Na esteira do texto publicado pelo HojePR, na semana passada, de autoria de Jaine Vergopolem, falando da importância e da história das galerias comerciais para o movimento de mercadorias na cidade de Curitiba, pensei em comentar sobre a importância das feiras nacionais que se dedicam à divulgação, ao intercâmbio e comercialização de produtos, que no nosso caso são a arte e o design.
A moda, com a São Paulo Fashion Week, traz para o cenário nacional e internacional, criadores, produtores e divulgadores da moda brasileira. Agita e faz girar o comércio de vestuário no país, vendendo, comprando e indicando tendências. Nas artes plásticas, a SP-Arte, já, há vinte anos, aproxima o público da arte por meio das galerias especializadas que se fazem presentes no evento que acontece, anualmente, no Pavilhão da Bienal, no Parque Ibirapuera.
Tendo iniciado ontem, e de portas abertas até a próxima quinta-feira, 15 de agosto, no Centro de Eventos Pró Magno, em São Paulo, acontece a sétima edição da ABUP Decor Show (Associação Brasileira das Empresas de Utilidades e Presentes). Ela apresenta aos lojistas de shopping centers, hotéis, entre outras empresas – para quem o design e a beleza são de vital importância – uma enorme gama de produtos, ao mesmo tempo gerando oportunidades de escoamento de produtos nas áreas da decoração, presentes, têxteis, arte, artesanato, design autoral e utilidades domésticas. Os produtos são comercializados, exclusivamente, para importadores, distribuidores e lojistas. Na ABUP, encontra-se o que de melhor se faz no Brasil, nessa área.
Já conversamos sobre a beleza em outras colunas e entendemos que ela é parte importante da vida do ser humano e, que desde a sua mais rudimentar habitação, percebe-se algum elemento estético na construção, interior ou exterior. Hoje, usamos a palavra design para designar várias coisas. Derivado do latim, o verbo “designare” é traduzido literalmente como determinar. “O conceito de design compreende a concretização de uma ideia em forma de projetos ou modelos, mediante a construção e configuração resultando em um produto industrial passível de produção em série”. (Löbach, 2001).
A ABUP, como é mais comumente conhecida, se propõe a mostrar produtos de design, sejam de origem nacional ou de outros povos. Dentre os inúmeros expositores da feira, a Casa Bonita, em seus vinte e cinco anos em nosso país e na América Latina, dedicou-se, com muito sucesso, a importar produtos para casa (cama, mesa entre outros). Há alguns anos, numa virada ousada, a Casa Bonita vem trabalhando no apoio a comunidades de artesãos pelo interior do Brasil, visando o aprimoramento das técnicas e o desenvolvimento de produtos originais, valorizando o uso sustentável da matéria prima. Assim, ela possibilita que tais comunidades possam se desenvolver comercialmente, permitindo o melhor sustento desses grupos e compartilhando as riquezas do país. Trazendo ao público a arte brasileira (não exclusivamente), a Casa Bonita apresenta outros designers e suas criações: artistas contemporâneos que têm uma arte significativa dentro do cenário nacional e internacional.
A comercialização das próprias obras, desde sempre, foi um assunto polêmico entre os artistas e seu público. Acredita-se que criar seja um dom de Deus e que, portanto, já esteja pago. Na verdade, não é possível criar e produzir uma obra sem que o resultado da dedicação, trabalho e investimentos retornem como benefício financeiro ao seu autor. “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. Felizmente, os artistas, artesãos, ou designers contam, hoje, com esses importantes meios de divulgação de seus produtos: as feiras. Ouso dizer que, se em outros tempos, além dos salões de arte existissem as feiras, ou outros meios de divulgação e venda, Van Gogh, talvez, não tivesse sofrido tanto na busca de colocar no mercado da época as suas obras de arte, hoje, reconhecidas como insubstituíveis.
(Imagem da abertura: Coleção de obras de Elizabeth Titton que estão disponíveis nessa ABUP na Casa Bonita-2024)