O núcleo de pessoas pertencentes a uma Empresa Familiar – que pretende tornar-se uma Família Empresária – convive com três ativos no seu entorno: A Família propriamente dita, sobre a qual recaem as relações de parentesco (pai, mãe, filhos, genro, nora, tios, irmãos, primos etc.) e que são regradas por afinidades e laços de sangue;
O Patrimônio, que é o acervo de bens materiais e imateriais. Entre eles, móveis, imóveis, ações e outros, que podem ser de propriedade da família, de seus membros ou da empresa;
A Empresa, que trata-se de entidade organizacional cujo capital e controle são da Família e que pratica uma operação lucrativa na área industrial, comercial ou de serviços.
A escolha do caminho certo
Na rotina das convivências entre os integrantes familiares, não é incomum a percepção e a atitude confusa em relação aos três. Afinal, o Patrimônio é das pessoas físicas ou da Empresa?
É justo comprometer o Patrimônio pessoal dos sócios em favor da Empresa? E as relações de parentesco devem ser sentidas e exercidas em função das relações patrimoniais e empresariais que os membros do núcleo mantêm entre si? Como não misturar os Negócios DE Família com os Negócios DA Família? Como se percebe há momentos, quando não sempre, em que estes ativos ficam confusos e difusos entre si. O que nem sempre é evidente é que eles são, sim, muito distintos e diferentes. Por esta razão os ativos precisam ser dirigidos, conduzidos e exercidos de maneira específica, sempre com respeito às suas características.
A Família pressupõe relações movidas por vínculos afetivos, de sangue, de afinidades, de laços de parentesco que tem lá as suas características não mensuráveis por critérios quantitativos. Afinal, quanto vale o amor e afeição que nutro pelo meu irmão? E pelo meu pai? Não se mede estes afetos!
Já o Patrimônio, sim, é medido por valores quantitativos. O acervo de bens móveis, imóveis e semoventes possui um valor numérico de natureza econômica e financeira. É evidente que a lógica de sua construção, manutenção e evolução é bem diferente daquela do exercício das relações familiares.
A Empresa, por sua vez, traz consigo uma atividade que requer o exercício das ciências da gestão, contabilidade, economia, direito e marketing, entre outras. Trata-se da produção de bens e serviços de natureza especulativa e lucrativa. Ou seja, necessita de atributos de conhecimento técnico e científico.
Quando misturam-se estes três ativos na rotina familiar, a relação da família com eles, se não bem entendida, tende a levá-los para o “Triângulo das Bermudas”, também conhecido como o “Triângulo da Morte”, onde acontece o fenômeno do desaparecimento.
Percepção
O grande desafio da Família Empresária consiste em compreender que a Família, o Patrimônio e a Empresa são dotados de lógicas distintas. Saber conduzir estes ativos de acordo com as suas respectivas características pode evitar o desaparecimento dos três ativos – e consequentemente da empresa – num desastre sem volta.