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Qual o preço de um juiz de futebol?

GLENN STENGER CABECA hojesc

Entra semana e sai semana há polêmica envolvendo algum juiz em algum jogo. Não vou falar sobre as da semana para que nosso texto fique atemporal. Mas todos nós lembramos de várias delas.

Juiz ladrão! Gaveteiro! Mal-intencionado! Enfim, vários são os adjetivos usados…

Mas querem saber a opinião sincera de quem conviveu nesse meio por alguns anos? Nenhum dos adjetivos acima é apropriado. Não são “ladrões”. Não que não haja algum deles que possa ter desvio de conduta. O mundo do futebol oferece muitas “portas”. Entra nelas quem quer e quem o caráter permite. Mas o principal dos adjetivos que deve ser alocado à figura dos árbitros de futebol é “despreparado”.

Num mundo em que cada vez mais se exige de todo o profissional, de todas as áreas, constante atualização, compromisso e dedicação exclusiva ao seu foco de trabalho, vemos isso não acontecer no quadro de árbitros. Ser juiz de futebol, no Brasil, é plus. Não é a ocupação principal.

Acreditem! Confederação como a brasileira, que fatura mais de 1 bilhão por ano treina e atualiza esporadicamente seus árbitros. Não tem um CT, uma academia, uma “faculdade” para buscar talentos, formá-los, atualizá-los. Ou seja, não há o preparo completo para poder se cobrar excelência do profissional.

E aí os erros acontecem. E o que sempre trato nos nossos encontros semanais. Os erros custam. E custam muito caro. Um jogo pode causar a perda de prêmios milionários em dinheiro por classificação em alguma competição. Pode causar a perda de um título.

Qual a solução então para isso? Os clubes continuarão perdendo dinheiro e os torcedores continuarão achando que os juízes são ladrões? A resposta é sim. Enquanto esse assunto ficar embaixo do guarda-chuva da CBF nada mudará. A CBF é um elefante branco, inchado, cheio de gordura e que não tem intenção de mudar. Assemelha-se muito à maioria dos órgãos públicos que conhecemos.

Estruturar todo o quadro de árbitros custa muito caro. A implantação de todo o ecossistema necessário para que se profissionalize o juiz de futebol consumiria muitos milhões. E, depois de implantada, consumiria também muito dinheiro para sua manutenção mensal.

Só há um caminho. A saída da CBF do circuito e a transferência desse assunto para uma Liga organizadora de campeonatos. A Liga tem um único propósito que é ganhar dinheiro com suas competições. Aí certamente não deixaria um assunto como esse (que não é menor) de lado.

Enquanto isso não acontece continuemos com, no máximo, meia dúzia de árbitros que fazem um bom trabalho. Não porque foram treinados ou aprimorados. E sim pelo fato de possuírem um pouco mais de talento e buscarem, individualmente, os predicados que os ajudam a apitar melhor!