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SILVIO LOHMANN CABECA hojesc

A união de padrões de sustentabilidade

ESG

Confiança é um dos pilares do mundo dos negócios, e os relatórios de sustentabilidade são fundamentais para dar credibilidade às empresas e amparar decisões de investimento. Esses relatos não são mais peças opcionais – ou ações de marketing – e sim um componente crítico do mundo corporativo. São elementos essenciais para atrair, orientar e tranquilizar investidores, reguladores e clientes.

Em meio à transição para uma economia mais resiliente, verde e sustentável, as exigências por informações confiáveis só crescem, e é preciso informar com segurança como as empresas gerenciam seus impactos ambientais, sociais e de governança (ESG). Por isso, um dos grandes desafios está em padronizar e aprimorar normas de divulgação de dados.

Atualmente, duas organizações lideram esse processo. Uma delas é a GRI (Global Reporting Initiative), com padrões de relatórios de sustentabilidade amplamente adotados globalmente. Mais de 14 mil empresas utilizam a plataforma devido à sua estrutura abrangente, que atende a todas as partes interessadas.

Na outra ponta está a IFRS Foundation, responsável pelas normas contábeis mais utilizadas no mundo para as demonstrações financeiras. Seus padrões são exigidos por mais de 140 países. Em 2021, a organização criou o International Sustainability Standards Board (ISSB), cujo trabalho é focado nas métricas exigidas pelo mercado de capitais para divulgações relacionadas à sustentabilidade.

No ano passado, GRI e IFRS se uniram em uma tarefa que pretende simplificar a geração de relatórios, unificando diretrizes. A meta é alcançar maior transparência, conjugando fatores de sustentabilidade comparáveis. As organizações pretendem oferecer uma solução que demonstre, da maneira mais assertiva possível, o desempenho ESG de uma empresa – hoje e no futuro. Quanto menor o risco de não conformidade, maior a confiança.

China verde

A China emitiu o primeiro título verde soberano do país no início de abril, com estreia também no mercado internacional. Negociados na Bolsa de Valores de Londres, os ativos levantaram US$ 824 milhões para projetos ambientais que vão desde a mitigação e adaptação às mudanças climáticas até a conservação de recursos naturais e da biodiversidade.

Greenwashing

Pelo menos 5 mil fundos financeiros negociados na Europa como ESG detêm participações em empresas de combustíveis fósseis. O alerta está em um estudo realizado pelas organizações independentes alemãs Urgewald e Facing Finance. Elas analisaram 14 mil fundos europeus que se identificam com objetivos ambientais, sociais e de governança. Pouco mais de um terço deles, com ativos de US$ 134 bilhões, “impulsionam ativamente” projetos de petróleo, gás e carvão, de acordo com seus autores. O relatório levanta questões sobre o marketing ESG e o greenwashing.

Canadá inseguro

O Estado deve agir rapidamente e realizar investimentos em infraestrutura que evitem inundações; deve melhorar as normas de uso do solo; e adotar as melhores práticas em áreas de alto risco de incêndios florestais. Esta parece uma receita direcionada às autoridades brasileiras. Contudo, são recomendações do Insurance Bureau of Canada (IBC) e dizem respeito aos efeitos da mudança climática sobre o mercado de seguros. A instituição canadense informa que o clima severo causou prejuízos de mais de CA$ 1,7 bilhão em bens segurados em 2024. O montante dos prêmios dobrou em cinco anos no país.

Declaração fóssil

Na semana passada, os ministros de Meio Ambiente dos 11 países que integram o Brics se reuniram no Brasil e reafirmaram o compromisso de ampliar as ações de enfrentamento às mudanças climáticas. A pauta discutiu a perda de biodiversidade, desertificação, degradação da terra, seca, poluição plástica e outros problemas ambientais. Na declaração conjunta, nenhuma citação foi feita sobre a redução dos combustíveis fósseis. O bloco é formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, além de Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã.

Pasto restaurado (I)

Evitar a abertura de novas áreas de pastagens é um dos elementos considerados pelo Brasil para reduzir emissões. Uma das soluções é reaproveitar áreas já degradadas. O Ministério da Agricultura e Pecuária estima que o país tem 27,7 milhões de hectares (Mha) de pastagens com potencial para conversão, distribuídos em um milhão de imóveis rurais privados localizados em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, Bahia, Tocantins, Rondônia, São Paulo e Pará.

Pasto restaurado (II)

A maior parte da área mapeada poderia ser reutilizada para a intensificação da pecuária de corte e de leite. Mas também há espaço para projetos de silvicultura e agricultura, sistemas agroflorestais e sistemas integrados (ILPF). O investimento necessário para alcançar o resultado esperado é de R$ 139 bilhões, e os custos operacionais anuais podem atingir R$ 90,8 bilhões. Para financiar esse tipo de restauração, o governo brasileiro pode realizar leilões das principais áreas, atraindo capital internacional.

Foto: Firmbee/Unsplash

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