Carlos Eduardo Ernanny, 50 anos, é um empresário formado em economia, com mais de 20 anos de experiência no mercado financeiro. Ele é o criador do Toda Praia, um aplicativo de gestão que permite que pedidos sejam feitos diretamente pelo celular e enviados para o balcão dos estabelecimentos. A ideia surgiu em janeiro de 2019, quando Carlos percebeu as dificuldades enfrentadas tanto por banhistas quanto por vendedores nas praias do Rio de Janeiro.
“Eu sempre soube que o atendimento nas barracas de praia era um problema, mas só percebi a real magnitude quando decidi estudar a situação”, conta Carlos. Ele se sentou em seu escritório e começou a investigar o mercado. “Fiz uma pesquisa detalhada sobre o tamanho do mercado e quantas barracas existiam no Rio. Era um setor muito desorganizado e, ao mesmo tempo, com um grande potencial.”
Para entender a dinâmica do setor, Carlos percorreu da Praia do Leme ao Pontal, dedicando vários dias a essa tarefa. “Andei quilômetros pela orla. Não fiz isso em um único dia; fui aos poucos, observando como as coisas funcionavam”, lembra. Durante esse período, ele percebeu que os vendedores muitas vezes não tinham noção de quanto faturavam mensalmente. “O próprio empresário não tinha uma ideia clara de suas receitas”, diz.
Para aprender ainda mais, Carlos decidiu trabalhar em uma barraca de praia por 30 a 40 dias, pedindo para ajudar de forma não remunerada. “Queria entender o negócio pela perspectiva do barraqueiro. Afinal, os olhos do banhista eu já tinha havia 45 anos”, explica.
Durante esse tempo, Carlos notou que os vendedores usavam pedaços de papelão para anotar os pedidos e que muitos clientes esperavam mais de 13 minutos para serem atendidos. “Isso é inaceitável. As pessoas merecem um atendimento mais rápido e eficiente”, destaca.
Com esse aprendizado, ele teve a ideia de criar o aplicativo para melhorar o atendimento nas barracas de praia. “Pensando nisso, percebi que poderia trazer tecnologia para agilizar o processo e melhorar a experiência do cliente. Foi assim que nasceu o Toda Praia”, conta Carlos.
Com um investimento inicial de R$ 300 mil, ele desenvolveu o aplicativo, que foi lançado em janeiro de 2020. O faturamento mensal do app é de R$ 60 mil, segundo o empreendedor.
“Durante a pandemia, aproveitei para melhorar o aplicativo ainda mais. Não expandi para novos locais, mas me concentrei em aprimorar o sistema, coletando feedback dos barraqueiros e entendendo suas demandas”, revela.
O resultado desse trabalho é um aplicativo que agora conta com um cardápio dinâmico, controle de estoque e acesso ao histórico de vendas, permitindo que os vendedores saibam exatamente o que estão vendendo.
“O gerador de receita para uma barraca não é o balcão, mas o salão. Precisamos conectar os clientes diretamente aos vendedores”, enfatiza.
Atualmente, o Toda Praia atende cerca de 100 barraqueiros e outros estabelecimentos, como botecos e hotéis, e conta com uma equipe de oito pessoas.
Carlos explica que o sistema é acessível e se adapta ao bolso de todos os empreendedores: “Se um barraqueiro baixar o aplicativo e colocar seu cardápio, ele consegue começar a usá-lo em apenas três dias.”
O empresário disse que o Toda Praia já se expandiu além das praias da cidade do Rio de Janeiro. “Estamos em Búzios, Santos, Fortaleza e até mesmo Cabo Verde.”, diz ele.
Com a tecnologia de geolocalização, o Toda Praia permite que os banhistas façam pedidos sem sair de onde estão. “O lema da nossa iniciativa é ‘Faça seu pedido, sem sair do lugar’. Estamos transformando a forma como as pessoas interagem nas praias”, destaca.
Avaliação de clientes
O aplicativo Toda Praia obteve uma classificação média de 4 em 5 estrelas tanto no Google Play Store quanto na Apple Store, acumulando cerca de 200 avaliações até a publicação desta matéria. Nos comentários, os usuários ressaltam a qualidade do aplicativo, destacando sua utilidade.
Os autores das notas concedidas não podem ser verificados. Eventualmente, comentários positivos ou negativos podem ser uma ação a favor ou contra a empresa.
Além disso, o Toda Praia não possui registro no site Reclame Aqui.
Especialista destaca a importância do atendimento agilizado
Cristiano Correa, vice-presidente da vertical de Gestão da 300 Ecossistema de Alto Impacto, ressalta a importância da agilidade no atendimento ao cliente.
“É simples: cliente não espera. No mundo acelerado de hoje, quem não é ágil fica para trás. A agilidade no atendimento é como um gol nos primeiros minutos do jogo – coloca você na frente da concorrência. Não é só sobre resolver problemas rápido, é sobre mostrar para o cliente que ele é prioridade. Isso gera lealdade, e se traduz em resultado no caixa. Atendimento ágil não é luxo, é necessidade.”
Correa alerta que um atendimento lento pode ter consequências significativas. “Primeiro, você perde o cliente – ele vai procurar quem resolva o problema dele mais rápido. Segundo, prejudica a sua reputação. Hoje, com redes sociais, uma experiência ruim se torna viral num piscar de olhos. A gente vê isso nas franquias que assessoramos: uma reclamação online pode custar caro. Por último, afeta o moral da equipe. Ninguém fica motivado trabalhando num lugar que os clientes só reclamam. É um efeito dominó negativo.”
Para ser mais ágil no atendimento, o especialista indica algumas habilidades e práticas. “A primeira coisa é o conhecimento do produto ou serviço. Profissionais que dominam o que vendem resolvem na hora. Depois, empatia: entender o cliente acelera a solução. Terceiro, proatividade. Não espere o problema crescer, antecipe. Quarto, comunicação clara; fale a língua do cliente, sem rodeios. E, por último, foco no resultado. Se você está focado em resolver, acha um jeito, e rápido.”
Correa também destaca o papel da tecnologia na agilidade do atendimento. “Tecnologia é a chave para escalar a agilidade. Um CRM bem implementado é fundamental – ajuda a ter o histórico do cliente na ponta dos dedos. Chatbots para perguntas frequentes liberam a equipe para casos mais complexos. Mas, vale ressaltar que ferramenta boa sem gente boa não resolve. É o combo que faz a diferença.”
Quanto à capacitação das equipes de atendimento, ele acredita que o treinamento deve ser prático e constante. “Primeiro, foco no produto: a equipe precisa conhecer tudo nos mínimos detalhes. Depois, simulações de atendimento, colocando o pessoal para resolver casos reais em tempo real. Terceiro, técnicas de comunicação eficaz. Quarto, gestão de tempo e priorização. Por último, e talvez o mais importante, é ter um mindset de dono. Quando o atendente pensa como dono do negócio, a agilidade vem naturalmente.”
Foto: Lucas França/Divulgação Toda Praia
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