O Governo do Pará adotou uma iniciativa inédita de leiloar áreas desmatadas e promoveu a primeira concessão para reflorestamento do Brasil. A Systemica, vinculada ao banco BTG Pactual, arrematou uma área de 10 mil hectares e poderá explorá-la por 40 anos. A expectativa é capturar 3,7 milhões de toneladas de carbono no período e vender os créditos. O investimento estimado é de R$ 258 milhões, com potencial para gerar uma receita próxima de R$ 900 milhões.
A área concedida fica na reserva ambiental Triunfo do Xingu, em Altamira, e foi ilegalmente desmatada. A oferta da Systemica, única concorrente do leilão, foi de uma outorga variável de 6% sobre a receita bruta anual da concessão, além de uma outorga fixa de R$ 150 mil. O governo paraense estima receber R$ 46 milhões ao longo do contrato, e já projeta colocar no mercado outras áreas degradadas do Estado, que há nove anos é o primeiro no ranking de desmatamento na região amazônica.
A iniciativa no Pará está amparada no marco legal de créditos de carbono do Brasil, sancionado em dezembro de 2024. No ano passado, ao apresentar novas metas de redução de emissões – Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) -, o governo brasileiro colocou em destaque a restauração das florestas e combate ao desmatamento.
Código em mar profundo (I)
“Nada está acordado até que tudo esteja acordado”. A frase do diplomata da Uganda na ONU, Duncan Laki, sintetiza o resultado da reunião de cúpula da Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISA), finalizada em 28 de março, que buscava consensos para a publicação de um código internacional de mineração no fundo do mar. Apesar de avanços nas negociações, o documento não foi finalizado e uma nova reunião deverá acontecer em julho. A ISA, que tem como secretária-geral a oceanógrafa brasileira Letícia Carvalho, é vinculada às Nações Unidas e responsável pela regulação de águas internacionais.
Código em mar profundo (II)
O debate sobre o código tem como pano de fundo o interesse de países e empresas em retirar do leito marinho nódulos polimetálicos ricos em minerais essenciais para a fabricação de baterias de veículos elétricos, computadores e smartphones, por exemplo. Há estudos que apontam que uma única faixa do Oceano Pacífico, que vai do Havaí ao México, armazena mais níquel, manganês e cobalto que todas as reservas terrestres conhecidas. A canadense The Metals Company (TMC) anunciou, logo após o término da frustrada cúpula da ISA, que vai solicitar licenças de mineração em alto mar de acordo com os regulamentos dos Estados Unidos.
Ucrânia queimada
A Comissão Europeia divulgou um balanço de incêndios florestais que ocorreram na Europa, Oriente Médio e Norte da África em 2024. O levantamento identificou que a Ucrânia foi a nação mais afetada e perdeu quase um milhão de hectares para o fogo. O volume é mais que o dobro das queimadas registradas em toda a União Europeia. A distribuição espacial dos incêndios coincide com a linha da frente da guerra promovida pela Rússia, reforçando que o impacto da brutal invasão é devastador em todos os sentidos.
Bilionário verde
O portal CapitalReset destaca que a lista das pessoas mais ricas do mundo, elaborada pela revista Forbes, traz o primeiro bilionário brasileiro da economia verde. É Mario Araripe, fundador e principal administrador da Casa dos Ventos, empresa que opera usinas com capacidade de produção de 3,4 GW de energia de renovável (solar e eólica), e que tem um plano de investimentos de R$ 12 bilhões até 2026. A fortuna de Araripe foi estimada em US$ 3 bilhões. Hoje, a petroleira francesa TotalEnergies é dona de 34% da Casa dos Ventos. O negócio realizado em 2023 e envolveu R$ 4,2 bilhões.
Incentivo à economia verde
O Instituto Clima e Sociedade (iCS) recebeu 210 projetos e selecionou 30 na primeira fase do edital destinado a incentivar estudos e pesquisas sobre transição energética e neoindustrialização verde, principalmente no Nordeste. O processo vai distribuir R$ 6 milhões para sete linhas de trabalho: tarifação de energia; hubs de armazenamento de energia; indústria de baixo carbono; armazenagem de energia em contexto de restrição hídrica; impactos econômicos da transição; modelos fiscais e incentivos para uma economia verde; e descarbonização do transporte de longa distância.
Brasil moderado (I)
O Brasil é classificado como uma nação com capacidade moderada no processo de transição energética em razão da dependência socioeconômica do setor de petróleo e gás. Este é um dos apontamentos do estudo “Transição dos combustíveis fósseis nos sistemas de energia”, elaborado pela consultoria Catavento, a pedido da Secretaria Nacional de Mudança do Clima, do Ministério do Meio Ambiente (MMA), com apoio instituições privadas. Onze países, de sete regiões do mundo, foram analisados.
Brasil moderado (II)
A nível global, o estudo sugere medidas para a descarbonização dos processos de exploração e industrialização de petróleo e gás. Entre elas estão: medidas para reduzir emissões de metano; eliminação da queima de combustíveis fósseis não emergencial; eletrificação de plataformas de petróleo; uso de tecnologias de captura e armazenamento de carbono; e aplicação do hidrogênio como fonte de energia em refinarias.
Foto: Souro Souvik/Unsplash