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GLENN STENGER CABECA hojesc

O peso de uma série B para clube de série A!

Todo torcedor tem o direito de brincar, de “zoar” o rival ou qualquer outro time que eventualmente saia de uma série A de campeonato brasileiro para uma série B. Essa é uma das “magias” que o futebol proporciona.

Mas nosso bate-papo busca sempre levar em consideração a forma séria com que as situações impactam o business.

E quem acha que uma queda de divisão é simplesmente reversível, está completamente enganado. São vários os problemas gerados e que são refletidos por muito mais tempo do que se imagina.

Vamos falar deles:

– Imediata perda de receita de transmissão. Essa é “na veia” e na hora. A queda de divisão representa mais de centena de milhões de reais a menos no caixa do ano seguinte. E não há de onde buscar esse dinheiro a não ser se endividando.

– Perda de receitas recorrentes de sócios e royalties. O interesse dos fãs e consumidores cai sobremaneira. O número de associados diminui, bem como, o ticket médio daqueles que se mantém no quadro associativo. Suas propriedades (patrocínios, propagandas, camisas, imagem) têm que ser vendidas por valores mais baratos. Com muito mais dificuldade, inclusive, para conseguir-se colocá-las no mercado.

– Perda de credibilidade junto ao mercado de atletas. Aqui falo sobre a forma de atuação dos empresários do futebol. Nenhum deles quer seus atletas, de bom nível, fora da prateleira principal. Não adianta querer contratar bons jogadores, eles simplesmente não vêm porque seus empresários barram.

– Falta de investimento em tudo que não se refira ao time principal. Pós queda, todo o resto fica em segundo plano. Tudo! Só há um objetivo que é voltar à divisão principal. O clube fica estagnado por todo o período em que permanecer em divisão inferior. Faz-se apenas o básico para que continue “rodando”.

– Aqui talvez o maior desafio. Construção de elenco sem o recurso necessário. É trágico e faz com que o problema da queda se alongue muito mais que o imaginado. Ao cair, há a necessidade de se desfazer de todo um plantel de série A.

Muito mais caro e que gera despesas inconcebíveis para a série B. Então, para manter-se na B e almejar a subida, é necessário investir-se em atletas com perfil de segunda divisão, mesmo não tendo receita que cubra 20% desses gastos durante o período em que se mantiver nela. Se tiver a competência de subir para a série A, novamente esse plantel tem que ser desfeito e pago, para que seja contratado novo plantel que tenha capacidade técnica de jogar uma série A. Essa conta, na ponta do lápis, é impagável em fluxo de caixa de poucos anos. Dura décadas.

– Por fim, e também com aspecto devastador, a diminuição de valores de suas categorias de base e atletas próprios. Indiferentemente da qualidade do atleta, o valor de venda dele é absurdamente menor se ele estiver jogando uma série B. Atletas de vitrine, de série A, que são “iguais” aos da B tem, no mínimo, o dobro do valor. Esse ativo do clube fica subvalorizado durante todo o período em que a série A não for alcançada.

Dá para mensurar valor exato por conta de um descenso? Não. Mas dá para saber que colocar a “casa em ordem”, financeiramente falando, leva anos, anos e mais anos…

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