Pular para o conteúdo
FERNANDA GHIGNONE CABECA HOJESC

Ovos: aliados ou inimigos da saúde cardiovascular?

ovos nutricao

Considerado por muitos nutricionistas um alimento de alto valor nutricional, o ovo se destaca por ser rico em proteínas de boa qualidade, além de conter vitaminas, minerais, gorduras insaturadas e antioxidantes. Mesmo com todos esses benefícios, não é indicado para todas as pessoas. Por motivos de escolha alimentar, restrições digestivas, alergias ou intolerâncias, muitas optam por não consumi-lo. No entanto, para quem decide incluí-lo na alimentação de forma equilibrada, ele pode trazer ganhos relevantes à saúde.

Mas afinal, qual é a relação entre o consumo de ovos e o colesterol? A dúvida é comum, especialmente quando o assunto envolve saúde cardiovascular. Durante anos, o colesterol presente no ovo foi apontado como vilão das artérias. No entanto, avanços da ciência têm ajudado a desmontar essa ideia. Para entender melhor essa relação, é importante compreender o papel do colesterol no corpo humano.

O colesterol é um tipo de lipídio essencial ao funcionamento do organismo. Produzido no fígado, é a matéria-prima para a produção de vários hormônios, como a testosterona, progesterona e cortisol. Além disso, participa da formação dos sais biliares, que ajudam na digestão das gorduras, da síntese da vitamina D, tem papel na estrutura cerebral e está presente nas membranas celulares.

O corpo possui um sistema de autorregulação bastante eficiente. Quanto maior a ingestão de colesterol por meio da alimentação, menor tende a ser a produção pelo fígado. Ou seja, o organismo busca o equilíbrio de forma natural. Diversos estudos científicos indicam que o excesso de colesterol na corrente sanguínea está associado a hábitos de vida prejudiciais, como dietas ricas em gorduras saturadas e trans, sedentarismo, tabagismo e obesidade.

Vale destacar que o ovo possui uma alta concentração de ácidos graxos insaturados. Essas gorduras contribuem para o aumento do HDL, conhecido como “bom colesterol”. O HDL desempenha um papel fundamental ao transportar o excesso de colesterol acumulado nos tecidos de volta ao fígado, onde será eliminado ou utilizado para outras funções importantes, como a produção de sais biliares. Esse processo protege o sistema cardiovascular, reduzindo a formação de placas de gordura nas artérias.

Por outro lado, o LDL, chamado popularmente de “mau colesterol”, quando em excesso, favorece o acúmulo de gordura nas paredes das artérias, aumentando o risco de aterosclerose e de eventos cardiovasculares. O que a ciência tem demonstrado é que o consumo equilibrado de ovos não provoca aumentos significativos ou prejudiciais no LDL, especialmente quando inserido em um padrão alimentar saudável e equilibrado.

Estudos recentes reforçam que comer ovos não aumenta o risco de doenças cardiovasculares em pessoas saudáveis. Pelo contrário, o consumo controlado pode trazer benefícios como maior sensação de saciedade, manutenção da massa muscular, aporte de nutrientes importantes e até proteção ocular, graças aos antioxidantes presentes na gema, como a luteína e a zeaxantina.

No fim das contas, os ovos podem sim ser aliados da saúde cardiovascular, desde que consumidos com moderação e como parte de uma dieta variada, rica em frutas, vegetais, fibras e boas fontes de gordura, como o azeite de oliva. Em vez de rotular alimentos como bons ou maus, o segredo é adotar hábitos saudáveis e manter um estilo de vida ativo.

Leia mais colunas da Fernanda Ghignone aqui