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Frota elétrica nacional pode avançar rápido, se superar obstáculos

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SILVIO LOHMANN CABECA hojesc

Uma pesquisa realizada pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), em parceria com o Boston Consulting Group (BCG), projeta que a venda de veículos leves eletrificados – híbridos e elétricos – pode ultrapassar a comercialização de modelos com motor à combustão até 2030 no Brasil. Mas para isso é necessário maior incentivo público para criar a infraestrutura necessária para uma transição mais acelerada.

A projeção é que os brasileiros poderiam consumir até 1,5 milhão de veículos eletrificados até o final desta década. Contudo, há fatores que vão além do lançamento de novos modelos e da evolução dos sistemas de propulsão, principalmente baterias, dos automóveis. Para além da linha de montagem, existem questões que avançam sobre a cadeia de fornecedores, infraestrutura de recarga, geração e distribuição de energia e a produção de biocombustíveis.

O estudo da associação das montadoras indica como será o comportamento das emissões de carbono da frota automotiva nacional até 2040 com o avanço da eletrificação. Num cenário de transição mais lenta e gradual, o volume de carbono dispensado no ar passará de 242 megatoneladas de CO2 por ano (2024), para 256 MtCO2. No quadro mais positivo, as emissões cairiam para 223 MtCO2 por ano.

 

Etanol e biodiesel

Segundo o estudo da Anfavea/BCG, o aumento da frota elétrica/híbrida demandará mais etanol. O consumo pode saltar dos atuais 35 bilhões de litros/ano para 50 bilhões de litros/ano, em 2040. Isso significa aumentar a área plantada com cana em 2 milhões de hectares. No mesmo período, a demanda por biodiesel pode subir de 8 bilhões de litros para 18 bilhões de litros. Neste campo, também há necessidade de expandir a área de plantio de soja e outros grãos em mais 2 milhões de hectares.

 

Energia e recarga

A pesquisa Anfavea/BCG diz que hoje o consumo atual de energia pela frota elétrica é de 189 GWh, mas deve ter uma evolução rápida nos próximos anos. Até 2030, pode alcançar 4.4 mil GWh. O consumo adicional projetado para 2040 é de 26 mil GWh. Se o cenário da eletrificação automotiva se concretizar, será necessário também instalar até 745 mil postos de recarga no País, com custo estimado de R$ 14 bilhões nos próximos 17 anos.

 

Alerta ESG (I)

Um artigo publicado pelo jornalista Bruno Starnini (Bruno S.), no Linkedin, alerta para a despreocupação de muitas companhias com a agenda ESG e com os prazos de adequação às regulamentações de relatórios de sustentabilidade. As empresas brasileiras devem cumprir exigências impostas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) até 2026. As regras nacionais seguem normativas da International Sustainability Standards Board (ISSB). “O mercado, cada vez mais, não apenas pede mas exige transparência e coerência nas práticas ESG”, sustenta a publicação.

 

Alerta ESG (II)

Bruno S. prossegue: “Enquanto 2024 se despede e 2026 se aproxima, a pergunta que fica é: como essas organizações planejam adaptar suas práticas econômicas, sociais, ambientais e de governança a um mundo que não apenas está mudando, mas que já mudou? A resposta, infelizmente, ainda é uma incógnita para muitos. Talvez estejam esperando por um milagre, ou quem sabe, uma epifania que as faça perceber que o trem do ESG não apenas partiu, mas está a mil por hora”.

 

ESG da Renault

A Renault do Brasil pretende que até 2030 todas as concessionárias da marca no País sejam reconhecidas pelas boas práticas ambientais, sociais e de governança. Para estimular esta evolução, a montadora criou o Selo ESG Renault, que é auditado pelo Instituto da Qualidade Automotiva (IQA). A primeira certificação do nível ouro foi entregue para a revenda Barigüi Parque, de Curitiba.

 

Carbono do Pará

O Governo do Pará assinou um acordo internacional que prevê a entrega de 12 milhões de toneladas em créditos de carbono até 2026. Entre os compradores estão Amazon, Bayer, BCG, Capgemini, H&M Group, Fundação Walmart, além dos governos da Noruega, Reino Unido e EUA. Para gerar os créditos, o Estado promete fazer reduções no desmatamento. O negócio foi estimado em R$ 1 bilhão e o dinheiro pode ser usado pelo governo paraense a partir de 2025. Cada crédito equivale a uma tonelada de redução de emissões de carbono e cada tonelada foi “vendida” ao preço de US$ 15,00.

 

Mundo sustentável?

Reportagem do jornal Valor Econômico registra pesquisa realizada pelo Boston Consulting Group (BCG) que demonstra como está o comportamento das pessoas em relação ao consumo sustentável. De acordo com dados levantados pela consultoria, 69% dos entrevistados dizem ter preocupação com a sustentabilidade ambiental. Contudo, só 7% escolhem produtos considerados ecológicos em suas compras.

 

Táxi aéreo elétrico

A Toyota vai disponibilizar US$ 500 milhões para o desenvolvimento e certificação de um modelo de aeronave criado pela Joby Aviation, para ser uma opção comercial de táxi aéreo elétrico. O investimento japonês confirma o interesse de grandes companhias nesta tecnologia. Em julho, a Eve Air Mobility, que é uma subsidiária da Embraer e fica na Inglaterra, apresentou um protótipo de avião elétrico (eVTOL), que pode ser comercializado em 2026. O consórcio Stellantis também está de olho neste mercado e prometeu US$ 55 milhões para a Archer Aviation. O táxi aéreo elétrico, que decola e pousa verticalmente, pode ser aplicado na conexão entre aeroportos e em viagens curtas, para evitar o tráfego pesado de ruas e rodovias.

(Foto: Chuttersnap/Unsplash)

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