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Os Replicantes: o punk gaúcho vocifera

MARCUS VIDAL CABECA hojesc

Sempre que se fala de rock gaúcho, com suas diversas bandas, a que mais impressiona é a banda Os Replicantes. Seu primeiro álbum, O Futuro É Vortex foi lançado em 1986 com produção da própria banda, e em 2016 foi eleito pela revista Rolling Stone Brasil como o oitavo melhor álbum de punk rock do Brasil. E é puro punk. Rápido, pesado e debochado. Formada em Porto Alegre, no ano de 1983, por Wander Wildner nos vocais, Cláudio Heinz na guitarra, Heron Heinz no baixo e Carlos Gerbase na bateria, a banda explodiu com esse álbum, tendo uma aceitação fantástica pelas rádios alternativas.

os replicantes o futuro e vortex

O álbum começa com Boy Do Subterrâneo, com seu baixo pesado e bateria ritmada e frenética. É uma canção punk de amor, característica da banda. Wildner grita a letra com paixão e raiva.

Surfista Calhorda é o grande hit do álbum. E é sensacional. Começa com uma bateria linear, que descamba para a porrada, e guitarras velozes. Vocais debochados e sarcásticos. “É, mas quando entra na água, é, na primeira braçada, ele não vale uma naba, ele não surfa nada, ele não surfa nada.”

Hippie-Punk-Rajneesh é sensacional. Bateria punk e guitarras distorcidas dão o tom da canção. “Nunca mais eu ouço você, nunca mais eu caio do beliche, vou juntar tudo pra ser um hippie-punk-rajneesh.”

One Player é puro Sex Pistols. Bateria compassada e guitarras melódicas. Vocais escrachados. Muito legal.

A Verdadeira Corrida Espacial é espetacular. A melhor do álbum. Começa com aquela bateria ritmada e guitarras nervosas. O baixo dá o andamento da canção. “Pra onde vai o mundo, pra onde vai o mundo, onde é que ele vai, onde é que ele vai!” Termina com Wildner berrando.

O Futuro É Vortex, a faixa-título, começa com um bumbo matador e guitarras solando. O baixo é rasgado e feroz. Vocais gritados e nervosos. Mais punk impossível!

Choque é devastadora, com bateria pesada e guitarra muito crua. “Eu quero voltar, para o meu lar!”

Ele Quer Ser Punk tem guitarras rápidas e um baixo bem ritmado. Vocais berrados, sem nenhum ritmo com a canção. Mas é muito boa. Muito.

Motel Da Esquina inicia com muita guitarra solando, puro The Clash. Tem uma letra sacana e divertida.

Mulher Enrustida já começa com guitarras destruidoras e bateria forte. Apenas 52 segundo de música, bem no estilo punk escandinavo. Uma anarquia total.

Hardcore é o que o punk brasileiro produziu de melhor. Nervosa, furiosa, rápida e desbocada. Uma pérola do punk brasileiro. Espetacular. O solo de guitarra é maravilhoso.

O Banco mostra guitarras e bateria estilo hardcore. Vocais rápidos, porém encaixados na melodia. Uma crítica ao sistema bancário. Fantástica.

Censor é outra porrada punk, com guitarra descompassada, baixo veloz e vocais esganiçados. Muita guitarra e uma bateria que quebra várias vezes o andamento da canção. “Eu quero a cabeça do censor!!”

Porque Não inicia com um lamento, mas logo vira um hardcore nervoso com uma letra que critíca a MPB. Xingamentos e mais xingamentos. Engraçadissíma.

Os Replicantes lançaram mais alguns álbuns com essa formação clássica do punk nacional. Depois Wander Wildner seguiu carreira solo. Mas ficou esse registro fabuloso do punk rock. Do bom e velho rock’n’roll.

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