Se tem um álbum que define o folk rock, esse álbum é Déjà Vu do quarteto Crosby, Stills, Nash & Young. Lançado em março de 1970, mostrou ao mundo o poder da musicalidade e das letras do supergrupo. Formado pelos estadunidenses David Crosby e Stephen Stills, pelo britânico Graham Nash e pelo canadense Neil Young, o álbum é uma obra-prima do gênero, vendendo mais de 7 milhões de cópias. A produção é do próprio quarteto e conta com a participação de músicos consagrados como Greg Reeves, Dallas Taylor e Jerry Garcia (Greatful Dead).
Carry On, com vocais de Stephen Stills, o álbum abre com energia e dinamismo. Stills mostra sua versatilidade ao fundir folk, blues e um toque de psicodelia. A faixa evolui em seções, com mudanças rítmicas e um solo de guitarra groovado. As harmonias vocais já se mostram um ponto forte.
Teach Your Children, cantada por Graham Nash, é uma das faixas mais conhecidas do álbum e um clássico absoluto do folk rock. A participação de Jerry Garcia na pedal steel guitar empresta um charme country que suaviza a mensagem.
Almost Cut My Hair é cantada por David Crosby. Aqui temos uma virada sonora: mais densa, mais roqueira e crua. Crosby entrega uma performance visceral, quase improvisada, refletindo conflitos internos e o espírito rebelde da contracultura. A guitarra é suja, com um toque blues psicodélico.
Helpless, com vocais de Neil Young é uma das mais melancólicas do álbum. Uma obra-prima do estilo introspectivo de Young. Sua voz frágil se casa com a ambientação minimalista, criando um clima de isolamento e nostalgia.
Woodstock tem vocais de Stephen Stills. Escrita por Joni Mitchell, mas imortalizada na versão elétrica e mais vibrante do CSNY. Uma faixa que captura perfeitamente o espírito da geração Woodstock, com peso, groove e uma explosão vocal no refrão.
Déjà Vu é cantada por David Crosby. Uma faixa complexa, quase jazzística, com climas oníricos e uma estrutura não convencional. Crosby mistura temas esotéricos e sensações subjetivas. A sonoridade é rica, com uso de percussões, vocais em camadas e variações harmônicas.
Our House tem vocais de Graham Nash. Curta, doce e doméstica, essa canção é um contraponto à intensidade emocional do disco. Nash a escreveu inspirado na convivência com Joni Mitchell. Uma ode à vida simples a dois.
4 + 20 tem Stephen Stills nos vocais principais. É a mais minimalista do álbum: apenas voz e violão. Stills canta sobre desesperança e envelhecimento precoce com uma crueza quase chocante. “My birth and my death were both just about through…”
Country Girl cantada por Neil Young, é uma suíte em três partes (“Whiskey Boot Hill”, “Down Down Down” e “Country Girl (I Think You’re Pretty)”), cheia de transições. Young mescla sentimentos contraditórios: desejo, desilusão e crítica à fama. ambiciosa, é quase uma mini-ópera folk.
Everybody I Love You é dividida entre Stephen Stills e Neil Young nos vocais. Encerra o álbum com energia e otimismo. É uma faixa mais direta, quase dançante, com belos vocais em coro. A participação conjunta de Stills e Young cria um final catártico.
Déjà Vu é um álbum que equilibra o pessoal e o político, o acústico e o elétrico, a esperança e a melancolia. Cada integrante traz sua identidade, e mesmo com os conflitos internos, que marcaram a história do grupo, o resultado é uma obra coesa e atemporal. Uma obra-prima do folk rock. Obra-prima do rock’n’roll. Do bom e velho rock’n’roll.
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