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Quando o EGO fala mais alto nos negócios…

LUIZ DA SILVA CABECA hojesc

Caros leitores, cá estamos mais uma vez para poder trocar algumas figurinhas sobre o mundo corporativo e o impacto que a nossa saúde mental/emocional traz para as nossas atividades. Hoje, para o tema proposto, assumo o meu papel como empresário e obviamente trago para sua leitura o que os 16 anos a frente do Grupo Sagacy me trouxeram de experiências e aprendizados nessa jornada.

Não é novidade que a liderança das emoções tem se destacado como ponto crucial para todas às áreas de nossa vida. Desde a figura da mãe e pai até a do nosso chefe, temos que ter uma referência e entender como agir perante aquilo que temos como certo. Entretanto, no meio empresarial, quando essa capacidade de lidar com os nossos instintos, especificamente, com o nosso “ego”, não traz consigo traços racionais, o empresário pode ser tanto um motor de inovação quanto um potencial destruidor do próprio negócio.

Quando o ego se torna excessivo, pode levar a decisões impulsivas e a falta de visão estratégica, resultando em consequências graves para a empresa. Um exemplo emblemático desse fenômeno é a trajetória do renomado escritor Jin Colins, que ilustra os cinco passos que podem conduzir uma empresa à falência e que constantemente faço questão de levantar em minhas palestras e mentorias. São eles:

a) Excesso de confiança;

b) busca indisciplinada pelo sucesso;

c) negação do risco;

d) corrida pela salvação

e) irrelevância ou morte

Um grande deflagrador dentro da estrutura corporativa é acreditar que suas ideias são infalíveis, deixando de lado ou ignorando totalmente os conselhos de outros profissionais, até mesmo especialistas da área, em prol muitas vezes do orgulho ou de um ego inflado. O excesso de confiança por parte do tomador de decisão (qualquer que seja seu nível hierárquico), inibe uma visão mais sistêmica da operação e sua postura tende a gerar danos organizacionais, ambiente hostil, tóxico e com dificuldades de uma cultura mais participativa e dinâmica.

Ainda, a busca indisciplinada pelo sucesso, com aquele ar de invencibilidade, muito gerado por uma suposta consolidação da marca ou elevada segurança no trabalho, faz com que seja mais fácil aceitar riscos desnecessários, deixando a empresa, de certa forma, vulnerável. Importante destacar a fase da negação de risco e perigo, que é quando a responsabilidade dos problemas ou resultados negativos sempre são de fora, dos outros e que os dados negativos não são relevantes. Lembre-se: uma empresa, qualquer que seja ela, “quebra” de dentro para fora… Não é o agito do mar que afunda o barco, mas a fragilidade do seu casco que pode conter infiltração.

Decisões baseadas em emoções, ignorando dados e análises para favorecer intuições pessoais é o primeiro dos 5 estágios do declínio, segundo o renomado Jin Colins.

Quando o ego ou mesmo o orgulho, passam a ser os direcionados da organização, a gestão fica a mercê da centralização do poder decisório e a falta de políticas de alçadas podem contribuir diretamente para um estrangulamento quando falamos em crescimento sustentável. O comportamento egocêntrico e egoísta no ambiente empresarial é altamente danoso quando o assunto é liderança das emoções, já que a baixa autonomia dos demais envolvidos na mesma organização, caminha na contramão da alavancagem dos resultados esperados.

Infelizmente, quando esses fatores são percebidos ou finalmente reconhecidos pelos gestores, a corrida e todos os esforços serão destinados para a sobrevivência do negócio. Nessa fase, provavelmente o dano financeiro, reputacional e organizacional está muito elevado e agora o desafio é voltar para os trilhos, ou seja, é trabalhar com a gestão da crise e não gestão de riscos, evitando assim o último estágio, que é efetivamente a insolvência da instituição.

Hoje vivemos uma sociedade líquida, conceito introduzido pelo sociólogo Zygmunt Bauman e que se refere a um mundo em constante transformação, onde as estruturas sociais, identidades e relações, são fluidas e instáveis. Nesse contexto, a gestão da diversidade, o controle das emoções e o equilíbrio do ego pela razão, tornam-se não apenas uma necessidade, mas habilidades cruciais para os empresários, gestores e todos que tenham vínculo com a empresa.

É imperioso que o empresário e todo gestor, entenda que cada geração traz suas próprias experiências, valores e expectativas. Isso ajuda a criar políticas e práticas que atendam às necessidades de todos os colaboradores fomentando para uma harmonização organizacional e consequentemente, para a alavancagem dos resultados. Certamente o engajamento será maior.

Eles devem ser capazes de ver as situações pela perspectiva de diferentes olhares, reconhecendo que cada grupo pode ter uma visão válida. Extrair o melhor de cada um é a habilidade que deve ser lapidada no contexto empresarial.

Oportunizar um ambiente em que todos se sintam à vontade para expressar suas opiniões e preocupações é essencial. Assim, uma boa sugestão é a promoção de programas de mentorias executivas que permitam que os mais experientes compartilhem seu conhecimento, enquanto os mais jovens ofereçam novas ideias e abordagens. Ainda, a comunicação aberta é vital para minimizar mal-entendidos e conflitos, o que gera muito desgaste interno e prejudica diretamente os objetivos previamente estipulados.

Em uma sociedade líquida, a capacidade de gestão da diversidade, a abertura para o alinhamento de conflitos geracionais e a competência em lidar com o próprio ego, são essenciais para o sucesso organizacional. Com esse pensamento, os empresários e gestores que cultivam essas características, não apenas promovem um ambiente de trabalho mais harmonioso, mas também preparam suas empresas para a tão necessária resiliência.

Por isso, mesmo que de forma ambígua, o sentido deve ser… “tenha orgulho da sua história, mas não deixa o orgulho ser o fim do seu legado”. Pense nisso!

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