A empresa inglesa ERM produziu um estudo chamado Sustainability Transformation Survey para medir esforços de sustentabilidade corporativa (ESG) em empresas globais de diversos setores. As 1.475 entrevistas com executivos indicam que o processo está aquém do esperado. No nível de direção, 56% relatam progresso nos esforços de sustentabilidade. Entre gerentes, apenas 48% concordam com a opinião dos superiores, citando uma fraca integração de metas. Somente 42% dos responsáveis por equipes de “chão de fábrica” se dizem engajados às atividades de sustentabilidade nas suas empresas.
A pesquisa da ERM, que é uma das mais conceituadas consultorias do mundo em questões ambientais, de saúde, segurança, aspectos sociais e de riscos empresariais, indica vários obstáculos observados pelos entrevistados para atingir metas ESG mais ambiciosas e capturar oportunidades comerciais. Algumas barreiras citadas foram: falta de incentivos de remuneração ligados ao desempenho em sustentabilidade (48%); altos custos ou indisponibilidade de tecnologias (43%); e aplicação regulatória fraca ou insuficiente (41%).
Segundo a pesquisa, executivos de setores como finanças, tecnologia e hospitalidade são mais reticentes em relação ao progresso de sustentabilidade de suas empresas. Do outro lado, os entrevistados que relatam maior confiança sobre o tema são de empresas de mineração, energia, serviços públicos e petróleo e gás. Os profissionais de setores industriais reclamam que a agenda ESG ainda resulta em retornos comerciais insuficientes.
Prontidão para a sustentabilidade (I)
A IBM lançou recentemente o seu State of Sustainability Readiness 2024. Relatório baseado na opinião de 2.790 líderes empresariais de nove países das Américas (incluindo o Brasil), Europa, Ásia e Oceania, indica que a resiliência climática é o principal desafio que as organizações enfrentam em relação à sustentabilidade. Somente metade dos entrevistados se considera totalmente preparado para lidar com os riscos climáticos.
Prontidão para a sustentabilidade (II)
Conduzida pela Morning Consulting, a pesquisa ressalta que medir os resultados da sustentabilidade continua sendo um dos principais desafios das empresas – 50% dos líderes afirmam que há muita insegurança com dados e indicadores de desempenho (KPIs). Para alegria da IBM – e outras big techs – 88% dos pesquisados revelam intenção de investir em soluções tecnológicas voltadas para a sustentabilidade e 90% indicaram a Inteligência Artificial (IA) como uma força positiva para atingir metas. Hoje, 56% das organizações não utilizam a tecnologia para esse propósito.
Financiamento climático
Os Fundos Climáticos Multilaterais (MCFs) anunciaram o lançamento do Climate Project Explorer (https://climateprojectexplorer.org/). Na plataforma, os usuários podem explorar 4.000 projetos realizados em todo o mundo para enfrentamento da crise do clima. É possível acessar descrições detalhadas, notas conceituais, propostas completas e relatórios de desempenho. O objetivo é melhorar o nível de informações sobre o financiamento climático. A funcionalidade é alimentada por IA e permite pesquisas com base em critérios específicos, como localização, setor, tipo de financiamento e fundo climático específico.
Crédito verde
O banco espanhol CaixaBank anunciou um plano ambicioso para fomentar investimentos verdes. Entre 2025 e 2027, o banco quer mobilizar 100 bilhões de euros em finanças sustentáveis. De 2022 a 2024, o CaixaBank movimentou 74,6 bilhões de euros em financiamento sustentável. Entre as prioridades de financiamento para o próximo período estão projetos de energia renovável, mobilidade limpa e descarbonização industrial. A instituição afirma que vai ampliar a emissão de títulos sustentáveis e de ativos alinhados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Até 2030, o banco pretende contribuir para redução de emissões de setores de alto impacto, como eletricidade (-30%), automotivo (-33%) e carvão térmico (-100%).
Reflorestamento africano
A petrolífera italiana Eni assinou um acordo com o Ministério de Água e Florestas da Costa do Marfim para proteger e restaurar 155 mil hectares de terras degradadas. As estimativas indicam que o país africano perdeu aproximadamente 90% da cobertura florestal ao longo do último século. O acordo vale por 20 anos e será executado em duas frentes. Uma é a de preservação de florestas e da biodiversidade remanescentes. O segundo componente envolve a restauração de 130 mil hectares de áreas degradadas. Uma das iniciativas é o plantio de 12 milhões de árvores de espécies nativas. Em paralelo, serão implantadas ações agroflorestais para promover a agricultura sustentável e melhorar a produtividade agrícola.
Hidrogênio verde da Petrobras
A Petrobras vai instalar sua primeira planta de hidrogênio verde na cidade de Alto do Rodrigues, no Rio Grande do Norte. O investimento no projeto-piloto para produção do novo combustível será de R$ 90 milhões e a unidade será instalada na Usina Termelétrica do Vale do Açu. O projeto, que deve iniciar a operação em 2026, tem a cooperação com o Instituto Senai de Inovação em Energias Renováveis (Senai ISI-ER) e será executado pela catarinense WEG.
Foto: Greg Rakozy/Unsplash