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Projetos de uso de pó mágico para captura de carbono avançam

ESG meio ambiente

SILVIO LOHMANN CABECA hojesc

A Universidade de Sheffield, na Inglaterra, mapeou 18 projetos que surgiram no mundo desde 2022 e que pretendem usar o pó de rocha para a captura de carbono. Há outros cinco mais antigos. Mas o mais velho é de 2020. O método consiste em espalhar basalto ou outros minerais em terras agricultáveis e esperar que a chuva caia. Aí há uma reação química que fixa o CO2 capturado pela precipitação da água ao pó.

Isto é chamado de intemperismo acelerado e significa fazer em um curto espaço de tempo o que a natureza levaria anos para processar. Além da captura de carbono, a tecnologia do “pó mágico” contribui para remineralizar o solo, substituindo ou reduzindo a quantidade de fertilizantes químicos que são amplamente usados na agricultura.

O Brasil está no foco das startups envolvidas neste negócio. Reportagem do portal Reset informa que a alemã InPlanet e a americana Terradot já trabalham para oferecer a solução para agricultores brasileiros. Quem já faz isso, só que em solo britânico, é a Undo, uma das pioneiras neste mercado. No ano passado, a companhia espalhou 163 mil toneladas de pó de rocha em lavouras inglesas, sem custo para o produtor. O financiamento da empreitada é feito por empresas interessadas nos créditos de carbono que são gerados pela iniciativa.

Além do Reino Unido e do Brasil, a aplicação da técnica de intemperismo acelerado de rocha também ocorre na Alemanha, Índia, Estados Unidos, Dinamarca, França, Áustria, Austrália e na África. Há projetos de vários perfis e que prometem resultados diversos. As metas de captura de carbono, por exemplo, vão de 6 milhões de toneladas a 1 bilhão de toneladas, em prazos que vão até 2030 ou 2050.

Ninguém previa isso
“O objetivo era não deixar o aumento [da temperatura média do planeta] passar de 1,5ºC e, a partir de 2050, já começar a remover, no mínimo, 5 bilhões de toneladas de CO2 por ano da atmosfera, para chegar em 2100 com aumento de 1ºC. Mas infelizmente já estamos atingindo 1,5ºC. Estou apavorado. Ninguém previa isso. É muito rápido”. A afirmação é do renomado climatologista brasileiro Carlos Nobre em entrevista para o Estadão, onde também falou sobre o aumento das queimadas no Brasil. “Entre 95% a 97% são causados pelo homem”, considerou.

Estoque de energia (I)
Baterias estacionárias, para armazenar grandes volumes de energia limpa, são o novo filão da indústria que se dedica a oferecer soluções para a transição energética. A previsão é de que a instalação de parques de estocagem vai gerar negócios de trilhões de dólares nas próximas décadas. De acordo com a Agência Internacional de Energia (AIE), a capacidade global de armazenamento de energia em baterias era de aproximadamente 200 gigawatts (GW) em 2023. Este volume vai passar de um terawatt (TW) até 2030 e chegará a 5 TW até 2050.

Estoque de energia (II)
Um dos setores mais interessados nesta tecnologia são as big techs, que precisam de muita energia para alimentar seus data centers e, ao mesmo tempo, reduzir a pegada de carbono. Um estudo da Morgan Stanley diz que as emissões de gases de efeito de estufa aumentaram exponencialmente nos centros de processamento após o surgimento da Inteligência Artificial e a tendência é de alta, saindo das 200 milhões de toneladas de CO2 em 2024 para 600 milhões de toneladas em 2030.

Vilões do efeito estufa (I)
O dióxido de carbono é o maior vilão do efeito estufa. Lidera o ranking pelo volume acumulado e descarbonização virou palavra da moda. Mas o acúmulo de outros gases na atmosfera causa cada vez mais preocupação. A emissão de metano segue alta. Ele é 30 vezes mais perigoso que o CO2 e responsável por um terço do processo de aquecimento global. Hidrofluorocarbonetos (HFCs) representam apenas de 2% do total de gases de efeito estufa (GEE), mas o volume cresce 10% ao ano. Uma molécula do gás é 3.790 vezes mais nociva do que o carbono. Há ainda o óxido nitroso (N2O), que pode permanecer 120 anos ativo e tem potencial de aquecimento 265 vezes maior que o CO2.

Vilões do efeito estufa (II)
O aumento das emissões de dióxido de carbono foi turbinado pela queima de combustíveis fósseis e a quantidade do gás na atmosfera aumentou 50% desde o período pré-industrial. Os demais gases também têm relação com a atividade humana. Os HFCs são usados em ar condicionado, refrigeração e isolamento de edifícios, enquanto o metano tem como fontes principais a agropecuária, os combustíveis fósseis e a decomposição de resíduos em aterros sanitários. O acúmulo do N2O se dá em razão de queimadas, transporte e tratamento de águas residuais.

Foto: Paul Alain Hunt/Unsplash

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