ocorra com consciência e senso crítico, para uma capacidade adequada de escolha. O ano de 2026 está quase aí, caso inexistam ações para estancar esse distanciamento de uma expressiva parcela da população, podemos ter um processo eleitoral ainda mais enviesado e viciado.

Iniciemos este trabalho com as pessoas ao nosso redor, com as entidades em que estamos e façamos nosso papel de, mesmo diante dos absurdos que muitas vezes ocorrem no meio político, demonstrarmos que é só por meio desse espaço que temos condições de transformar o País em que vivemos.

Os mais de 30 milhões de brasileiros que não votaram neste pleito precisam transformar a indiferença, o descrédito e o descontentamento em combustível para uma atuação cidadã firme, corajosa e de resultado!

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