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The Runaways: a melhor banda de garotas da história

MARCUS VIDAL CABECA hojesc

Quando surgiu em 1975, em Los Angeles, a The Runaways mudou a cara do rock’n’roll. A crueza e harmonia da banda, formada somente por garotas, se destacava num gênero musical tão masculino, machista e preconceituso. Cherie Currie (vocais), Joan Jett (guitarra e vocais), Lita Ford (guitarra), Jackie Fox (baixo) e Sandy West (bateria) revolucionaram o rock, com uma mistura de hard rock, punk rock, heavy metal e pop rock. Lançado em 16 de março de 1976, The Runaways foi o primeiro da discografia da banda. E o mais importante, destacando a versatilidade e a potência das meninas.

Uma das canções mais icônicas da banda, Cherry Bomb é um hino de rebeldia juvenil. Com vocais agressivos de Cherie Currie e uma batida pesada, a canção fala sobre uma garota que se recusa a seguir as normas sociais. A guitarra de Joan Jett é o destaque. “Can’t stay at home, can’t stay at school, Old folks say: Ya poor little fool, Down the street, I’m the girl next door, I’m the fox you’ve been waiting for, Hello, daddy! Hello, mom! I’m your ch-ch-ch-ch-ch-cherry bomb, Hello, world! I’m your wild girl! I’m your ch-ch-ch-ch-ch-cherry bomb.”

You Drive Me Wild é uma faixa mais lenta, mas ainda assim cheia de atitude. A voz rouca de Currie é acompanhada por riffs mais sensuais, revelando uma pegada de blues rock. A letra é mais insinuante, explorando temas de desejo e liberdade pessoal.

Is It Day Or Night? tem uma sonoridade mais psicodélica e confusa, o que reflete seu título e tema. A letra faz referência à vida noturna e ao caos urbano, com guitarras distorcidas que reforçam a ideia de alienação e incerteza.

Thunder se destaca por sua estrutura rítmica intensa, com a bateria e o baixo criando uma base sólida. A canção parece mais sombria, tanto em termos de som quanto de letra, abordando questões de poder e controle.

Rock & Roll é cover de uma canção do Lou Reed. A banda consegue injetar ainda mais energia e atitude à faixa. É uma celebração do estilo de vida do rock, com guitarras rasgadas e uma performance vocal cheia de garra.

Lovers é uma das faixas mais melódicas do álbum, com uma estrutura mais tradicional de balada rock. As guitarras são mais suaves, e a letra explora os temas clássicos de romance e vulnerabilidade, contrastando com o tom agressivo do resto do álbum.

American Nights retoma a temática de rebeldia, mas com uma pegada mais glam rock. A batida é crua e as guitarras soam mais brilhantes. A cançaõ fala sobre a vida noturna nos Estados Unidos e o sentimento de liberdade que ela proporciona.

Com uma estrutura mais punk, Blackmail é direta e agressiva. A letra aborda vingança e manipulação, com um ritmo acelerado que mantém o ouvinte em alerta. As guitarras são o destaque, com um solo espetacular. “You’ll wish you were never born, Blackmail, blackmail, I’ll make you pay, For the life that you tore, Blackmail, blackmail.”

Uma faixa mais introspectiva, Secrets traz uma atmosfera mais sombria e uma letra que parece explorar a ideia de segredos e emoções reprimidas. A banda experimenta com variações dinâmicas, indo de momentos mais suaves a explosões de energia.

Encerrando o álbum com força total, Dead End Justice é uma das faixas mais dramáticas do disco. A canção narra a história de duas garotas rebeldes que acabam em apuros. A dinâmica entre os vocais de Currie e Jett é intensa, e a instrumentação vai aumentando em tensão até o final, quando termina de maneira abrupta e poderosa.

O álbum The Runaways é uma obra que captura a essência do rock adolescente dos anos 1970, cheio de raiva, energia e a busca por liberdade. As guitarras e a atitude das meninas fizeram história, e esse trabalho inicial é um manifesto de rebeldia feminina no rock. Abriram portas para mais garotas montarem suas bandas. Destruíram preconceitos e se tornaram um modelo a ser seguido. Com muita competência, ousadia e rock’n’roll. Muito rock’n’roll. O bom e velho rock’n’roll.

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