A proliferação da jogatina no Brasil é um fenômeno alarmante que tem se intensificado ao longo das últimas décadas, desde o surgimento do jogo do bicho, no final do século XIX. Essa prática, que começou como uma espécie de loteria informal, rapidamente se espalhou pelo país, tornando-se uma forma de entretenimento amplamente aceita, apesar de sua ilegalidade. Hoje em dia, é certo que o jogo do bicho é o mais ingênuo dos jogos de azar praticados no Brasil.
Com o passar do tempo, outros tipos de jogos foram sendo introduzidos na sociedade brasileira, como o pôquer, roletas e os tradicionais jogos de cartas, sempre operando nas sombras da legalidade.
Nos últimos anos, a popularização das apostas esportivas, ou bets, trouxe uma nova dimensão para a jogatina no Brasil. Diferente dos jogos tradicionais, as bets oferecem uma ampla variedade de opções de apostas em eventos esportivos, incluindo futebol, basquete e até competições de e-sports. No entanto, o grande problema é a ausência de uma regulamentação clara e específica para esse tipo de aposta, o que transforma essa prática em uma atividade altamente questionável e prejudicial para a sociedade.
Apesar de não regulamentadas, as bets têm se tornado um negócio multimilionário com investimentos pesados em campanhas publicitárias. Chega às raias do absurdo de patrocinarem o Campeonato Brasileiro de futebol e todos os times das séries A e B.
As bets estão em todos os lugares: na televisão, rádio, internet e, obviamente, em placas de estádios de futebol. Essas empresas, muitas vezes sediadas no exterior, não só promovem suas marcas de forma ostensiva, como também conseguem fazer isso sem qualquer tipo de fiscalização efetiva. A ausência de uma regulamentação específica permite que as apostas sejam oferecidas indiscriminadamente, sem restrições de idade, o que expõe crianças e adolescentes a um risco significativo.
Outro disparate preocupante é a proliferação de aplicativos de jogos, verdadeiros cassinos online, que tecnicamente também são proibidos no Brasil, mas estão acessíveis a todas as faixas etárias. Basta ter um celular.
Essa situação é ainda mais grave porque os controladores desse negócio recorrem a influenciadores digitais para difundir essa prática criminosa. Jovens influenciadores com milhões de seguidores são aliciados para promover essas plataformas, muitas vezes sem considerar as consequências de seu envolvimento. Isso cria uma cultura onde a jogatina é glamourizada e normalizada, ignorando completamente os danos que ela pode causar.
É importante ressaltar que o jogo de azar, em qualquer de suas formas, é proibido no Brasil. Contudo, as autoridades parecem contemplar esse absurdo passivamente, enquanto milhões de reais são movimentados à margem da lei. O cenário atual é de completa desordem e falta de controle, onde a proliferação das apostas e dos cassinos online continua sem qualquer impedimento efetivo.
Já passou da hora de ser dado um basta a esta roubalheira. É imperativo que as autoridades tomem medidas urgentes para regularizar ou, se necessário, proibir definitivamente essas práticas. Não podemos permitir que a jogatina continue a se expandir de forma descontrolada, prejudicando famílias e destruindo vidas em nome do lucro fácil. O Brasil precisa de uma posição firme contra essa indústria nefasta e que só traz prejuízos para a sociedade.